
Você é maior ou menor do que sua função?
(Autor do Texto - Herbert Drummond da Oficina de Gerência )
empre tive uma permanente
preocupação com as sensações de conforto ou desconforto em relação às funções
que ocupei ao longo da carreira. Na maioria das vezes me senti à altura delas e
em outras, notadamente no início de minha carreira como executivo, a sensação
de desconforto foi a de não estar preparado para enfrentar determinadas
situações. Nestes casos claramente faltou-me o lastro - principalmente pelo
aspecto subjetivo - para resolver e decidir acima da experiência pessoal
vivenciada e do preparo profissional.
No primeiro caso (quem
está à altura da função) você está convictamente apto para o exercício do cargo
e o maior desafio é alcançar a autorrealização. Até onde você é capaz de ir?
Que tipo de projeto criativo você é capaz de desenvolver? Até que ponto pode
levar seu time ao sucesso ou insucesso com base na sua liderança?
Quando vivenciamos uma
situação dessas, nem sempre estamos conscientes da realidade que nos
cerca. O grau de subjetividade nessa avaliação é muito acentuado. Ocorre menos
nas empresas privadas (bem menos) e mais na Administração Pública onde as
indicações políticas proliferam e – por comum – não há preocupação em se
guardar uma relação entre as competências do cargo e os currículos dos
candidatos.
|

Imagine que você, foi
designado para uma função importante e a rigor, só conhece a sua futura
atividade “por ouvir dizer”, mas aceitou porque ninguém deixa o “cavalo passar
selado”. Não é essa é a regra?
Você chega, toma posse dos seus novos “brinquedos” – mesa, computador, telefone, secretária, assessores... – e (infelizmente) vai ter que enfrentar a realidade imediatamente. Ali, do outro lado da porta, estão lhe esperando para a primeira reunião de trabalho. Vai ficar visível, por mais que tente ocultar, que você não está à altura da função e na reunião - infelizmente - estão seus novos subordinados. Vão lhe testar de todas as maneiras; desde as famosas "cascas de banana" ostensivas até a forma mais sutil possível. Minas explosivas prontas para você pisar nelas. Na verdade não será uma reunião comum, será um julgamento, um teste, um vestibular. Você será o alvo. Uma "via crucis". Sua jornada, a partir dali, será uma sequência de etapas de constrangimentos que não o deixarão em paz até que consiga "chegar no ponto" ou então pedir o boné e ir embora.
Não vou discorrer sobre as possibilidades do que, certamente, ocorrerá numa reunião dessas. Vou, entretanto, dentro da proposta do blog, procurar especular e passar algumas dicas a quem estiver interessado ou (Deus o livre) enfrentar situação parecida.
As Dicas:
1. Distribua, antes da reunião, uma pauta com os tópicos (poucos) da reunião e faça correr uma lista de presença.arque hora para terminar a reunião e... Termine! Determine alguém para secretariar e faça uma boa ajuda memória com algum tipo de programação com tarefas e com prazos, que você possa cobrar e depois, muita atenção, não procure ninguém, ninguém mesmo para saber o que “acharam de você e da reunião”. A verdade jamais lhe será dita.
2. Coloque nominatas na mesa identificando as pessoas e suas funções no organograma. Busque organizar os lugares de acordo com a hierarquia do setor que você vai dirigir. Coloque-se na cabeceira e à sua direita o subordinado de maior posição, na esquerda o seu staff pessoal e assim por diante. As pessoas gostam de se ver com lugares certos nas mesas de reunião.
3. Faça com que todos
na mesa se apresentem no inicio da reunião e se durante, você tenha
que se dirigir a alguém e não tenha guardado o nome, não se acanhe de
perguntar. Isso mostrará que tem humildade e está interessado em conhecer as
pessoas.
4. Fale muito pouco e
escute tudo com a mais pachorrenta paciência. Um dos erros mais comuns do chefe
novato (menor que a função, lembre-se) é querer mostrar que está – ao contrário
do que todos sabem – à altura do cargo.
5. Resista à tentação
de apresentar na mesa o seu “currículo” e despejar toda a sua “experiência
anterior”. Na verdade, os seus novos subordinados já sabem tudo que precisam
saber sobre você. O mais aconselhável é surpreender. Como? Ouvindo muito e não
assumindo posições ou tomando decisões que serão - por natureza - frágeis e
precipitadas. Lembre-se, o setor que passará a comandar estava operando sem
você desde a saída do antigo “inquilino”.
6. Use o bom senso
para tranquilizar a turma quanto às mudanças que todos estão esperando e jamais
lance mão do estilo “coronel” para se comprometer seja com o que for. Não
mostre "valentia". É o que todos estão esperando, mas não caia nessa
armadilha. Simplesmente não se pronuncie com profundidade sobre nada e se
alguns daqueles líderes informais da estrutura se atreverem a perguntar algo
nesse nível, saia pela tangente e deixe toda expectativa no ar. Use o mistério
a seu favor
7. Oportunize para que apareçam as lideranças formais e informais do seu novo grupo. Principalmente as informais (estes líderes vão procurar testá-lo permanentemente e serão seus futuros aliados ou adversários). Você terá que ter habilidades e lançar mão de alguns "truques" para fazê-los surgir “espontaneamente”.
8. Erro comum que os “chefes menores que a função” cometem nessas ocasiões são as demonstrações do tipo "sou mais eu", e com ostensiva postura de autoridade e "autonomia" em relação aos seus próprios superiores na hierarquia. Muito comum é a pontuação das frases com batidas na mesa seja com as mãos e ou com a caneta. Não faça isso porque as pessoas inteligentes do seu novo grupo vão perceber claramente que você está cometendo uma bravata e será ridicularizado nos corredores.
9. Lembre-se daquele
antigo ensinamento sobre as reuniões que, inevitavelmente, sempre abrigam as
"pessoas que ficam fazendo estrelinhas no papel e os que fazem o papel de
estrelas". Para estes tenha paciência, mas não deixem que monopolizem a
palavra.
10. Dê oportunidade a
todos que estejam na mesa de se expressarem. Quem pedir a palavra e ainda não
haja falado deverá ter oportunidade sobre que tenha pedido para falar no mesmo
tempo. Seja atento e democrático ao conduzir a sua primeira reunião com seu
novo time. Ela irá balizar por muito tempo a primeira boa ou má impressão que
sua equipe terá de você.
Exemplos dos tipos de
liderança "maiores ou menores que a função" não faltam. É só
procurar. Na sua própria empresa, certamente deve ter algum gerente, até mesmo
um diretor que claramente não consegue se acertar porque não cabe na função.
Pode procurar que vai achar... E isso ocorre em gênero, número e grau e em
todas as atividades humanas.
Por exemplo, um técnico de
futebol de grande clube ou seleção (temos muitos...) que não consegue se impor
ao grupo calejado dos atletas que ele mesmo selecionou ou um marido que não
consegue de ajustar à vida de casado. Ambos os casos vão demonstrar que nenhum
dos dois - o técnico e o marido - não estavam à altura da função que lhes foi
colocada à frente. Cases é que não faltam.
