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sábado, 21 de agosto de 2010

A história política do Brasil republicano

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgprO0eyC7rfgs_m8m2Sc9aAcNIeB0EqhQIZZrrCmz8HkcY0c9Ik6PeQMD2fnLVuoiYsaQPJh-43jCCl8DfspnHUGSYcWxHL0ebdXR2qdRt0hkhE0IZ5tBOV2-1ko3lkssUdI92ltQtuLhr/s200/0709_Urna_Bandeira_net.jpgEstamos em época de eleições e nada melhor do que conhecer um pouco da Historia da Política Regional no Brasil. É a isto que se propõe a revista Veja pela via do seu site veja.com.
As reportagens, iniciadas esta semana, irão cobrir todas as regiões brasileiras mostrando como o poder político foi exercido ao longo dos anos do período republicano - desde o inicio até os dias atuais - pelas "famílias" que em muitos casos ainda o detêm até os dias de hoje.
É um pouco de história para aqueles que gostam de conhecer mais o nosso Brasil na procura de entender como o poder nasce com as lideranças regionais e chega aos palácios de governos nos Estados e na sede do Governo Federal.
A primeira matéria (reproduzida abaixo) engloba a região sul do Brasil. O Rio Grande do Sul, com sua rica historia repleta de personagens importantes - maragatos, chimangos, Revolução Farroupilha e seus caudilhos - e mais os Estados do Paraná e Santa Catarina.
Eu gostei muito da reportagem e por isso - como sempre gosto de fazer - estou compartilhando-a com os leitores do blog que não tiveram a oportunidade de navegar no site da Veja.
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A história política do Brasil republicano

  Região Sul

A Revolução de 1923, uma guerra regional que durou 11 meses, dividiu os gaúchos entre “maragatos” e “chimangos”

Getúlio Vargas fumando um charuto
Getúlio Vargas fumando um charuto - foto de Branca Nunes

    A partir desta semana, VEJA.com publica uma série de reportagens que resume a história da política regional brasileira. Dividida por regiões, a viagem começa pelo Sul do país. No passeio de abertura, a tradição de lutas que marca o período imperial no Rio Grande do Sul e a briga entre os clãs catarinenses que atravessa a República Velha  e a divisão entre simpatizantes da União Democrática Nacional (UDN) e do Partido Social Democrático (PSD) que, no Paraná, como em quase todo o Brasil, marca a entrada na Nova República.
    Rio Grande do Sul

    O Rio Grande do Sul sempre teve tradições partidárias mais acentuadas que no resto do país. A bipolaridade gaúcha começou no Império. Nasceu com a Revolução Farroupilha, em 1835, desdobrou-se nos violentos conflitos de 1893 e chegou ao clímax na Revolução de 1923, uma guerra regional que durou 11 meses e separou os gaúchos entre “maragatos” e “chimangos”.

    Os primeiros, agrupados no Partido Liberal e caracterizados pelo lenço vermelho no pescoço, defendiam o federalismo – que ampliava a autonomia das províncias. O termo maragato surgiu com conotações pejorativas por tentar atribuir uma identidade estrangeira aos federalistas.

    Identificados pelo lenço branco, os chimangos defendiam o predomínio do poder central e se agrupavam no Partido Republicano Rio-Grandense, ramificação regional do PR – que dominou a política nacional durante a República Velha. A palavra vem do nome de uma ave de rapina muito prolífica nos campos gaúchos. Borges de Medeiros, líder dos chimangos e herdeiro político de Júlio de Castilhos – presidente do Rio Grande do Sul durante o começo do século XIX – teve popularizado o apelido de Antônio Chimango. O comandante maragato era Joaquim Francisco de Assis Brasil, que morava no Castelo de Pedras Altas.

    A guerra entre os dois grupos termina com o Pacto de Pedras Altas, assinado pelos dois partidos, que se uniram no endosso da candidatura de Getúlio Vargas. Eleito presidente do Rio Grande do Sul em 1928, Vargas concorreu à Presidência da República dois anos depois com o apoio de Minas Gerais e da Paraíba. Os dois estados se juntaram aos gaúchos depois que o presidente Washington Luiz, em vez de um sucessor mineiro, como previa a política do café com leite, indicou o paulista Julio Prestes.

    Eleito presidente numa eleição marcada por fraudes ainda mais escancaradas que as anteriores, Julio Prestes não imaginou que seu destino seria selado por um confronto entre desafetos na Paraíba: a morte do governador João Pessoa, candidato a vice-presidente na chapa de Vargas. João Pessoa foi assassinado por João Dantas, um adversário da região de Princesa, que teve confiscada por ordem do governador a correspondência amorosa que trocava com uma moça da capital. Humilhado com a publicação das cartas no jornal governista A União, Dantas vingou-se matando o inimigo a tiros numa confeitaria no Recife. Transformado em crime político pela propaganda governista, o episódio foi a gota d’água que precipitou a Revolução de 1930.

    A partir da vitória dos revolucionários até o disparo no coração 24 anos depois, a figura extraordinária de Getúlio Vargas ditaria os rumos da política brasileira. Embora nunca tenha aparecido um herdeiro como Getúlio, o Rio Grande do Sul continua produzindo intensivamente líderes de diferentes partidos.

    Santa Catarina

    Marcada por enredos shakespearianos, a história política de Santa Catarina girou durante décadas em torno de dois clãs que disputaram o controle político do estado ao longo do século XX. Aliados num primeiro momento, a rivalidade entre os Konder e os Ramos resultou de um mal-sucedido caso de amor.

    A desavença começou quando Vitor Konder terminou o noivado com Ruth Ramos, irmã de Nereu Ramos, a poucos meses do casamento. O prólogo do drama é resumido pelo ex-governador Jorge Konder Bornhausen, num trecho da sua biografia: “O noivado de Victor e Ruth ia muito bem até que, um belo dia, Marcos Konder, irmão mais velho, viaja inesperadamente a Lages para uma grave comunicação ao coronel Vidal, pai de Ruth e a quem seu irmão Victor havia pedido a mão da namorada de forma cerimoniosa e festiva. A mensagem que Marcos Konder leva ao Coronel Vidal é curta e conclusiva: Victor pede dispensa do compromisso matrimonial assumido e manda dizer que não pretende mais casar com Ruth. Victor não alegava motivo, era uma decisão de foro íntimo”.

    A ruptura amorosa desdobrou-se na ruptura política. As famílias – que conviviam no Partido Republicano Catarinense (PRC) – se dividiram em duas siglas. Os Ramos se abrigaram no Partido Social Democrático (PSD) e os Konder Bornhausen na União Democrática Nacional (UDN). Graças às estreitas relações com Getúlio Vargas, os Ramos dominaram a política regional até o fim do Estado Novo. Com o fim da ditadura, os dois partidos passaram a alternar-se no poder.

    Nereu Ramos, presidente do Senado desde 1954, assumiu a presidência interina no bojo da crise de novembro de 1955, desencadeada pela saída de João Café Filho, vice-presidente que havia tomado posse depois do suicídio de Getúlio Vargas. Ao internar-se por problemas de saúde, foi substituído pelo presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, que imediatamente montou um ministério com partidários da UDN e demitiu o ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott. A suspeita de que estaria em andamento um plano para impedir a posse de Juscelino Kubitscheck, fez com que o general Lott depusesse Luz e o substituí-se pelo presidente do Senado. Essa sequência de acontecimentos fez de Nereu Ramos o único catarinense a ocupar a Presidência da República.

    O bipartidarismo instaurado em 1966 pelo golpe militar acabou juntando os clãs na Aliança Renovadora Nacional (Arena). A escassez de herdeiros tão talentosos quanto os ancestrais fez com que a influência dos Ramos minguasse na Arena. Hoje, os Konder Bornhausen, embora exerçam com menor intensidade o poder político que tiveram, ainda são representados na Câmara por Paulo Roberto Bornhausen, neto de Irineu Konder Bornhausen e filho de Jorge Konder Bornhausen.

    Paraná

    Um dos estados mais jovens da federação, o Paraná pertenceu à coroa espanhola até o começo do século XIX, quando foi incorporado à província de São Paulo, da qual se desmembraria em 1853. Como na maior parte do país, também na política paranaense se deu a divisão entre a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD).

    Os dois mais importantes políticos do estado foram cunhados. Bento Munhoz da Rocha Neto governou o estado no início dos anos 1950. Ney Braga foi prefeito de Curitiba, deputado federal, senador e, em 1960, cavalgando na onda janista, elegeu-se governador do estado. Durante o regime militar, voltou ao governo e foi ministro da Educação de Ernesto Geisel.

    Se for eleito neste ano, Beto Richa, ex-prefeito de Curitiba, será o primeiro filho de governador a assumir o cargo. A transmissão hereditária do poder nunca fez parte dos usos e costumes paranaenses.


    "Arvore genealógica da "família Vargas" no poder em vasto período da Historia da Brasil
     Clique no infográfico abaixo e será redirecionado à página no site da revista Veja que mostra as "arvores genealógicas do poder" (a exemplo da figura acima) dos principais "coronéis" da politica na região sul do Brasil desde o inicido periodo republicano.

    Foto do infográfico da árfore genealógica política da região sul


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