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terça-feira, 11 de agosto de 2020

Mercado de trabalho: Acesso de mulheres e negros impulsiona a economia


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Arrisco-me, neste artigo, a escrever sobre de um tema sensível na vida de nossa sociedade. Refiro-me ao mercado de trabalho para mulheres (de forma geral) e outras parcelas da população economicamente ativas que estão classificadas (IBGE) como pessoas que fazem parte das minorias raciais que compõem nosso extrato social (ver figura)


Meu fundamento está em um artigo que li recentemente no site da BBC Brasil intitulado "Como a ascensão de mulheres e negros impulsiona a economia”. É nele que vou embasar os comentários, transcrições e observações que farei; também respaldado por minha experiência pessoal de 50 anos no mercado de trabalho; dos quais pelo menos 20% ocupando funções de gerência e gestão ou em cargos de alta administração.




Escreve o autor da matéria, Vinicius Pereira, logo no início do seu texto que “Estudos realizados por pesquisadores americanos e brasileiros mostram que, graças ao início de uma mudança comportamental da sociedade, pessoas negras e mulheres passaram a ocupar cargos mais qualificados, antes negados apenas pela cor da pele ou sexo.”


Continua ele : “Essa nova ordem econômica e social, que surgiu com força no começo da década de 1950, nos EUA, fez com que o chamado capital humano se desenvolvesse. Isso aumentou a produtividade agregada a eficiência econômica e também influenciou positivamente o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois países entre as décadas de 1960 e 2010.”

Creio ser ponto pacífico que os movimentos globais que vêm tomando corpo, lenta, mas crescentemente ao longo dos anos - nos países com regimes democráticos - combatendo a discriminação racial e de gênero, dos quais são exemplos recentes, a política de quotas na sociedade brasileira e o “ Black Live’s Matter (Vidas Negras Importam), têm contribuído para o surgimento de “uma mudança comportamental da sociedade”.
Tema de Redação: As Mulheres Negras no Brasil.
A partir daí, com inclusão firme e constante, mulheres brancas e pessoas de cor preta (homens e mulheres) passaram a assumir funções no mercado de trabalho, com exigências de maior aptidão, preparo, habilidade e capacidade; posições estas “antes negadas apenas pela cor da pele ou sexo”.

Nas décadas de 60 e 70 não se encontravam mulheres brancas (negras então, nem se cogitava) em profissões ditas de primeira linha, como medicina, direito e engenharia. Só após as décadas de 70, 80 e 90, com raras exceções, foram “aceitas” mulheres em setores como segurança pública, construção civil, transporte coletivo e outras.

Fator fundamental para essa abertura foi, na Constituição de 1988, a exigência de concursos para o ingresso de funcionários na Administração Pública. Essa condição levou o setor privado a, também, aprimorar os métodos de recrutamento e contratação derrubando muitos impedimentos ligados aos preconceitos e segregações raciais e de gênero.

Lembro que na minha turma de engenharia (1970) na Escola Politécnica de Pernambuco éramos 120 formandos nos cursos de civil, mecânica e elétrica e havia tão somente 6 (seis) mulheres e – salvo melhor memória – não mais que 10 homens de cor preta. Nas outras universidades era a mesma coisa. Era uma realidade naqueles anos.

O autor do texto em análise insere um conceito que eu não conhecia: ‘’Barreiras de Entrada”, para identificar esses obstáculos e obstáculos digamos... invisíveis que marcam as fronteiras das melhores oportunidades para essas pessoas vítimas de discriminação. E levanta uma questão verdadeira, a de que as barreiras de entrada podem ser do próprio mercado de trabalho, como a discriminação na contratação de uma mulher, por exemplo, ou barreiras prévias, como a falta de acesso a uma educação de qualidade.”

Female African American Business Executive : vídeo stock (100 ...Todo esse conjunto de dificuldades, no qual se inserem as “barreiras de entrada”, vai confluir para um problema que além de social é econômico qual seja o desvio de talentos naturais para contribuir no mercado de trabalho. Segundo as conclusões do estudo desenvolvido na Universidade de Chicago escreve o autor do artigo: “Por causa dessa característica de nossa sociedade as pessoas podem não escolher exatamente aquela profissão na qual seus talentos e capacidades estariam melhor colocados”.

E cita uma frase interessante de um dos autores do estudo, desenvolvido na Universidade de Chicago, Dr. Chang-Tai Hsieh, quando diz que: “A má alocação de capital humano é um dos reais motivos pelo qual uma sociedade é pobre”. E não vejo como discordar!

Mas o estudo também conclui que ao longo do tempo, aquela “mudança comportamental da sociedade”  tem contribuído decisivamente para diminuir as barreiras de entrada seja nos EUA, seja no Brasil. Sim! No Brasil também há uma pesquisa semelhante – informa o autor do texto – desenvolvida na Fundação Getúlio Vargas e conduzida pela Dra. Laisa Rachter.

É da pesquisadora brasileira a seguinte colocação“A nova situação das mulheres no mercado de trabalho, especialmente em ocupações mais qualificadas, influencia positivamente a produtividade agregada da economia".

Sendo um tema de relevante interesse para o core business da Oficina de Gerência, recomendo, com ênfase, que os leitores, militantes ou não, do universo corporativo, conheçam o artigo no site da BBC Brasil que está orientado ao final do post.
Deixo registradas minhas posições quanto ao problema:
    Profissões em alta para o futuro (Guia Completo para 2020) - Blog FIA
  • É uma realidade que existem processos de discriminação – barreiras de entrada – em nossa sociedade para dar oportunidades iguais no mercado de trabalho; principalmente para mulheres e os homens da cor preta.
  • Esta situação está – lentamente, é verdade – sendo modificada pelas mudanças comportamentais que a sociedade brasileira vem vivenciando. “A evolução da sociedade permitiu que houvesse a queda de algumas dessas barreiras de entrada para as ocupações qualificadas”, é uma das conclusões do estudo.
  • E diz mais: “O resultado é que de acordo com a pesquisa americana o crescimento de 20% a 40% do PIB per capita nos EUA, entre 1960 e 2010 pode ser atribuído à entrada de mulheres brancas, mulheres pretas e homens pretos em profissões mais qualificadas”.
  • Afirma o Dr. Pete Klenow, um dos autores da pesquisa, que "Essa é uma combinação de uma melhor alocação de talentos entre as profissões, níveis crescentes de educação e participação cada vez maior da força de trabalho para as mulheres em resposta às barreiras que caem".
  • Acredito que é responsabilidade social da cidadania, lutarmos, em todas as frentes, contra essas Barreiras de Entrada nos mercados de trabalho. A consciência coletiva da sociedade entende essa questão e tem, na medida das possibilidades, contribuído bem para quebrarmos esses obstáculos de raízes históricas.

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