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á muitos anos recebi de um amigo dileto, bem mais
velho que eu, esse texto maravilhoso. Lembro-me que fiquei tão fascinado que a
todo o momento, em minhas preleções e reuniões, referia-me a ele para citar
exemplos de comportamento e de atitudes. Acho que exagerei tanto que alguns
companheiros passaram a me apelidar de "O Guardião do Castelo".
Quando comecei o meu projeto de blog (2007) foi quase automático que um dos primeiros textos que postei foi o próprio. Isso aconteceu em novembro de 2007.
Em 2011, navegando pelos meus antigos posts (coisa que faço frequentemente e com enorme prazer) deparei-me novamente com o Guardião do Castelo. Não tive dúvidas...
Agora (2020), mais experiente, tive oportunidade de melhorar o texto dando-lhe um toque mais descritivo e ilustrando com imagens lindas e apropriadas. Gostei muito do resultado.
A mensagem é simples e direta. Com muitas variações de interpretações. O texto está fartamente exposto em vários links da internet (Google), mas com uma apresentação única, copiada ipsis literis uns dos outros, pobre e sem a imaginação da cena e dos movimentos que procurei colocar aqui.
Para quem já conhece a metáfora, por favor, não perca a oportunidade e releia-a; e quem ainda não a leu - principalmente as gerações mais jovens - posso apostar que irá gostar tanto quanto eu imagino.
Vai dar muito que pensar em quantas vezes você deixou de assumir a atitude o que o discípulo tomou para resolver o enigma colocado e assumir a função que estava em disputa. Você teria a iniciativa que ele teve?


Num castelo longínquo e isolado nas montanhas que abrigava um mosteiro a manhã foi interrompida com a notícia da morte do seu Guardião.
Tão repentina quanto inesperada a morte daquele monge guerreiro pegou o mosteiro de surpresa. Era urgente que um substituo fosse rapidamente encontrado.
O Mestre do Castelo , muito apreensivo, fez tocar o sino sagrado e convocou,
então, todos os seus discípulos ao salão principal do castelo para escolher
quem seria o novo guardião. Com a tranquilidade inerente aos velhos mestres
reuniu o Conselho de Anciãos e sentenciou:
- Assumirá o posto aquele que resolver mais rapidamente o problema que irei lhes apresentar.
Era uma honra suprema ser o Guardião do Castelo. Ele seria o segundo homem na hierarquia da comunidade. A segurança do castelo e do mosteiro dependiam diretamente do Guardião. Teria de ser alguém dotado das melhores qualidades. Decisão, coragem e destreza eram essenciais.
O mestre pensou, enquanto fazia os preparativos, que os discípulos não estavam preparados ainda. Como então descobrir entre eles o escolhido?
Mandou então colocar uma magnífica mesa no centro do enorme salão em que iriam reunir-se, forrou com a toalha de linho mais branca e sobre ela pousou delicadamente um enorme e lindo vaso da mais fina porcelana, muito raro, com enormes rosas amarelas de extraordinária beleza a enfeitá-lo.
Esperou todos os discípulos chegarem e após um prolongado silencio disse, apontando para a mesa, o vaso e as flores:
- Aqui está o problema.
Enquanto todos, como que pegos de surpresa, ficaram olhando a cena sem compreender direito o que estavam vendo o mestre pensou:
-Será que vou encontrar o Guardião em meio a esses discípulos tão jovens?
Ali estava o vaso belíssimo, de valor inestimável, com as maravilhosas flores ao centro. Solitário sobre a mesa. Tão inofensivo quanto belo. Como poderia ser um problema? Pareciam pensar todos. O que representaria?! O que fazer?! Qual o enigma que o mestre estava lhes propondo?! O que fazer?!
No instante seguinte com a velocidade de um felino e a determinação de um guerreiro um dos discípulos sacou a espada, olhou o Mestre, encarou os companheiros, dirigiu-se a passos firmes para o centro da sala. Parou diante da mesa e a lâmina brilhou no espaço faiscante. Um relâmpago em direção ao vaso.
Destruiu tudo, o vaso maravilhoso e as lindas rosas amarelas. Com um só golpe certeiro e preciso transformou o cenário em pedaços de porcelana e pétalas das rosas no piso do salão.
Embainhou calmamente a espada em seguida. Com a mesma determinação
o discípulo, em silencio, voltou ao seu lugar sob os olhares perplexos de
seus companheiros.

O Mestre dirigiu-se ao centro do salão com um brilho de satisfação nos olhos e disse orgulhoso dirigindo-se ao discípulo.
- “Você será o novo Guardião do
Castelo.”

- "Não importa qual a estrutura ou a circunstância do problema que lhe seja apresentado para você seguir em frente, mesmo que seja algo de alto valor material ou sentimental, se for um obstáculo e se desejar o objetivo, precisa ser resolvido e eliminado. Um problema, seja de que tipo for, será sempre um problema. Precisa ser enfrentado.
A mensagem é que você "limpe" a sua vida; comece pelos espaços físicos à sua volta (caixas, gavetas, armários, documentos, fotos...). Continue ceifando os problemas até chegar às pessoas do passado que não fazem mais sentido estar ocupando espaço em seu coração neste momento.

