

COMPETIR NÃO É PECADO

Eugen Pfister |
Sejam muito bem-vindos ao blog da Oficina de Gerência. Aqui vão encontrar temas variados com artigos sobre Atualidades, Diversidades, Campanhas Sociais, Comportamentos, Comentários, Imagens, Vídeos, Opiniões, História, Dicas de Saúde, Dicas de Português, Artes. O blog irá completar 18 anos de existência (desde agosto/2007), alcançando 2.172.337 visitas e 4.333.800 visualizações. Navegue, também, pelo conteúdo da nossa barra lateral com links e vídeos de seções especiais e informativas.
13 DE SETEMBRO DE 2025 ||| SÁBADO ||| DIA DA CACHAÇA |||
Eugen Pfister |
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Seja Otimista sem Deixar de ser Realista (por Eugen Pfister) |
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"Questionar se um copo com 50% de água está meio cheio ou meio vazio é uma metáfora cuja conclusão atende ao propósito de quem a emprega. Porém, sugerir que um indivíduo pessimista dirá que o copo está meio vazio, enquanto o otimista dirá que ele está meio cheio, é um despropósito Vá lá, opinião, ao contrário do conhecimento, dispensa provas. Ela vale tanto quanto pesa. Erh... hummm..., quanto pesa uma opinião? Quer dizer, se eu “apagasse” metade das opiniões que armazeno no cérebro, quantos quilos ou gramas perderia? Nenhum, mas ganharia espaço para alojar conhecimentos fundamentados, ou seja, factíveis de comprovação. Mas deixa para lá... Otimismo e pessimismo são dois sentimentos úteis que funcionam melhor quando estão juntos e não em campo opostos. Sem o otimismo, por exemplo, nossos ancestrais teriam renunciado a disputar, palmo a palmo, a batalha da evolução. Habitavam um mundo hostil e viviam em condições para lá de precárias. Portanto, presumo que naqueles tempos o copo estava quase sempre meio-vazio. Contudo, sem um toque de pessimismo eles (antepassados) seriam menos cautelosos e mais temerários e cegos frente aos perigos reais. Em vez de caçadores teriam se transformado na própria caça. Aristóteles foi direto ao ponto quando afirmou que a coragem é o contraponto entre a temeridade e a covardia. O temerário é cego aos perigos reais que o cerca; o covarde vê ameaças onde elas não existem. O indivíduo corajoso une ambos os sentimentos e corre riscos calculados. Em outras palavras, entre ser pessimista ou otimista, podemos eleger ser realistas. Para este o copo está, a depender da nossa sede ou daquilo que desejamos fazer com a água, meio cheio e meio vazio. O problema é que muitos demonstram certo preconceito em relação à pessoa realista. Enxergam-na como alguém carente de imaginação, de poesia, de audácia. Enfim, um acomodado. Para Bernard Shaw as pessoas razoáveis se adaptam ao mundo, enquanto as pessoas não razoáveis querem que o mundo se adapte a elas. Uns seriam insossos, os outros criativos, empreendedores. Pois é. Mas, será que o progresso tecnológico, científico, cultural e social se deve exclusivamente às pessoas pouco razoáveis? Retoricamente, o argumento é sedutor. Não obstante, ele não reflete toda a verdade, uma vez que indivíduos sensatos e criativos também ajudam a transformar o mundo, e às vezes, a salvá-lo dos revolucionários tresloucados Quando Churchill se dirigiu aos ingleses para predizer que eles sobreviveriam ao bombardeio nazista e, no final, derrotariam o inimigo à custa de “sangue, suor e lágrimas” foi, ao mesmo tempo, pessimista e otimista, ou seja, realista. Não subestimou o poder de fogo da Alemanha e nem superestimou a capacidade de resistência dos ingleses. Tampouco se acovardou. Preferiu ser razoável e preparar a Inglaterra para uma longa e penosa guerra. Sim, estamos sendo bombardeados. Sim, os alemães avançam vitoriosamente sobre a Europa ocidental e do leste. Sim, eles possuem uma máquina de guerra disciplinada, mortífera e estão armados até os dentes. Mesmo assim, “venceremos!” Os desafios são superados com emoção e razão, determinação e cálculo, e não com bravatas. Superar os problemas é uma possibilidade, não uma fatalidade. Ser realista e, ao mesmo tempo, otimista significa ser pessimista ao planejar, ou seja, imaginar tudo que pode dar errado e antecipar como enfrentar a adversidade. A partir daí, luzes, câmera e ação: usar o conhecimento, aplicar recursos apropriados, buscar apoio grupal, e. por que não?, contar uma mãozinha amiga das circunstâncias urdidas pelo misterioso destino. Então, parafraseando Churchill: venceremos, sofreremos, comemoraremos, amaremos e seremos amados, apesar do copo estar meio cheio e meio vazio." |
| Consultor Especialista em Liderança e Desempenho Humano |
O professor Eugen Pfister é uma destas encantadoras amizades virtuais que fiz enquanto blogueiro. Fiquei encantado com um dos seus textos e enviei-lhe um e-mail solicitando permissão para publica-lo. Nessa troca de correspondências nasceu uma relação de respeito que se se transformou no que eu chamo de amizade virtual. Não nos conhecemos ainda, mas na primeira oportunidade que for a São Paulo já temos o compromisso para um belo jantar.
Para mim é uma honra, pois Pfister é um dos palestrantes, consultores e autores dos mais respeitados em sua corporação. Tem um sem numero de artigos publicados na internet afora sua produção como sócio e consultor da "Estação Performance". Vamos resumir: o homem é um craque.
Adoro o seu estilo de escrever e de tanto publicar seus escritos criei uma tag com o seu nome. Para ver o material dele que já publiquei é só clicar aqui. Neste post, trago-lhes mais um dos textos de Eugen Pfister. O tema é sobre os comportamentos opressores (eventuais ou não) das pessoas que exercem funções de mando ou comando.
Por favor, não deixem de ler; principalmente os mais jovens (que ainda não foram inteiramente contaminados pelo virus da grosseria hierárquica) e por aqueles que estão na trilha da gerencia e ainda enfrentarão muitas situações onde seus "instintos jurassicos" tenderão a prevalecer.
Eugen Pfister
.......... Os gurus da administração fazem o possível e o impossível para ocultar o lado irracional das relações entre lideres e liderados. Admitir o fato complicaria a racionalidade mecânica das suas teorias sobre liderança, negociação, motivação e congêneres, sempre pautadas em promessas do tipo “faça isso e você conseguirá aquilo”.
.......... Nas inúmeras e criativas metáforas sobre organizações que cunharam (até inventaram uma tal de organização espaguete)1, nunca lhes ocorreu a possibilidade das organizações terem seus dias de Jurassic Park.
.......... Vejamos. Segundo os paleontologos, os dinossauros desaparecerem da face da terra há 64-66 milhões de anos. Pairam controvérsias e dúvidas sobre as causas da extinção massiva, mas como ninguém até o presente momento reportou a alguma autoridade ter visto um Alossauro Polar andando pela Avenida Paulista, assume-se que os bichanos estão mortinhos da Silva.
.......... Bom, essa história de ninguém viu vale mais para cientistas e pessoas sensatas, pois há quem suspeite que eles e o Elvis ainda vivam. Por favor, contenham a vontade de rir ou zombar, pois, os crédulos têm razões que a própria razão desconhece. Tudo depende de como conceituamos o que é “viver” ou “sobreviver”.
.......... Elvis continua um ícone e seus discos vendem milhões até os dias atuais. “Ta bom! Essa é fácil” - dirão os céticos: “duro vai ser explicar a história dos dinossauros”. Espero não desapontar ninguém, mas defender a tese vai ser uma barbada.
.......... Sucede que o grande lagarto sobrevive onde menos esperamos encontrá-lo: em nós! Mais especificamente em nossos cérebros, comportamentos e sentimentos. “Imagine o cérebro humano como um sanduíche evolutivo, um córtex (centro do pensamento e da lógica) empilhado no topo de um cérebro de dinossauros (...) com uma camada a que chamamos de sistema limbico no meio”2. Essa camada surgiu a partir da emergência dos mamíferos mais antigos com a função de contribuir para a sobrevivência da espécie.
.......... Sim, senhores, somos dinossauros de terno e gravata, diplomados, com CPF, RG, cartão de crédito e outras quinquilharias que acreditamos provar nosso progresso. Mas o Dino está lá na moita. Na dúvida, tente ultrapassar um motorista que trafega na pista da esquerda a 40 km por hora, diga para o seu chefe que ele é incompetente, questione a moral do seu subordinado, sonegue-lhe os direitos ou méritos e você viverá fortes emoções.
.......... A questão é que fomos socializados a duras penas e, apesar dos séculos de esforço civilizatório, alguns preferem ir direto ao ponto sobre “quem manda neste pedaço”. Eu, por exemplo, sou assim quando o assunto é o controle da TV.
.......... A lei da selva está claramente presente na conduta dos chefes autoritários, dos subordinados rebeldes, dos manda chuvas da vida e dos flanelinhas. A técnica é intimidar o interlocutor física, psicológica ou moralmente e assim impor a própria vontade, interesses, caprichos.
.......... Normalmente, quando os intimidados decidem brincar de Jurassic Park : (a) contra atacam o oponente com igual ou superior violência; (b) enfiam o rabo embaixo da perna e fogem da raia; ou (c) ficam inermes, paralisados, sem saber o que fazer diante da truculencia de que são vitimas. Atacar, fugir ou ficar imóvel é o modus operandi clássico dos dinos de antanho e de hoje.
.......... O problema é que as estratégias ofensivas, defensivas ou escapistas não contribuem para atingir as metas ou satisfazer os interesses pessoais, grupais, organizacionais. Ao contrário, No lugar de resolver problemas e conflitos, elas jogam gasolina na fogueira.
.......... Evolução não significa, necessariamente, superar estágios primitivos prévios. Acreditamos na hereditariedade, na transmissão genética das características biológicas. Acreditamos no inconsciente coletivo descrito por Carl Gustav Jung como uma espécie de memória atávica da humanidade. Só não enxergamos que diferentes estágios evolutivos sobrevivem e se manifestam até hoje.
.......... Os jogos de poder numa organização são, na essência, primitivos, ainda que os jogadores se esforcem para parecerem nobres, civilizados, altruístas.
.......... Os jogos mais populares são:
.......... Portanto, fique atento e esperto. Tempere com doses cavalares de realismo a visão cor de rosa dos gurus organizacionais. Um dos deveres de um gerente é reconhecer e lidar com a realidade; depois, pode transformá-la. Procure inspiração no poeta e dramaturgo Terêncio (82 a.C. – 35 a.C) que disse “nada do que é humano me é estranho”.
.......... Antes de tentar domar os outros, dome a si mesmo, gerenciando os próprios impulsos jurássicos. Aliás, prometo aos amigos e conhecidos que me esforçarei para seguir o próprio conselho.