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sábado, 1 de agosto de 2009

As sete regras da convivencia humana (Roberto Rodrigues - Folha de São Paulo)

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Roberto Rodrigues é um dos homens mais inteligentes do Brasil de hoje. Quem está afirmando isto sou eu mesmo, sem citar nenhuma personalidade que possa avalizar esta opinião.

Acompanho a carreira deste brasileiro há muito tempo. Antes mesmo de ele ser ministro da agricultura do primeiro governo do presidente Lula. Não me perguntem por que. Simplesmente li um dos seus artigos - e ele era um especialista na área do cooperativismo à epoca - e me interesseis pelo pensamento dele.
Posteriormente, como diretor da Codevasf, tive oportunidade de estar presente em três ou quatro reuniões ministeriais entre ele (Ministro da Agricultura) e o então ministro Ciro Gomes (da Integração Nacional). Em uma destas reuniões fiz uma apresentação para ele e respondi às suas perguntas sobre questões técnicas. Foram estes os únicos contatos diretos que tive com Roberto Rodrigues.

Suas histórias e casos na Esplanada dos Ministérios, porém, eram conhecidos. Não era ministro de esconder suas idéias. Falava o que pensava e na hora. Os jornalistas adoravam. E o respeitavam muito, como ministro.
Seus artigos na Folha de São Paulo, principalmente quando aborda temas menos técnicos, demonstram sua sabedoria e experiencia de vida. Eu o considero como disse no início, uma pessoa de inteligencia privilegiada e estou, sempre que posso reproduzindo seus artigos aqui no blog. Recomendo a leitura.
No presente artigo ele nos fala sobre um dos seus ícones - o grande pensador Goffredo Telles Junior - e destaca um trecho de discurso dele em aula de encerramento na famosa faculdade de direito São Francisco. Chamou-a "As sete regras da convivência humana". Um legado realmente, como Roberto Rodrigues classifica o texto, ao homenagear neste artigo para a Folha, o grande mestre que o Brasil perdeu recentemente.
Por favor, não percam a oportunidade de conhecer estas "regras".

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São Paulo, sábado, 01 de agosto de 2009




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ROBERTO RODRIGUES

As sete regras

O BRASIL perdeu recentemente um grande pensador, um educador formidável e um democrata valente, com a morte de Goffredo Telles Junior. Polêmico muitas vezes, em razão de suas convicções e da forma como as expunha, formou gerações de advogados orientados pelo seu conceito de que a ciência do direito é a ciência da comunhão entre os homens e também é a sabedoria da convivência.

Em uma aula de encerramento de curso na gloriosa São Francisco, o grande mestre fez questão de deixar um legado útil aos seus alunos, uma mensagem que também daria a seu filho se este lhe perguntasse quais as normas da convivência humana. E as resumiu em sete regras que considerava essenciais:

Primeira regra: "Ser simples de coração e atitude".
Queria com isso dizer que por mais poderoso possa alguém ser deve banir do coração a arrogância e a insolência. Propunha abafar o orgulho porque a essência humana é uma só, e o poder é passageiro.

Segunda regra: "Ser verdadeiro, mas não falar oracularmente".
E nessa regra firmava posição irredutível de compromisso com a verdade: nunca escamoteá-la, jamais traí-la, não adulterá-la, não se corromper. Sem a pretensão de ser o dono da verdade, é preciso entender que ela, por circunstâncias, pode até mudar, se prova cabal houver para isso. Portanto, pregar e praticar a verdade não significa ser oracular, absolutamente certo.

Terceira regra: "Saber ouvir, saber reconsiderar, saber confessar nosso engano".
Saber ouvir, segundo o mestre, não é só escutar: é adentrar o espírito das palavras ouvidas, entendê-las sem preconceito, mesmo discordando ou eventualmente duvidando. Dizia que quem sabe ouvir aprende a evoluir.



Quarta regra: "Não ferir o amor-próprio alheio". Essa é uma regra de ouro, porque a ferida do amor-próprio não se cura.
Daí que o cinismo e o sarcasmo são armas violentas que matam o entendimento e a amizade. Zombar de outrem é uma agressão inaceitável e muitas vezes covarde.

Quinta regra: "Não atormentar o próximo com críticas ou lamúrias".
A crítica só faz sentido se for construtiva e nunca terá valor se praticada por inveja, despeito ou incapacidade de fazer bem feito.
A crítica como incentivo, sim, mas com muito cuidado, para não ofender e diminuir.
Quanto à lamúria, é sempre um desrespeito para o interlocutor otimista. O lamuriento é um chato, deve guardar suas penas só para si. Sua atitude é um lamento em si mesma.

Sexta regra: "Evitar a intimidade".
E explicava que ser íntimo pode representar a invasão da alma, descerrar o mistério do coração do amigo, e isso é perigoso.
Se oferecida, a intimidade pode ser aceita com dignidade, mas buscá-la a qualquer preço destrói a amizade, inviabilizava a convivência. Ver por dentro a alma do amigo o transforma em vassalo, dominado, e isso é terrível para a relação.

Sétima regra: "Ser prestativo, sem se tornar intruso nem servo".
Aqui, o mestre pregava o amor em sua essência, cristão mesmo, buscando servir sem pedir compensação ou esperá-la. E servir somente quando precisam da gente, não impondo o serviço. Nem deixando que abusem do dedicado espírito colaborador. Servir sempre, em nome do bem e da verdade.

Eis aí um senhor legado! Vale muito a pena pensar nessas regras e aplicá-las para dar sentido à vida. Segui-las é também uma homenagem ao grande brasileiro que nos deixou.


ROBERTO RODRIGUES , 66, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e professor do Departamento de Economia Rural da Unesp - Jaboticabal, foi ministro da Agricultura (governo Lula). Escreve aos sábados, a cada 15 dias, nesta coluna. rr.ceres@uol.com.br

2 comentários:

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