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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Brasil sem cigarro é ótima campanha do Fantástico.



  •  
Por Herbert Drummond

ste é um tema que conheço bem. Parar de fumar. Vi ontem no Fantástico o programa inicial da nova campanha que a Rede Globo está levando a efeito sob o título Brasil Sem Cigarro e o objetivo de contribuir com a diminuição do flagelo que é o tabagismo.
Assisti com atenção o celebrado Dr. Dráuzio Varela conduzir os 10 minutos do programa (asista vídeo ao final do post) esgrimindo informações sobre as mazelas do cigarro e passando algumas dicas sobre como parar com o vício.
Ao final escolheu três "voluntários" convidados a parar de fumar até o dia 13 de novembro (próximo domingo). Sinceramente não gostei muito do material que a Globo produziu. Achei que foi tratado de forma muito digamos... fashion para abordar uma questão tão dramática como o vício do cigarro. A coisa é mais séria do que o que a Globo colocou, mas com a força da mídia deve obter bons resultados contra a calamidade que representa o vício do cigarro nos ambientes e camadas sociais. A campanha é positiva e conta com a credibilidade do Dr. Dráuzio que não é pouca e nem pequena.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgInSr85-0bIOVqVGLnWdJUazGfUwEPiWUMDekEKUI0tmVThubz_2_t8BFZo1csX5mx7B9zKMqd4sPBJsOb3wpX_NvAgoUMyg-ScQ55qBrcXWCAhLZWL06FTPrWMklQw_pGzyHd72kxNcHW/s400/Frank_Sinatra_1.jpgEu tenho minha própria experiência pessoal. Darei esse depoimento com base nela como uma espécie de contribuição à causa. 
Comecei a fumar ainda garoto com mais ou menos 14/15 anos. Recordo-me bem dos primeiros cigarros. Coisa horrorosa! Fiquei tonto, gosto ruim na boca e com vontade de vomitar. Naquela época (lá pelos anos 60) fumar era um ato de afirmação para adolescentes. As garotas admiravam os meninos que fumavam e nos filmes que assistíamos os grandes personagens - mocinhos ou vilões - fumavam muito e com muito charme, saboreando a fumaça. Era tão... inofensivo. Fumar era marca de macho, de fortaleza, de superioridade e de elegância. Lembro-me perfeitamente dessas sensações.
Depois dessa fase - cigarros roubados dos pais, porque quase todos os pais também fumavam - passei a comprar. Sempre os cigarros mais baratos e obviamente aqueles com mais nicotina porque o dinheiro também era surrupiado de casa. Não existia mesada naqueles tempos. Comprava-se cigarro "a retalho", ou seja, por unidade. Fumava-se escondido, claro.
Ainda lembro quando meu pai descobriu que eu fumava. Morri de mêdo, mas não me lembro de ter recebido nenhuma punição. Ele não ficou satisfeito. Apenas me disse que eu teria que "sustentar meu vício", ou seja, teria que comprar cigarros com meu dinheiro. Foi mais ou menos o tempo que comecei a trabalhar ai pelos 16/17 anos e não tive dificuldades quanto a isso. Passei a comprar meus próprios cigarros. Sensação de independência plena...
Fumei pelos seguintes 25 anos e dei uma parada. Já casado, meus filhos eram pequenos e reclamavam muito do cheiro de cigarro nas minhas roupas e no meu corpo. Consegui ficar uns seis anos sem fumar e de forma imbecil retornei ao vício. E voltei da forma mais cretina e conhecida. Fumei um "cigarrinho" (é sempre no diminutivo) só para fazer companhia a um grupo de colegas de trabalho. Resultado: voltei a comprar cigarros e a fumar diuturnamente. E mais compulsivamente também. 
Parece incrível, mas cheguei a fumar de três a quatro maços de cigarros por dia. Nem sei como fui capaz porque racionalmente nem dá tempo físico para um consumo tão absurdo. Enfim, eu mal conseguia respirar. Não tive nenhuma doença mais grave à qual estava sujeito como enfisema nos pulmões, impotência sexual, trombose vascular ou redução da capacidade de aprendizado e memorização. Todavia estava sempre com bronquite, rinite alérgica e infecções respiratórias. Mal falava por conta do pigarro permanente. Foi ai que resolvi de "livre e espontânea vontade" largar o cigarro. Chamei de "Projeto 70 anos" e conclui que queria chegar aos setentinha com saúde e se continuasse a fumar nem sei se chegaria lá. 
http://pneumologia.med.br/site/wp-content/uploads/pulmoes.gif
Clique na imagem e veja mais
Até me lembro de haver lido uma revista que mostrava fotos dos pulmões de fumantes e não fumantes. Estas imagens me marcaram para sempre. Não tirava da mente o pulmão negro e comprometido que estava na revista e só imaginava que o meu também já estava daquele jeito.
A primeira coisa que fiz, após tomar a resolução, foi criar uma visualização mental. Não acreditava em remédios ou tratamentos do tipo adesivos ou semelhantes. Em determinado dia me recolhi a um local reservado e mentalizei a mim mesmo vivendo dez anos depois sem ter parado de fumar. O que "vi" não foi nada agradável. Doente, cardíaco, com enfisema, câncer de pulmão ou laringe, impotente sexual e com úlcera no aparelho digestivo... Que tal esse quadro? Na verdade eu me senti morrendo (Isso mesmo!) com muito sofrimento por causa do cigarro. Foram pelo menos de duas a três horas de mentalização e quando terminei estava resolvido, determinado.
Já tinha a experiência anterior de haver parado por seis anos e direi que ela foi de grande ajuda. Só que agora - quer dizer na época - a resolução era para a vida toda. 
Meu método foi quase o mesmo preconizado domingo passado pelo Dr. Dráuzio (não deixe de assistir ao vídeo). Marquei data. Só que foi um período maior que uma semana como quer a Globo e considero que ai reside um ponto fraco no programa. Uma semana é pouco para um processo de auto-conscientização. Se bem me lembro eu estava em setembro quando me comprometi e marquei a "data fatal" para novembro (fatal para o cigarro, claro). Em seguida criei uma manobra que depois se revelou decisiva.  Marquei a data para o dia do meu aniversário. E nas semanas seguintes fui criando uma expectativa e consciência positivas de só pensar nos benefícios de não ser mais um fumante. E por muitas oportunidades imaginei cenas inversas àquelas que havia "visto" quando me projetei como um ainda fumante dez anos além.
http://farm4.static.flickr.com/3076/3087746756_b7155c7ec8.jpgAs principais ferramentas que utilizei foram obviamente a força de vontade, pois sem ela é impossível se conseguir deixar o vício e a determinação de alcançar o objetivo; foco, para se usar uma terminologia mais atual. E água, muita água (isso o Dr. Dráuzio também ensina no seu vídeo). Quando batia a vontade de fumar - e nos primeiros 15 dias foram muitas vezes - "convocava" a força de vontade, a determinação e a água. Andava com garrafinhas de água em uma sacola e me lembro de beber tanta água que um banheiro próximo passou a fazer parte essencial do meu dia-a-dia. 
Ultrapassei o primeiro dia, o segundo... A primeira semana, a segunda... O primeiro mês, o segundo e o primeiro ano, o segundo... e depois fiz questão de perder a conta na memória. Aliás, desde o início me determinei a não contar os dias sem cigarro. Não usei essa "tecnologia" na minha primeira parada de fumar e depois cheguei à conclusão que isso foi contraproducente. Quando vejo alguém fazendo contas dos dias em que deixou de fumar e à vezes até as horas concluo que essa pessoa está muito perto de voltar ao cigarro. Só comemorei o primeiro ano porque afinal foi meu aniversário. Depois do terceiro ou quarto ano (nem lembro mais) joguei os números para fora da mente. Hoje, sinceramente, não sei direito qual foi o ano em que parei de fumar. Sei o dia, mas não o ano. Com certeza são mais de dez anos ou onze. Não quero nem saber...
As tentações ao longo dos anos (principalmente os primeiros) foram muitas, mas resisti a todas elas sempre invocando o "investimento" dos anos já vencidos sem o cigarro e a experiência anterior de haver voltado a fumar por ter "apenas experimentado um cigarrinho".
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJzH59AzEh7ySa4dKV5wkAq4kyGgicJyExb4XSaecd7lGFdb9GLeoaeylDzf4mAcr6YRA5dCHaLE1hjwIjp4S4jcv-bzCp5H1ScTdhyphenhyphenqUc1tQolzn5URnC8J2k9BGb9hpcENq_ns7lLImf/s1600/jovens+saud%25C3%25A1veis.jpgNem preciso falar sobre os benefícios. São todos que um fumante possa imaginar e muito mais ainda. Tenho plena convicção que se tivesse continuado a fumar estaria muito próximo ou pior do que aquelas imagens que visualizei muitos anos atrás.
Esse é o meu depoimento. Nunca entrei em detalhes sobre essa minha experiência pessoal ou fiz proselitismo contra o tabagismo. Me propus a não ser "um ex-fumante chato", mas agora com o programa do Dr. Dráuzio no Fantástico achei que seria uma boa oportunidade de dar esse depoimento e procurar ajudar quem esteja determinado a encerrar a vida fumante.
Assistam ao vídeo e quem for fumante lembre-se que é possível sim, desde que estejam presentes a força de vontade, a determinação e principalmente... O mêdo de morrer. Isso mesmo, mêdo de morrer!!! O cigarro mata mesmo e quem é fumante tem que ter essa consciência. De verdade. 
Pela doutrina espírita quem fuma é um suicida (consciente ou inconsciente) e vai ter que pagar esse preço nas suas trajetórias. E isso faz sentido. É só parar para pensar um pouco. A droga da nicotina é um veneno que o fumante injeta em seu organismo todas as vezes que aspira aquela fumaça.



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