omecemos por adotar uma definição para o que seja um Gerente de Projeto. Escolhi, entre muitas, uma que me parecer bem
aplicada ao que conheço da minha experiência como gestor, inclusive de
projetos, qual seja:
· “Gerentes de projetos são agentes de mudanças: eles próprios
estabelecem os objetivos de um projeto e usam suas habilidades
e competências para inspirar um sentimento de propósito compartilhado dentro da
equipe do projeto.”
Nos tempos
modernos, onde é comum exigir-se dos profissionais que estão na selva corporativa a especial competência da
"Gestão de Projetos", o artigo abaixo está bem colocado. A autora,
espanhola, Camino Santiago Mellado (ver link ao final do post) faz
um pequeno ensaio sobre os "poderes" que um Gerente de Projeto
(Project Manager) deve manejar no decurso de sua missão.
Ao ler
sobre esses imaginários "super-homens" que são descritos nas bibliografias sobre os gestores ou gerentes de projetos tem-se a
impressão que estamos diante de figuras saídas das páginas dos quadrinhos da Marvel, dos Contos de Grimm ou da
famosa Escola
de Hogwarts. Seres extraterrestres, tal a gama de
habilidades que devem dominar e os poderes que devem exercer enquanto
desempenham suas funções como gestores.
Sempre achei exageradas as
listas de competências que são atribuídas pelos autores e palestrantes aos
Gerentes de Projetos. Para que se tenha uma ideia, ao colocar o tema (GP)
como item de busca no Google chega-se ao número absurdo de 16.800.000, que obviamente
fala por si mesmo.
Cada lista
que aparece, em cada um dos artigos que as trazem - e normalmente são do tipo
“receita de bolo” - apresenta alguma "novidade" sobre as outras; umas listam nove
competências outras, sete e outras ainda trazem quinze ou vinte “habilidades”.
Coisas como: construção de equipes, liderança, visão holística, organização de
detalhes... Tão óbvias que chegam a ser risíveis.
Essas listas
têm o condão de mexer com a vaidade dos leitores que buscam “se auto-motivarem” nelas; na verdade em todas elas que lhes caiam nas mãos. Nada mais agradável ao ego do que encontrar “coincidências”
de habilidades com determinada lista que seja apresentada por um autor ou
palestrante, principalmente se for famoso. Esse, creio, seja um dos principais itens de sucesso dessas incontáveis listagens.
Durante meus anos dirigindo organizações e pessoas, elejo apenas duas habilidades ou competências que são suficientes
para que alguém seja um bom gestor e possa entrar no clube dos Gerentes de
Projetos de sucesso. São elas:
1.
Gostar de
gente – significa saber, com interesse e paciência, ouvir as pessoas,
desenvolver empatia instantânea, “viver” os problemas daqueles que nos cercam,
perceber as angústias de quem convive conosco, no trabalho (principalmente) ou
fora dele. Isto não é um dom. É um estágio que o ser humano desenvolve segundo seus valores,
sua educação e seus princípios desde a infância.
2.
Gostar de
(resolver) problemas – Não é comum alguém admitir que gosta de problemas no trabalho.
Direi até que é raro. Pois bem, conheço pessoas (poucas, é verdade) – e me coloco na lista – que adoram quando estão à volta com problemas. Refiro-me obviamente
àqueles que estão desempenhando, mesmo que nos níveis mais iniciais da
hierarquia, as funções de (qualquer) gestão. Não é à toa a verdade que se encerra no
antigo adágio que ensina: “as
melhores oportunidades se escondem nas dobras dos grandes problemas”.
Procurem
nos seus entornos e hão de perceber que os líderes ou chefes de maior sucesso
são aqueles que têm essas duas habilidades. Gostam de pessoas e as pessoas
gostam deles e adoram estar às voltas com problemas e no mais das vezes, os
resolvem. Detalhe, os problemas “procuram” essa gente. Mesmo aqueles lideres bem-sucedidos, com fama
de durões, podem ter certeza que estão nessa faixa. Quando vejo jovens
executivos em início de carreira expressarem que “não gostam de problemas” ou
demonstrarem que não conseguem interagir com “pessoas difíceis”, digo para mim mesmo
que não irão longe em suas carreiras. O inverso é verdadeiro.
Assim, o texto
que apresento abaixo, a título de ilustração, foi escolhido pela
simplicidade e pela listagem que oferece (apesar do estilo "receita de bolo". A autora, ao apresentá-los denota
experiência de quem conhece o assunto. Concordo com todos, mas algumas das obviedades
ainda estão presentes. Paciência...
De qualquer
sorte, mesmo que possam ser os "Heróis da Marvel" que deles se espera, os Gerentes de
Projeto, caso não tenham aquelas duas “habilidades” acima descritas, podem possuir todas as outras, mas não atingirão plenamente o sucesso que almejam.
Gerente de Projeto, uma aproximação.
Mantenha a calma, eu sou um gerente de projeto.
Capitão
do navio, maestro, o treinador da equipe, o catalisador ... estas e muitos mais
são as principais analogias que encontramos para definir o papel do Gerente de
Projeto. Há alguma verdade em todos eles, e ainda assim eles dão uma visão
incompleta de suas funções
Para tentar lançar alguma luz
sobre o papel controverso e polêmico desempenhado pelo Gerente do Projeto (GP)
dentro de uma empresa, vejamos uma série de conceitos e funções que Greg Horine colhidas no livro “Project
Management Absolute Beginner´s Guide”. Vamos a eles:
Planejador
O GP deve assegurar-se e garantir que o projeto esteja definido corretamente
e buscar que o referido plano seja cumprido ou reformulado de tal forma que o
objetivo seja alcançado dentro do prazo e enfrentando as contingências
orçamentárias.
Coordenador
O GP não se limita a especificar o planejamento,
ele também desempenha um papel vital na atribuição e programação de tarefas,
bem como definindo a agenda e marcos a curto, médio e longo prazos. Por outro
lado, deve ser ele quem determina se cada etapa foi atingida, como a carga de
trabalho é distribuída e como ela afetará o orçamento.
O homem-chave (point man).
O GP serve como um ponto de contato para todas as comunicações relativas
ao projeto, sejam estas orais ou escritas, formais ou informais. O GP deve ter
acesso e ser um participante em todos os processos comunicativos para poder
intervir, moderar, orientar ou simplesmente verificar se eles estão se
desenvolvendo normalmente.
Intendente
Assegurar-se de que o projeto
tenha disponíveis todos os recursos, materiais e instalações necessárias, no
momento em que são necessárias.
Facilitador
O GP tem que facilitar o trabalho e levar em conta as expectativas e
perspectivas tanto dos clientes quanto dos membros de sua equipe para que todos
sejam participantes do projeto em seus respectivos níveis.
Solucionador de Problemas
O GP deve ter uma grande capacidade de análise, uma visão clara dos
processos, suas fontes e o conhecimento técnico necessário para entender e
avaliar as ações que estão sendo executadas para que a capacidade de responder
às contingências que possam surgir, seja imediata.
O GP tem que assistir e proteger a
sua equipe para que qualquer interferência externa seja atenuada, que as
“condições meteorológicas” que cercam os processos – seja borrasca passageira –
não perturbem os processos em curso.
Treinador
O GP escolhe e comunica o papel e a posição que vão
desempenhar e ocupar cada um dos componentes da equipe, demonstrando a
importância que cada função tem e terá no sucesso final do projeto, encontrando
maneiras de motivar cada membro da equipe, enfatizando suas habilidades e
fazendo-as melhorar com um feedback individualizado e constante.
Buldogue
Além disso, o GP deve realizar um acompanhamento permanente e contínuo
no tempo, para que os compromissos sejam cumpridos, as questões sejam
resolvidas e os marcos sejam concluídos.
Bibliotecário
O GP é responsável pelas informações, comunicações e toda a documentação
gerada pelo projeto. Agrupá-las, classificá-las, consultá-las e guardá-las é a
sua missão.
Agente de seguros
Continuamente ele tem que trabalhar identificando riscos e oferecendo
soluções a esses eventos que podem sobrevir.
Comercial
Para ser envolvido em todos os processos em
execução, o GP não só deve saber "vender" os benefícios que o projeto
gerou, além disso, não deve perder de vista o fato de que representa em todos os
momentos a realização dos objetivos estabelecidos, a excelência da equipe de
trabalho e a solvência da empresa.
Camino S. Mellado, foto ao lado, é a autora deste artigo para o Grupo Finsi clique sobre o nome sob a foto para entrar na sua página, no blog do Finsi e conhecer outros artigos de sua lavra.