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A superlotação e falhas na estrutura da embarcação foram as causas do naufrágio do Bateau Mouche, minutos antes do Réveillon, na entrada da Baía de Guanabara. O barco levava 153 passageiros para ver a queima de fogos no mar de Copacabana. Destes, 55 morreram. Segundo os sobreviventes, o Bateau Mouche deixou o Restaurante Sol e Mar por volta das 21h, mas foi interceptado 15 minutos depois por uma patrulha da Capitania dos Portos, que fez a embarcação retornar ao ponto de partida. Os passageiros não souberam explicar o motivo da interrupção da viagem. O barco ficou parado por alguns minutos no cais e zarpou novamente. Pouco antes da meia-noite o Bateau Mouche começou a adernar, derrubando pratos, copos e mesas e afundou.
Os pescadores Jorge de Souza, João Batista de Souza Abreu, Marcos Vinícius Lourenço da Silva, Francisco Carlos Alves de Moraes e Jorge Luiz Soares de Souza tornaram-se heróis ao salvar cerca de 30 pessoas. Eles tinham partido com as suas famílias de Niterói, na traineira Evelyn Maurício, com destino a Copacabana. No caminho, cruzaram com o Bateau Mouche iluminado e muito cheio. Os pescadores chegaram a ver o naufrágio. Eles jogaram bóias, cabos e cordas no mar ao mesmo tempo que puxavam os náufragos pelos braços.
Os tripulantes do iate Casablanca também socorreram os sobreviventes, mas a altura do antigo caça-minas da Marinha transformado em barco de luxo dificultou o resgate dos que caíram no mar. Mesmo assim conseguiram salvar 21 pessoas, que se afogavam. O comandante do Casablanca, Valentim Lima Ribeiro, disse que pediu ajuda a outros barcos, mas ninguém parou, só a traineira. Valentim contou que quando o Casablanca passou pelo local do acidente viu o barco completamente virado e pessoas agarradas ao casco e a pedaços de madeira.
Impunidade e morosidade da Justiça
A Justiça condenou a quatro anos de prisão em regime semi-aberto os sócios majoritários da empresa do Bateau Mouche, Faustino Puertas Vidal e Álvaro Costa. Ambos se aproveitaram de que tinham o dia livre e precisavam ir ao presídio somente para dormir, e fugiram para a Espanha. Como o país não tem acordo de extradição com o Brasil, os réus não cumpriram as penas. Restou então para as famílias das vítimas o pedido de indenização, que se arrasta desde 1994 na Justiça. Até agora só uma família conseguiu receber o dinheiro por causa dos recursos impetrados pela defesa dos acusados. Os envolvidos na tragédia tiveram os bens bloqueados.