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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Demitir é o mais fácil... E depois?

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Demitir é o mais fácil.

H
á muito tempo li em um livro despretensioso, um velho bordão que fez enorme sucesso no inicio dos anos noventa. Dizia ele: "Jamais corte o que pode ser desatado". O livro, na verdade uma brochura, ficou 158 semanas entre os mais vendidos na lista do New York Times. O seu titulo em português era "Pequeno Manual de Instruções para a Vida" publicado pela Ediouro e cujo autor, H. Jackson Brown Jr., especializou-se em escrever esse tipo de literatura. Vou repetir a frase que, aliás, por minha pesquisa não é do autor do livro. Mas isso não me interessa aqui.
  • "Jamais corte o que pode ser desatado"
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Muito bem, quero dizer aos leitores do blog que essa frase - aparentemente tão simplória - tornou-se um lema em toda a minha vida desde que a li pela primeira vez. A partir dai sempre refleti e muitas vezes, quando ao enfrentar um problema o meu primeiro impulso era o de "chutar o balde", arrasar, arrebentar, demolir, destroçar, romper... Sempre perguntava a mim mesmo: 

- Será que não posso desatar esse nó?
Devo dizer que em muitas oportunidades foi impossível deixar de "cortar", mas nunca antes de procurar o desate, o acordo, o entendimento e a compreensão do problema; fosse ele de que espécie fosse. E devo acrescentar que esses casos foram maioria.
A propósito lembro-me de um episódio no inicio da minha vida profissional, lá pelos idos de 1971. Era eu um jovem engenheiro chefiando uma obra com mais de 300 homens. A cidade onde trabalhava - no norte de Minas gerais - era tão desprovida de condições que a construtora não achou um profissional, com experiência, disposto a chefiá-la. Sobrou para mim, um recém-formado que apesar de feliz da vida por estar trabalhando tinha sido contratado para ser um mero engenheiro auxiliar.
Assumi a chefia com todo entusiasmo e aquela "coragem da ignorância". Apoiado pelo velho "Mestre Alfredo", encarregado geral da obra e meu grande mentor, fui tocando e obtendo resultados positivos para a empresa. Ocorreu que a quantidade de empregados demitidos pela obra, ou seja, por mim, chamou a atenção do diretor da empresa que viajou para o local a fim de ver o que estava ocorrendo.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9Evgf7R63c8yo9Zu636QGWvBKgE_yWCemVliriIetKQ_czrWzm3bwTOW8h78MXgE9iPaJ4Hw_h5-Lf-aNI2vgLC0MlGfi5niodnkkKnD_pI1N9I96eCD6eh4K9_1bOGQi0UTpmOHggsE/s400/demissao_justa_causa.jpgPor sua experiência não foi difícil chegar à conclusão que tudo se resumia à minha falta de experiência para manejar os instrumentos do poder colocados à disposição de quem chefia. A natural arrogância de um jovem profissional, eu mesmo, que "virou um pequeno líder" no meio da peãozada, não admitia erros e falhas. Por qualquer motivo eu mandava o peão embora. Era um absurdo! Entretanto eu estava "seguro dos meus atos" e me achando um sucesso total.
Muito bem! Esse diretor mostrou-me a situação e falou-me outra frase que também nunca mais esqueci. Disse ele, Chico Viana, que foi meu principal orientador durante o inicio da minha carreira: 

- "Meu caro Drummond, para quem tem o poder, demitir de primeira é o mais fácil. Não sabedoria nisso. Não há inteligência. Se for para simplesmente demitir quem comete erros e falhas não é necessário ser um chefe, um líder. Basta ser um capataz, um encarregado."
Lembro-me que foi uma revelação para mim quando compreendi o que ele estava dizendo. Hoje, para ser atual, eu diria que recebi ali, um "choque de gestão". Mudei completamente desde então.  
Para quem tem a responsabilidade de liderar e gerenciar é vital saber conter a agressividade do poder absoluto. Os grandes problemas que gravitam em torno dos grandes executivos não são nunca resolvidos com bravatas, atitudes raivosas, rosnados, gestos espetaculosos, humilhação de subordinados e preocupação com pesquisas de satisfação de quem não está vivendo aquela realidade. O Estado Absolutista já foi devidamente enterrado há muito tempo, muito embora algumas lideranças teimem em não perceber
É necessário antes de tudo a flexibilidade da análise, a vivência, o equilíbrio emocional e a segurança de quem sabe o que quer. Não há segredo nessa fórmula. Descortesia, grosseria, incivilidade, indelicadeza, insensibilidade,  rudeza e rusticidade são escudos para esconder a insegurança de quem tem a responsabilidade do poder, mas não se sente capaz de utilizá-lo com competência, envergadura, habilidade, idoneidade, inteligência, proficiência, talento, tato e vocação. É assim mesmo!
http://www.corbisimages.com/images/42-26225159.jpg?size=67&uid=ed9d57ae-e61b-4a20-9ef4-0f97c46f5087
No Brasil de hoje está sendo muito badalado o estilo "xerifão" atribuído à Senhora Presidenta da Republica. Isso é muito ruim porquanto cria uma indesejável publicidade para um produto ruim, que não funciona. Não concordo com ele. Acumulo mais de 35 anos de experiência em cargos e situações de gerência e liderança e posso dizer com suficiente autoridade, sem falsa modéstia, que esse gênero "feitor de senzala" não constrói, não agrega e não produz resultados. 
Espero e rezo para que não seja este o estilo e a forma da nossa Presidenta comandar seu time e consequentemente o País. Prefiro acreditar que essa notícia seja meramente uma "lenda", uma figura de marketing.
                                          
[Artigo original de Herbert Drummond]

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