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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Hidrelétrica de Belo Monte: Onde estará a verdade?

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A
ssisti há poucos dias um vídeo - promovido por certo (e desconhecido) Movimento Gota D'Água com diversos artistas globais fazendo campanha contra a construção da Usina Hidroelétrica Elétrica de Belo Monte. Preferi não postar o vídeo aqui por considerá-lo um exagero de quem haja patrocinado (e não foi barato) a peça publicitária onde atores e atrizes famosas (e com cachês caros) emprestam seus nomes e falam coisas que não conhecem sequer como cidadãos. Apenas interpretam um papel lendo um script que interesses ocultos lhes colocaram nas mãos (ninguém sabe quem está por trás do "Movimento Gota D'Água)
Também não coloquei vídeos (e são vários) que respondem ao dos artistas globais. Isso só serviria para alimentar a polêmica em torno da gigantesca obra de infraestrutura que o governo do Brasil constrói no interior da Amazônia Oriental. Já vi esse "filme". Quem não se lembra da controvérsia e dos protestos sobre as obras da Transposição das Águas do Rio São Francisco? Foi a mesma coisa e as mesmas figuras clamando contra. Tanto lá, como aqui o foco das demandas está equivocado e nesse artigo vou buscar explicar os por quês?
Antes de qualquer coisa devo dizer que esse assunto das construções de grandes obras de infraestrutura está no meu currículo técnico de forma que não estou escrevendo como um simples curioso. Conheço a praia das grandes obras de infraestrutura. Recentemente, como diretor do DNIT, estive à frente da fase final da construção, pela Eletronorte,  do conjunto das Eclusas de Tucurui no Rio Tocantins que é uma das maiores obras do mundo no seu gênero. Antes disso, nos anos 90, como diretor da Codevasf tive oportunidade de conduzir grandes projetos públicos de irrigação como o do Jaiba em Minas Gerais e Salitre na Bahia. Só apresento essas colocações para reforçar que não escrevo como curioso sobre o assunto.

Foco das Discussões
Voltemos a Belo Monte. Disse lá atrás que o foco das discussões estava desviado. Com isso quero indicar que ao invés desse pessoal protestar contra a construção da UHE de Belo Monte deveria lutar pelo aprimoramento, pela fiscalização e implantação das medidas de mitigação aos impactos da obra. Serão elas, traduzidas em providências efetivas, que irão direcionar recursos e dar eficácia ao bem estar da população atingida pelo empreendimento. Essas diligências é que irão resolver os problemas:
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  • Da relação sociopolítica, econômica e cultural dos grupos indígenas com a sociedade envolvente,
  • Da questão fundiária,
  • Da identificação e análise de possíveis impactos decorrentes da instalação e operação do empreendimento,
  • Da inserção dos grupos indígenas na economia regional,
  • Da proposição de programas de mitigação e compensação, 
  • E mais um grande número de outros itens que fazem parte da cauda desse enorme cometa que é o choque socioeconômico e ambiental que todos os grandes empreendimentos de infraestrutura de transformação carregam atrás de si.
Um fato é inevitável. A Usina de Belo Monte será construída. Ponto! Ela é necessária ao desenvolvimento do Brasil, faz parte de um planejamento primoroso do setor energético brasileiro, muito detalhado e minucioso sobre a necessidade de energia que o país necessita para as próximas décadas e a Presidência da Republica está determinada a levar a cabo essa empreitada. Quando o Governo Federal quer realizar e reúne as condições políticas e orçamentárias para uma ação desse porte não há força contrária que o faça desistir. É só pesquisar a história. É nesse estágio que se encontra Belo Monte. E mais uma vez evoco as obras da Transposição do São Francisco. Protestos, clamores, movimentos de toda ordem e a obra está ai, correndo de vento em popa.
Perda de Tempo e Energia
http://pontoecontraponto.com.br/wp-content/uploads/2011/09/disinfo.jpg
Por isso acho perda de tempo essas manifestações contra a construção de Belo Monte que além de tudo carregam sob sua falta de transparência enormes suspeitas de interesses espúrios que sempre cercaram o desenvolvimento da Amazônia como muitos sabem e todos desconfiam.
Melhor seria usar essa energia para que o governo cumpra os compromissos assumidos nos estudos de viabilidade e nos documentos das licenças ambientais. Eles é que irão propiciar as condições para que as populações atingidas pelo gigantismo da obra possam ser compensadas pelas tribulações que necessariamente vão enfrentar. Leio que a prefeitura de Altamira pediu a suspensão da obra porque está afogada pelos efeitos da migração em massa após a construção ter sido iniciada há quatro meses. É mais que justa a demanda de Altamira. Eu vi isso acontecer no Projeto Jaiba e é muito difícil uma cidade sem estrutura se ajustar a uma invasão dos chamados peões de obras e o exército de agregados e problemas sociais que eles carregam atrás de si. 
Outro ponto importante que deveria ser objeto de luta e fiscalização pelos "protestadores" são as medidas de reassentamento das famílias residentes e dos indígenas que serão necessariamente deslocadas dos sítios das obras da usina. 
São comuns os governos e seus empreiteiros - sob a pressão dos custos e dos prazos - relegarem a segundo plano os compromissos assumidos com as comunidades removidas de seus cantos, tão logo tomam posse dos terrenos. Esses agrupamentos humanos quando removidos são naturalmente desarticuladas e desconjuntadas em suas origens e passam a ser apenas ruidosos dentro do enorme complexo em que as obras se transformam quando estão a pleno vapor. Proteger os interesses dessas pessoas cobrando os compromissos e acordos que o governo e as empresas construtoras firmaram é uma boa causa, uma luta legítima e um bom combate.

Luta Direcionada
Por isso não me posiciono contra a construção da UHE de Belo Monte. Ela é necessária ao Brasil e tudo que se diga e se esbraveje em contrário são meras aleivosias. O esforço deve ser para minimizar os impactos e isso é perfeitamente possível porque os estudos foram produzidos e todos os envolvidos sabem o que deve ser feito para o atingimento das medidas de abrandamento dos choques provocados no meio ambiente pelo surgimento das obras. As campanhas contra a construção da usina são meramente perda de energia e tempo em desfavor do tema central que é a melhor e mais viável proteção do meio ambiente e das populações impactadas pelo empreendimento.
O Salto de Sete Quedas
Para fechar o artigo, relembro sempre uma imagem que deve ser evocada em casos como esse. Pergunto sempre se a Hidroelétrica de Itaipu teria sido construída nos tempos atuais? Imaginem as gritarias e protestos do mundo inteiro? Lembro apenas que uma das maravilhas da natureza, o Salto de Sete Quedas que foi a maior cachoeira do planeta (com 114 metros de altura) desapareceu afogada pelo lago de Itaipu. E a grande pergunta: o que seria o Brasil de hoje sem a UHE de Itaipú?
Peço desculpas pelo texto longo, mas é inevitável que um assunto desses seja um pouco mais explorado. É a minha contribuição à discussão acalorada sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Abaixo coloquei algumas imagens que capturei - na edição digital da Folha de São Paulo de domingo passado - na ótima reportagem que o jornal produziu a respeito de Belo Monte.
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 Cliquem nas imagens para ampliá-las
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 Este é um vídeo técnico sobre o funcionamento de Belo Monte.


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7 comentários:

  1. Um ótimo texto que contribui muito para a discussão... Só não cita qual seriam os motivos obscuros dos artistas que defendem a causa do tal movimento gota d'agua.

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  2. Igo,
    Agradeço a visita e o comentário. Vejo que você entendeu o objetivo do texto. Sobre os motivos obscuros dos artistas devo dizer que pesquisei tudo que tinha disponível e não achei qual foi a organização - provavelmente uma multinacional que está bancando e fomentando a campanha. Apostaria, mero palpite, na WWF ou no Greenpeace, mas seja quem for eles ainda não mostraram a cara. Quanto aos artistas, bem, eles só querem estar na moda...

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  3. Sabe, fazemos coisas sem pensar, o Brasil tem energia elétrica graças as hidrétricas, é agora assinei um movimento que não conheci, não pesquisei, fui "burro", mas vou me desculpar no Youtube com vídeo por isso .Aguarde

    Sergio Gomes

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  4. Prezado Sérgio Gomes,
    Antes de tudo o meu agradecimento pela visita e pelo comentário. Sobre o que disse no seu texto fique tranquilo. Tal como você são milhões que ouvem esse "canto da sereia" das celebridades engajadas em "causas nobres" e milhares que assinam os abaixo-assinados que se lhes apresentem em apoio às campanhas que eles, as celebridades, defendem.
    Pelo que deduzi você enxergou a tempo e vai pensar e pesquisar nas próximas vezes.
    Por óbvio, existem campanhas corretas nas quais as nossas queridas celebridades participam de forma consciente. Entretanto, quando se metem a protestar ou apoiar questões que envolvem um conhecimento mais específico e técnico, desconfie sempre. Eles vão meramente interpretar e ler no teleprompter um script que alguém escreveu
    Grande abraço e volte sempre.

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  5. O que eu estranhei em ver a propaganda dos "famosos" é que todos eles, sem exceção são artistas da Globo. Estranhei. Qual o interesse da Globo em participar da campanha?

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  6. Meu jovem,
    Me responda: Por que construir uma obra de tamanha importância para o país se ela ficará maior parte do tempo desativada? isso é mero interesse político? por que, justamente, na amazônia (nossa maior reserva natural)?
    Não entendo porque investir tanto em algo que irá produzir abaixo dos 50% durante um ano.

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    Respostas
    1. Meu caro "Anônimo", não serei eu a responder uma pergunta com tamanha envergadura. Falo por conhecer um pouco a engenharia do Brasil que está por trás dos estudos de viabilidade, técnicos, ambientais e socioeconômicos que cercaram o projeto de Belo Monte. É um cabedal de conhecimento enorme e competente. A energia de Belo Monte é necessária para o desenvolvimento regional brasileiro (busque o link: http://www.brasil-economia-governo.org.br/2011/12/12/belo-monte-deve-ou-nao-deve-ser-construida/). Acho que o maior problema daqueles que reagem (legitimamente) à construção da Usina é o desconhecimento e principalmente a falta de vontade de conhecer (sem crítica). Se o Brasil quiser manter-se entre os países em desenvolvimento no planeta terá de construir não só Belo Monte, mas uma série de outras UHEs. Infelizmente não há como criar infraestrutura sem causar impactos no meio ambiente. O que a sociedade deve exigir e fiscalizar são as medidas do governo para minimizar essas

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