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sexta-feira, 8 de julho de 2011

As safadezas da memória (FSP/NYT)

F
alar sobre memória no âmbito de um blog sobre gerencia é totalmente pertinente. Alguém imagina um executivo - seja em nível for - que não tenha uma boa memória? Pense numa catástrofe administrativa. Pois é isso que ocorrerá se alguém numa função de comando de repente começar a ratear o motor do seu sistema de memória. 
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSj19Ld9TdcPtqTG7WJVtFPE8VbCAUegRV2Ijo3oqkFzXfZA9pmAgendas, ordens verbais, compromissos pessoais e corporativos são itens que estão obrigatória e permanentemente nas memórias dos executivos. Sem que esse mecanismo funcione e muito bem as carreiras dos "esquecidos" irão pelo ralo nas primeiras demonstrações de "meória fraca". Já vi isso acontecer e mais de uma vez.
É interessante como esse tema não é colocado em discussão e debatido entre os muitos tópicos que povoam o universo corporativo dos livros e das palestras. 
Na busca que fiz no Google não se pode dizer que existam muitos links disponíveis, mesmo porque se deve procurar por "memória humana". Se colocarmos simplesmente "memória" os links predominantes serão aqueles referidos às memórias de computadores. 
Assim sendo, quando li esse artigo que vi no caderno do New York Times que a Folha de São Paulo publica nas segundas feiras não hesitei em copiá-lo para reprodução aqui no blog. Hoje surgiu a oportunidade (o artigo foi publicado na FSP em março passado).
O autor é um respeitado jornalista do NYT - Kevin Delaney - que consegue uma ótima abordagem do assunto em seu artigo. Recomendo a leitura para aqueles que pretendem seguir a "doce" carreira de gerente/executivo. Os links e imagens que estão ilustrando o texto não fazem parte do original. Foram colocados pelo autor desse blog.


São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 2011



As safadezas da memória

Autor- Kevin Delaney
Lembrar onde encontrar comida no meio da floresta, evitando o tigre dente de sabre que vive no local, já foi uma questão de sobrevivência. Por isso, o cérebro humano evoluiu para armazenar informações necessárias. Mas, nos séculos mais recentes, a tecnologia - da prensa de Gutenberg ao iPad de Steve Jobs - tem feito esse trabalho por nós.

Isso pode explicar por que muita gente não consegue se lembrar de senhas, telefones ou de onde deixou a chave do carro. E por que os chimpanzés ganham dos humanos em alguns tipos de teste de memória. Felizmente, alguns especialistas estão buscando formas de aperfeiçoar a memória -com uma ajudinha de uma supermodelo alemã.

Em seu livro "Moonwalking With Einstein: The Art and Science of Remembering Everything" [Andando na lua com Einstein: a arte e a ciência de lembrar tudo], Joshua Foer escreve que "a evolução programou o cérebro para encontrar duas coisas particularmente interessantes e, portanto, memoráveis: piadas e sexo -e sobretudo, ao que parece, piadas sobre sexo".

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMs9Qtu2n-cyh5Gk4q2EXBghbdXYHQa6WGzTg6NNE0QBtv4-D283UoWnq6nphxLByDc5K8zrTIgPwMkg6rMLsfaWzjJi3Y-AQylmWR81eZgbY3KJgbr4adTO7Kpq_PKnX2WU2YWOFbRMs/s320/distraido.jpg

No caso de Foer, ele aprendeu a se lembrar de fatos e detalhes obscuros associando-os a um lugar familiar ou, melhor ainda, a alguma imagem bem-humorada e excitante -como, por exemplo, Claudia Schiffer nadando em um tanque de queijo cottage.

Com só um ano de treino, esse sujeito, antes incapaz de lembrar o aniversário da namorada, chegou à final do Campeonato Americano de Memória de 2006. Bastaram "alguns truques e uma boa imaginação erótica", como notou Maureen Dowd no "New York Times".

Só que a técnica não é nova. Os treinamentos de memória de Foer se inspiram nos antigos romanos e em Pedro de Ravena, um jurista italiano que escreveu no século 15 que "se você quer se lembrar rapidamente, disponha as imagens das mais belas virgens nos lugares das lembranças".

Quem tem problemas de memória ou mentes irremediavelmente castas possui outros recursos, especialmente num momento em que a geração do "baby boom" envelhece e se dispõe a gastar dinheiro para preservar suas lembranças. Um "pró-memória" do Google e várias dicas, técnicas, seminários e suplementos de ervas vão surgir.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg11xaSqUtdaxMUBUtdIrg6vs9HAmZedMDzIIeY00IcWotdNCO8C6NlBUBIAccs4PV8UXaYis4oOVyj619d91l72dhGUZ57MD7R1rQ2Vz8ZcuEFkIvMj4eM-WlLTbKOH7IFdy-301ll3jM/s320/memoria_humana.jpg

Uma técnica, chamada "retroalimentação neurológica", propõe usar a informática para reprogramar ondas cerebrais. É caro e polêmico, mas defensores prometem "mudanças duradouras na atenção, na memória, no humor, no controle da dor, no sono e em muito mais", relatou o "Times". Para William Pelham Jr., diretor do Centro para Crianças e Famílias da Universidade Internacional da Flórida, isso não passa de "charlatanismo maluco".

Outro auxílio à memória pode ser mais promissor. Pesquisadores em Israel e Nova York relataram neste mês que a memória dos ratos melhorava com injeções da enzima chamada PKM-zeta. Mas os cientistas salientam que uma droga totalmente aprovada para aperfeiçoar a memória ainda pode estar distante.
Enquanto isso, existe uma maneira de ajudar os cérebros mais velhos a não esquecerem as coisas; continuar trabalhando. Como noticiou o "Times" no ano passado, um estudo com idosos nos EUA e em 12 países europeus sugeriu que a aposentadoria precoce acelera o declínio da memória.

Ou, como declarou, certa vez, Pablo Casals, o virtuoso violoncelista que, já nonagenário, conseguia recordar partituras: "Aposentar-se é morrer".




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