
.......... "Você diria que tem consciência de ser uma profissional ambiciosa e que planeja cada degrau de sua carreira? Não tenha medo de responder. Ambição, palavra que vem do latim, expressa, segundo o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, o desejo veemente de alcançar aquilo que valoriza os bens materiais ou o amor-próprio; desejo de alcançar um objetivo. Embora muitas pessoas hesitem em usar o vocábulo por considerá-lo pejorativo, ter ambição é fundamental para fazer os sonhos se tornarem realidade. E, acredite, é também uma palavra positiva.
.......... Na avaliação da professora Ana Ikeda, coordenadora do MBA de Marketing da FEA/USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo), não restam dúvidas de que a mulher tem, sim, ambição profissional. O fato de ela ter de lutar para conquistar seu espaço e ganhar respeitabilidade num mercado de trabalho, que historicamente sempre foi masculino, atesta isso. "Dez anos atrás, a figura masculina era predominante no mundo corporativo, hoje a proporção está quase meio a meio, com tendências de crescimento para o lado feminino", diz ela.
.......... A afirmação da acadêmica da USP sobre a existência da ambição feminina encontra eco junto a Adriana Tieppo, recém-nomeada diretora de recursos humanos da Boehringer Ingelheim, para quem "a mulher é ambiciosa". Como esse é um assunto que passa longe de encontrar consenso, profissionais do mercado divergem sobre as eventuais divergências entre ambição feminina e masculina. "Para mim, não há diferenças. A ambição profissional não é uma questão de sexo, mas depende de cada um. Acredito que tudo é conseqüência do empenho empregado ao longo de uma carreira", afirma de forma enfática Adriana Tieppo.
"Se a mulher for suficientemente ambiciosa e, ao mesmo tempo, determinada e talentosa, não há praticamente nada que não possa realizar" Helen Sawrenson (Escritora Americana, 1904-1982)

.......... As duas executivas, no entanto, concordam que o processo que vivemos atualmente está em mutação. Segundo Adriana, esse período atual é de aprendizado. Sinaliza uma transição na sociedade marcada por um conflito saudável. "Assim como a mulher foi forçada a adquirir determinadas características masculinas no ambiente empresarial, como a racionalidade, os homens também têm aprendido a exercitar a emoção." O ideal, acredita Maria Cecília, é sempre manter um equilíbrio na administração, com homens e mulheres.
- flexibilidade
- sensibilidade;
- tato na negociação.
Pagar um alto preço
......... Quando está inserida no mundo corporativo, ambicionar ora um cargo melhor ora respeitabilidade e reconhecimento, muitas vezes, leva a mulher a transformar sua postura e até "restringir" a feminilidade. "Depois que a mulher entra no cenário empresarial, parece ser contagiada pelos mesmos 'bichinhos dos homens'", afirma o gerente de RH do Hospital São Luiz. Para a professora Ana Ikeda, da USP, a explicação é simples: ainda existe preconceito e, às vezes, a mulher precisa agir até de forma mais agressiva para se impor e conseguir administrar melhor seu extenso leque de tarefas, de profissional, mãe e dona de casa. "A mulher precisa saber acomodar a vida pessoal com a de trabalho e aprender a nunca abordar os problemas pessoais no ambiente corporativo para não ser mal interpretada", explica Ana. Para Maria Cecília Antunes de Souza, na maioria das vezes, não resta mesmo outra saída se não a de agir firmemente, reservando o lado feminino apenas para a vida pessoal. "É necessário um certo grau de imposição, mesmo", acredita.
.......... Para a diretora da Boehringer Ingelheim, porém, a imagem de uma executiva agressiva e austera apenas para se impor perante a equipe não combina com a mulher. "O lado feminino é importante. É bem-vinda uma postura séria, por exemplo, para vestir-se. Adotar um estilo que imite o masculino, porém, não é bom", afirma Adriana. Conclusão: viva a diferença!
- "...Logo percebi que, embora o grupo articulado e educado de mulheres que entrevistei pudesse discorrer de forma calma e convincente sobre tópicos que iam de dinheiro a sexo, quando o assunto era ambição, o nível de intensidade dava um salto quântico. Elas abominavam aquela palavra. Para elas,'ambição' implicava vaidade, egoísmo, autopromoção ou a defesa de interesses próprios. Nenhuma delas admitia ser ambiciosa. O refrão constante era do gênero: 'Não sou eu, é o trabalho'. 'Faço isso para ajudar crianças'. 'Odeio me promover, preferia estar sozinha no meu estúdio'."
- "...Seria fácil considerar tais comentários como mero jogo de cena, não fosse por dois fatos. Primeiro, homens não falam dessa forma (os que entrevistei consideravam a ambição uma parte desejável de suas vidas). Segundo, essas declarações não foram casuais. Era patente que aquelas mulheres, todas bem-sucedidas, tinham medo. Mas medo de quê?"
- "...Não há evidência de que o desejo de adquirir habilidades e receber afirmação por realizações seja menos presente na mulher do que no homem. Por que, então, encontramos entre os sexos diferenças tão drásticas quanto ao modo como cada um cria, e realiza (ou abandona), suas metas?"
- "...Hoje, elas têm mais oportunidades de buscar suas metas. Mas isso só é socialmente tolerado se tiverem primeiro satisfeito as necessidades da família."
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Muito bom, bom mesmo o post. Ambição e equilíbrio, eis a receita, né?
ResponderExcluirBeijos doces em vc.
Olá New,
ResponderExcluirQue bom vê-la comentando no galpão da Oficina. Ele fica mais iluminado quando a vejo navegando aqui.
Também gostei muito do artigo. Não existem - apesar da forte presença da mulher - muitos artigos dirigidos às suas presenças no mundo empresarial. É por isto que promovo muito a revista "Vida Executiva" de onde retirei o texto.
Adoro visitar o Estúrdio Blog's New (que está sempre em grau de excelência) e ver aquela linda joaninha (que aliás já "raptei" para minha coleção de imagens) e as borboletas. Seu blog é um luxo!
Grato pela sua visita e pelo comentários.