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segunda-feira, 16 de junho de 2008

Seleção do Brasil é resultado de "truque gerencial"

(Foto de primeira página da Folha de São Paulo de hoje)
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Não gosto de comentar sobre a parte técnica do futebol e não o farei. Já tem gente demais - e mais competente - para exercer o ofício. Contudo não resisto a uma análise, digamos, comportamental, das razões que levaram a seleção de futebol do Brasil a perder duas vezes seguidas por dois a zero e contra adversários – Venezuela e Paraguai - que até pouco tempo eram "fregueses", como se diz na gíria do esporte. Isto sem falar nas apresentações mais que bisonhas que o time brasileiro vinha fazendo já prenunciando o desastre.
Vamos criar uma metáfora?
Imagine um gigante corporativo como a Coca-Cola, por exemplo, perdendo, por muitos milhões de euros ou dólares, sua liderança mundial em vendas para a Pepsi-Cola, durante dois meses seguidos
Hein? Ouviu alguma explosão atômica ai na sua imaginação?
Pois senão ouviu, deveria. Porque seria exatamente o resultado (se verdade fosse) deste "absurdo" empresarial. Pois é o que está acontecendo com a seleção brasileira. Vamos continuar o exemplo?
Uma equipe de auditoria vai à Coca-Cola investigar o que está havendo e descobre que o vice-presidente de marketing e vendas é um estagiário (???).
Que coincidência, a seleção brasileira também tem um estagiário como seu comandante técnico.
Pobre Dunga! Está pagando o pato por ter se deixado usar como factóide pelo seu chefe, o presidente da CBF. Não foi isso que aconteceu depois da Copa do Mundo? É só ler os jornais da época. Ricardo Teixeira "
convidou" o ídolo e campeão do mundo da copa de 1994 nos EUA e vice campeão em 1998, na França.
Capitão e líder do grupo em ambas as copas, Dunga "se deu ao desfrute", como diria minha falecida avó em sua linguagem de nordestina. Tirou o presidente (agora seu patrão) das manchetes negativas, à época, pela perda vergonhosa da copa da Alemanha.
Este, por sua vez - e espertamente - encorajou e deu cobertura para sua "criatura" assumir o papel de "xerifão". Dunga cumpriu o script direitinho. Na sua primeira convocação desprezou as “estrelas” do grupo de Carlos Alberto Parreira (responsabilizando-os, veladamente, pela perda do sonhado hexa-campeonato). Os outros dois craques daquele grupo - Kaká e Ronaldinho – foram acintosamente colocados no banco de reservas. Claramente como "castigo" (na verdade uma demonstração arrogante de tentar humilhar e desmoralizar os atletas) pela falta de raça nos jogos da copa, principalmente na derrota para a França de Zidane.
A isto tudo o Dunga se prestou a fazer - com visível e sádico prazer - claramente teleguiado pelo seu novo patrão. Foi o preço que aceitou "pagar" para chegar onde nunca imaginou, nem nos seus sonhos mais fantasiosos: técnico da seleção brasileira de futebol. Na verdade um perfeito factóide plantado, no universo do futebol, pelo espertíssimo Ricardo Teixeira.
Um "truque gerencial" dos mais antigos e surrados no mundo corporativo. O "truque" é simples: quando um gerente for colhido em plena crise deve criar - no seu ambiente - um fato novo de apelo indiscutível. Ricardo Teixeira - ele próprio um factóide - aprendeu com seu criador (e ex-sogro, João Havelange) que fez a mesma coisa quando convidou o jornalista João Saldanha para técnico da seleção que iria disputar as eliminatórias da copa de 1970. Agora, o Dunga está percebendo que para comandar não basta sentar-se à mesa do chefe.
A resultante desse conjunto de maquiavelismos de terceira categoria e de tantas deslealdades é este que está ai. Dunga é um amador querendo dirigir e pior, liderar profissionais acostumados a trabalhar com os maiores técnicos do mundo. Um "gorila”
(sem conotação pejorativa) solto e assustado numa loja de cristais e porcelanas. Nada mais ilustrativo do que a imagem do "técnico" Dunga - mostrada com insistência malévola na TV - à beira do gramado roendo as unhas e com aquela expressão de "Meu Deus! O que é que eu faço agora?"
Por isso eu estou convicto que a seleção brasileira no seu status atual mais se assemelha ao "case" de uma corporação de especialistas de alto nível - no governo ou na iniciativa privada - dirigida por um amador que nunca gerenciou nem um carrinho de pipoca (que me perdoem os pipoqueiros profissionais...). Ou seja, não tem como dar certo.
Não existem milagres na liderança. Não existe varinha mágica na gerência. Ou tem competência e conquista a liderança da corporação ou vai ser um enganador, um embromador. Pode até ganhar da Argentina na próxima quarta feira, mas não vai resolver o problema central que é a falta de liderança e a incompetência de alguém que - simplesmente - não tem expertise para estar onde está. Não conhece a função que ocupa. É menor do que ela.
A culpa não é do Dunga, repito que ele é um mero factóide. O responsável é o presidente da CBF. Que não se engane o torcedor brasileiro. Uma vitória sobre a Argentina vai apenas lançar a famosa "cortina de fumaça" sobre a realidade: Dunga não pode ser o técnico da seleção.
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3 comentários:

  1. Herbert querido! Que brilhante posicionamento... Realmente este seu artigo de futebol totalmente voltado para uma análise gerencial e empresarial foi perfeita. Nem tenho mais o que emendar. Você disse tudo! Pura falta de competencia para gerir. É por isto que algumas empresas ao darem cargos gerenciais a excelentes vendedores quebram. Mas ele era tão bom vendedor! E por que o tirou de sua função? Perdeu o melhor vendedor e ganhou um péssimo gerente. É isto mesmo o que acontece... Beijos e boa semana para você!

    Ahh... Adorei o template branco. Ficou muito bom! :)

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  2. Está em 100% da forma, eu caro! É essa sua capacidade de cronista brilhante que eu mais admiro. Pode colocar esse texto como um dos melhores da Oficina.

    Grande abraço!

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  3. Gente,
    Vou ficar encabulado...
    Brigaduuu!
    Elogios de madrinha e brother tem uma tonelada de suspeição, mas eu aceito com prazer e orgulho, por vir de vocês.
    Muito obrigado, mesmo.

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