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segunda-feira, 5 de maio de 2008

Comentário do Ricardo Noblat

[Parte 1] - Lá vou eu colocar no blog uma questão que pode ser entendida como sendo política, mas não é. Pelo menos não inteiramente. O texto que está abaixo é um comentário do jornalista Ricardo Noblat (que dispensa apresentação) postado hoje às oito horas. O artigo do Noblat é político, todavia a abordagem que quero fazer aqui, não é. Por favor, leiam o artigo e ao final, completo minha opinião.
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Comentário de Ricardo Noblat


Alckmin, o ranheta!"

Aplicada há pouco mais de 10 dias, saiu do forno o resultado da mais recente pesquisa do Instituto Data Kirsten sobre a eleição para prefeito de São Paulo.
Marta Suplicy (PT) tem 26% das intenções de voto. Geraldo Alckmin (PSDB), 24%, E Gilberto Kassab (DEM), 18%. Em comparação com pesquisa anterior, Marta e Kassab subiram. Alckmin caiu.
Por ora, só há más notícias para Alckmin, que teima em ser candidato a prefeito contrariando a ordem natural das coisas e os caciques do seu partido.
Circula, por exemplo, um documento de apoio à reeleição de Kassab e às candidaturas em 2010 de José Serra a presidente e de Alckmin a governador.
São 1.100 os delegados do PSDB à convenção que decidirá se o partido deve disputar a prefeitura com candidato próprio. Quase metade deles já assinou o documento. Alckmin é o único nome forte do PSDB à sucessão de Serra.
O que ele diz a respeito? Para o público interno, que não pode ficar mais dois anos sem mandato e que não confia no apoio de Serra em 2010.
Recita para o público externo: “O PSDB, pela força do partido, é evidente que quer liderar a cabeça de chapa na eleição para prefeito de São Paulo”.
Não lhe incomoda romper a aliança do PSDB com o DEM? Nem um pouco. Considera que o DEM está obrigado a seguir a reboque do PSDB – agora e mais tarde na eleição presidencial.
Dos 21 deputados estaduais do PSDB, pelo menos 15 apóiam Kassab. Dos 12 vereadores, 11. São filiados ao PSDB 19 dos 31 subprefeitos de São Paulo. É natural que apóiem Kassab.
Há 22 secretários municipais, 14 deles do PSDB. Os 14 também apóiam Kassab.
Sem subtrair os méritos do prefeito, não se pode dizer a rigor que ele governa São Paulo. Quem governa é Serra, que se elegeu prefeito em 2004 e renunciou ao mandato para suceder Alckmin no governo do Estado. Foi quando Kassab, o vice, ocupou a vaga de Serra e limitou-se e dar continuidade à sua administração.
O que diz Alckmin a respeito? Nada de convincente. Alega que o PSDB é um partido importante demais para abrir mão de ter candidato próprio a prefeito da maior cidade do país.
Ora, no Rio, a segunda maior cidade, o PSDB apóia Fernando Gabeira (PV). Em Belo Horizonte, a terceira, apoiará o candidato do PSB – se possível junto com o PT. E no Recife, o candidato do PMDB. A eleição deste ano é o ato inaugural da eleição de 2010. Testará futuras alianças.
O PMDB de Orestes Quércia anunciou seu apoio a Kassab por obra e graça de Serra. Caso o PMDB e o PSDB se unam em São Paulo daqui a dois anos, Quércia apoiará Serra para presidente. E por ele será apoiado para senador.
Serra está por trás do apoio a ser anunciado em breve do PR à candidatura Kassab. PMDB, DEM, PR e PV garantem a Kassab 10 minutos de propaganda no rádio e na televisão a partir de meados de agosto. Marta conta com os três minutos do PT e corre atrás dos minutos do PTB. E Alckmin?
Se por cima de pau e de pedra ele arrancar do PSDB a indicação para candidato, prepare-se para enfrentar a mais ingrata campanha de sua vida.
No primeiro momento, os cardeais do partido posarão sorridentes para fotos ao lado de dele. Depois manterão distância. A não ser que Alckmin dispare nas pesquisas.
A legislação eleitoral impedirá Serra de subir no palanque de Kassab como ele pretende. Mas a ninguém Serra antecipa se subirá no palanque de Alckmin. É improvável.
O discurso de campanha de Alckmin será um desafio para o mais experiente dos marqueteiros. Ele poderá criticar Kassab? Não. Porque o PSDB é quem de fato governa a capital.
Por óbvio, não poderá fazer reparos ao governo Serra. Opor-se ao governo bem avaliado de Lula? Esqueça. A eleição é local. Restará então a Alckmin falar sobre o futuro.
De resto, como se comportarão os tradicionais financiadores de campanhas diante de um candidato rejeitado pelo governador e adversário do presidente da República?" (para ler o artigo do Noblat no contexto do seu blog clique
aqui)
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[Parte II] - O que está acontecendo com o ex-governador Geraldo Alckmin? Respondo: uma síndrome muito conhecida por quem não consegue conter suas ambições mais recônditas e não pensa coletivamente, mas tão somente em si próprio e nos seus projetos pessoais. É a "Síndrome da Insensatez, na Busca do Poder e da Projeção Pessoal". Os sintomas são: tudo está contra; a maioria da sua corporação não é a favor; o momento do projeto não é oportuno, mas o "dono síndrome" insiste na marcha da insensatez.
É exatamente o que faz o ex-governador de São Paulo nesse episódio da escolha do candidato à prefeitura da maior cidade da América Latina. Já fez antes, quando forçou sua candidatura a presidente da República nas últimas eleições e repete a dose agora, nas eleições para a prefeitura de São Paulo.
Na vida corporativa, foco do blog, são numerosos os casos semelhantes a esse. Veja-se agora mesmo, nas eleições primárias para escolha do cadidato à presidencia dos EUA pelo Partido Democrata. O que é essa disputa louca pela indicação do partido senão uma "marcha da insensatez" com todos os sintomas da "síndrome"?
Quem, com alguma quilometragem no currículo, não presenciou aquele presidente ou diretor de empresa, ou ainda um ministro de Estado ou Governador "forçando a barra" para introduzir um produto novo na organização só porque ele, isoladamente, acha que é do interesse coletivo? Ou então uma diretoria inteira optar por um novo modelo de gestão na sua instituição quando todos os funcionários, chefias, gerencias etc, estão contra? Alguém ai lembra da "Paulipetro" do ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf? É aqui que traço as paralelas entre a realidade da notícia comentada por Noblat e a realidade das corporações.
É mais recorrente do que se pensa que líderes (eu chamaria de pseudos-líderes) de todos os matizes se julguem tão poderosos ou - o que é mais comum - estejam tão encantados com o próprio sucesso que comecem a, literalmente, "inventar" fórmulas mágicas de gestão, de produtos "absolutamente novos e avançados" para disputar o mercado ou que, entontecidos pela própria "inteligência" dispensem todo tipo de assessoramento e tomem as mais estapafúrdias decisões corporativas de forma isolada e autosuficiente. Tudo isso acontece a todo momento e a toda hora nas empresas públicas e privadas, ministérios, governos estaduais e todo o elenco de pessoas jurídicas que possa caber aqui.
Fazem exatamente o que o ex-governador de São Paulo está fazendo agora. Pressão total e a todo custo para atingir seus objetivos contra tudo e todos. Ao final, todos sabem o que vai acontecer.
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P.S. - Antes de quaisquer ilações aviso aos navegantes que não faço militância política, não sou eleitor em São Paulo e não participo de campanha para nenhum político.
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