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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Rogério Ceni será submetido à Fórmula da Liderança

 


Troca de técnicos no Flamengo e o jogo bruto da Liderança Corporativa

(por Herbert Drummond)


  • Laboratórios de lideranças

Um dos melhores “laboratórios” para testar as teses e teorias das relações e entre chefias e comandos com os seus comandados são as organizações esportivas em disputa por títulos e campeonatos. O futebol é, delas, a mais visível em vista da popularidade e das paixões que desperta no mundo inteiro.

Outros “laboratórios” muito parecidos são as orquestras e a relação entre o maestro e seus músicos ou entre, por exemplo, um capitão de navio transatlântico e sua tripulação. Existem outros, mas fiquemos por aqui.

O que estes exemplos têm em comum são as figuras de lideranças autocráticas e isoladas sobre cujos ombros recaem todas as responsabilidades de sucesso ou fracasso dos processos sob seus comandos.

  • Demissão do Domènec Torrent
O Dome, assim apelidado pela mídia esportiva do Rio de Janeiro, chegou cercado de credenciais e expectativas. Viria substituir um ídolo como técnico do Flamengo (algo raríssimo), o português Jorge Jesus; um super campeão que elevou o orgulho do grande clube brasileiro ao pico máximo da temporada.

Pois bem, o que fez o Dome?

Sem respeitar a Fórmula da Liderança enveredou pelo seguinte percurso:

  • Não compreendeu a situação/circunstâncias da sua contratação.
  • Não se aprofundou na análise e compreensão da “psicologia comportamental” do grupo que deveria liderar.
  • E finalmente, não teve a humildade e a competência de reconhecer-se na posição que deveria assumir. Ele não veio para consertar e sim para manter a qualidade vitoriosa que o Flamengo apresentava no trabalho do grupo e das suas recentes conquistas.
  • A Fórmula ou Equação da Liderança

Vou aproveitar a oportunidade do caso rumoroso da demissão, esta semana, do técnico do Flamengo, Domènec Torrent, e da sua imediata substituição – não menos rumorosa - pelo ex-goleiro e ídolo do São Paulo Rogério Ceni.

Vamos buscar analisa-lo sob a luz da Fórmula da Liderança”  (clique no link para conhecer) apresentada abaixo:

Sem entrar em detalhes que os aficionados do futebol já conhecem, o Dome não cumpriu sua primeira missão ou seja não procurou o equilíbrio da  fórmula e a sua liderança não foi acolhida, ou seja, não foi reconhecida pelo grupo. Não cuidou das variáveis “g”, “s” e “l”.  A equação tornou-se

L ≠ f (g, l, s), 

Ou seja, a liderança do técnico deixou de existir; não se traduziu ( ≠ nas variáveis que o líder deveria dominar. 

Em outras palavras: 

  1. Não compreendeu a situação de substituir um comandante super campeão, com o mesmo grupo (até melhorado), 
  2. Não respeitou o próprio grupo ao procurar novas posições para seus componentes e 
  3. Como líder não se preocupou em estabelecer relações e fazer-se compreender pelas lideranças informais da equipe.

A minha impressão é que o Torrent viu o tamanho do problema, não tinha a habilidade de se ajustar ao grupo e à situação e se arrependeu de vir para o Brasil; entregou os pontos e desistiu da função. Esse caso lembra, em parte, a demissão de Felipão Scolari do Chelsea da Inglaterra? Clique aqui para lembrar.

Os resultados não poderiam ser outros do que o Flamengo se exibir de forma irreconhecível e perder vezes seguidas por goleadas de 5 e 4 gols, algo inimaginável para um grupo tão vencedor.

Como disse no início do texto, o responsável único é o líder do grupo, ou seja, o técnico. Solução sem alternativa, mudar o “l” na equação. Sai Domènec Torrent e entra Rogério Ceni.

  • Tempo do Rogério Ceni

Sou, como qualquer brasileiro que ame o futebol, um fã do Rogério Ceni. Gostaria que ele se acertasse no Flamengo tal como fez no Fortaleza, seu emprego anterior, com uma campanha de sucesso. Todavia escolho colocá-lo sob a luz da Fórmula da Liderança. 

Ele será o novo “l” nas variáveis da fórmula. O grupo “g” é o mesmo que não aceitou a liderança do Domènec Torrent. E a situação se apresenta para o Ceni de forma diferente daquela que o Dome enfrentou. Se conseguir perceber os erros do colega que o antecedeu, Ceni tem tudo para ter o sucesso esperado. Entretanto terá de trabalhar principalmente no seu próprio perfil, ou seja, no “l” da fórmula. Ele será, no início do trabalho, a variável mais importante.

  • Começou com o pé direito

Já começou bem ao ligar para o Zico, no Japão e “apresentar-se” ao maior ídolo vivo do Flamengo. Ato de inteligência emocional de alto nível; de humildade como o aquele de ser “abençoado” por quem a torcida tem veneração. Pediu licença para entrar nos domínios “Nação Rubro-Negra”. Outro ato inteligente é o de decidir “morar” no centro de treinamento do clube. Perfeito! Melhor não poderia ser.

Os resultados da sua liderança serão consequência do equilíbrio que  ele conseguir manter dentro da Fórmula (grupo, conjuntura e ele próprio), no dia a dia de convivência com o grupo. As reações da torcida são meramente efeitos do que ele e quaisquer outros líderes, conseguirem para manter a igualdade na fórmula. Lembrar que a Liderança é uma função das três variáveis. Isso quer dizer que as três variáveis devem ser harmônicas e manejadas para resultar numa liderança que mantenha o sinal de igual na equação. Não se enganem. É um desafio enorme.

Vou estar curioso para acompanhar o desempenho do Rogério Ceni. Vou torcer por ele e acredito na sua capacidade de, embora jovem e inexperiente na função de técnico de um grupo famoso como o do Flamengo, conseguir sair do outro lado do túnel vitorioso e reconhecido. Ele está entrando menor do que a função, mas tem tudo para sair maior (clique aqui para conhecer o conceito).

Fiz questão de escrever e publicar o post antes da estreia do Ceni exatamente contra sua ex-equipe, o São Paulo. Não sei qual será o resultado, mas uma coisa vai acontecer, o grupo dará resposta positiva à mudança do técnico. Grupos vencedores querem vencer, por óbvio e Rogério terá, em princípio, toda boa vontade dos atletas para ajustar a equação da liderança.

2 comentários:

  1. Exercer um cargo de liderança não é fácil. Não importa o cargo, liderar um pequeno time de pessoas em uma gerência de pouca relevância ou liderar a maior Equipe de futebol do planeta, a posição do líder será sempre difícil.
    Penso que, dentro da equação proposta, o importante é situação. Explico minha posição: o bom time quando em situação de desequilíbrio pode derrubar um bom líder que não entenda a situação; o bom time, equilibrado, pode ressaltar as qualidades de um líder mediano que entenda a situação na qual está inserido.
    Voltando ao exemplo do artigo, o Flamengo, temos uma situação pitoresca. Domènec, um técnico de qualidade reconhecida, assumiu uma ótima equipe, mas não soube lidar com a situação. Chegou ao Flamengo para tampar um buraco deixado por Jesus.
    Rogério Ceni, um grande técnico em ascensão, assume uma grande equipe desequilibrada. Situação completamente diferente. Como dito no artigo, o novo líder chegou humilde, pedindo ingresso ao grande Ídolo da Nação. Demonstrou que entendeu a variável “Situação”.
    Agora é aguardar para ver se o novo líder é aceito pela equipe. As primeiras notícias dão a entender que já foi aceito.
    Mais um grande artigo publicado no Oficina de Gerência. Parabéns!

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    1. Meu caro Isaac de Porthau, seu comentário traduz exatamente a mensagem que quis passar no post. Fico feliz por isso. Obrigado pela visita e pelo comentário. Seja bem vindo e volte sempre.

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Convido você, caro leitor, a se manifestar sobre os assuntos postados na Oficina de Gerência. Sua participação me incentiva e provoca. Obrigado.