Gostei do conceito de "ditador interno". Não tinha pensado nisso antes de ler o artigo abaixo, que conheci no Estadão e transcrevi aqui no blog.
O "ditador interno" existe em cada um de nós; em alguns, mais intenso e em outros, mais enrustido, mas que ele está lá, dentro de nossas mentes, não há dúvidas. Ninguém está imune.
E não é fácil silenciá-lo. Ele é resistente, resiliente, teimoso, vaidoso, arrogante e incansável. Ou seja, reflete parte de nossas formas de ver a vida com defeitos e virtudes. Temos contínua convivência com esse tirano que pretende nos dominar; e de vez em quando consegue.
Os métodos para que lhe impeça de agir com serenidade e sabedoria passam por muito treinamento, diria melhor, autotreinamento.
As situações em que esse déspota se apresenta podem ser quaisquer; nos mais diversos contextos, cenários ou ambientes. No trabalho, em família ou socialmente. Não há limites para esse personagem nos atrapalhar. Ele é abusivo, arbitrário, implacável, intolerante, prepotente e repressor. Já fui - e confesso que ainda sou, por vezes - sua vítima.
Não o despreze. Pode ser fatal
para sua carreira profissional ou seus relacionamentos pessoais.
- O primeiro passo para conseguir conviver
com o seu perfil de ditador interno, é reconhecer que ele existe e quais
suas características.
- O segundo passo é saber sob quais
circunstâncias e cenários ele aparece na sua vida.
- O terceiro passo é identificar como
segurar e conter suas, digamos, aparições, quase sempre intempestivas e predadoras.
Não pense que seja uma tarefa fácil. Não é! Se você se decidir a dominá-lo verá que vai ser necessária dedicação e atenção com o seu ser interior. O seu tirano íntimo é matreiro e escorregadio. Quando você pensa que ele está sob controle, relaxa e vai ser surpreendido com um rompante incontrolável.
O artigo abaixo, longo como deve ser, para abordar um tema como esse, é pródigo em exemplos e dicas sobre como "domesticar" essa criatura que existe dentro de você e insiste em ser dominante na sua personalidade.
Vale a pena lê-lo, mas, se for preguiçoso para leituras mais extensas nem comece agora. Deixe para outra oportunidade. Não recomendo, mas terá pouca eficácia se quebrar a leitura ou cansar no meio, por falta de hábito ao se concentrar em conteúdos extensos.
O autor do artigo é um
expert, Ricardo Basaglia, headhunter com 17 anos de
atuação destacada no mercado e hoje CEO da Michael Page, uma das mais importantes empresas
de recrutamento do mundo (clique aqui também). Só para provocar sua
curiosidade transcrevo abaixo um pequeno trecho do depoimento dele:
- "Hoje, como CEO da Michael Page,
maior empresa de recrutamento de executivos da América Latina, quando sou
questionado sobre dicas para obter sucesso na carreira, esta é uma das
respostas que mais costumo dar: saiba ouvir, cresça em silêncio."
Em um mundo repleto de vozes, conversas e ruídos que competem pela nossa atenção, se torna difícil manter o foco. E a desatenção que resulta disso prejudica diretamente a sua evolução de carreira. Para se reorientar, quem serve de bússola é o silêncio.
Essa percepção não é um mero palpite; ela é apoiada por 17 anos de experiência como headhunter na Michael Page, em que conversei com mais de 10 mil profissionais, entre cafés, entrevistas e reuniões.
Hoje, como CEO da Michael Page, maior empresa de recrutamento de executivos da América Latina, quando sou questionado sobre dicas para obter sucesso na carreira, esta é uma das respostas que mais costumo dar: saiba ouvir, cresça em silêncio. A importância disso antecede até mesmo o hiperestímulo provocado pelo avanço tecnológico e o predomínio das notificações e das mídias em nossas vidas. Vamos dar um passo atrás e considerar a evolução da humanidade.
O sucesso depende, sim, da comunicação eficaz. E a habilidade de se comunicar pressupõe a capacidade de ouvir. Imagine nossos ancestrais, nômades, cuja sobrevivência dependia majoritariamente da escuta ativa. Se falhassem em escutar o som enunciado e identificar a aproximação de um predador, suas chances de sobrevivência seriam mínimas.
A escuta nunca foi um luxo; era uma necessidade existencial. E, embora os riscos atuais sejam diferentes hoje, o valor intrínseco da escuta permanece, tanto para a sobrevivência biológica quanto para a prosperidade social e profissional.
De acordo com a teoria da evolução, as características que conferem vantagens adaptativas tendem a se tornar mais comuns em uma população ao longo das gerações, porque os indivíduos com essas características têm maior probabilidade de sobreviver e reproduzir.
Costumo dizer que as empresas são organismos vivos que refletem as transformações da sociedade. Se replicarmos essa evolução no meio corporativo, teremos organizações mais adaptáveis e aptas a superar as adversidades impostas pela disrupção exponencial que experienciamos hoje. Quantas vezes, no ímpeto de mostrar proatividade, você assumiu um papel que, durante a execução, se viu incapaz de dominar? Já se pegou interrompendo alguém antes de a pessoa terminar de falar, simplesmente por achar que não era relevante?
Na ânsia de avançar na carreira, você pode estar sendo eloquente demais, falando em excesso e atrasando o seu crescimento.
O Comandante McRaven, das Forças Especiais dos Estados Unidos, também ressaltou a importância desta habilidade. Em uma entrevista (clique no link para conhecer que vale a pena) para o U.S. Naval Institute, McRaven afirmou que uma das principais habilidades de um líder é saber ouvir — caso contrário, ele não entenderá corretamente a missão a ser executada, muito menos será capaz de apoiar seus subordinados na execução.
Um dos grandes desafios da escuta é aprender a silenciar nosso diálogo interno, repleto de julgamentos e conclusões precipitadas. Foto: Albert Shakirov |
Ok, sei que você deve encarar várias trincheiras e desafios no seu dia a dia, mas nenhum equivale a literalmente conduzir um exército em uma guerra — assim espero… Porém a essência é a mesma.
Um dos grandes desafios da escuta é aprender a silenciar nosso diálogo interno, repleto de julgamentos e conclusões precipitadas, para entender o que realmente está sendo dito e, sobretudo, enxergar valor nisso. Afinal, a “ideia ridícula” que você estava tão ansioso para descartar poderia muito bem ser a resposta pela qual estava procurando. Mas como silenciar o nosso pequeno ditador interno, que acredita saber mais do que os outros e anseia por se sobressair? Aqui vão algumas dicas para colocar em prática durante as conversas no seu dia a dia:
- Mantenha contato visual: Isso demonstra que você está totalmente engajado na conversa.
- Não interrompa: Permita que seu interlocutor expresse ideias e pensamentos com tranquilidade.
- Faça perguntas esclarecedoras: Isso não só demonstra que você está prestando atenção, mas também ajuda a entender melhor o ponto de vista do outro.
- Repita o que foi dito: Em suas próprias palavras, resuma o que você entendeu. Isso assegura que ambos estão na mesma página.
- Elimine distrações: Desligue o telefone, feche as abas do navegador e dedique sua atenção total ao seu interlocutor.
Na próxima vez em que você se encontrar em uma sala repleta de vozes competindo por atenção, lembre-se: quanto mais souber ouvir, mais cedo irá comemorar seu crescimento profissional.
Richard Branson, fundador do Virgin Group, um dos conglomerados mais bem-sucedidos do mundo, falou em entrevista que ouvir é uma das habilidades mais importantes que alguém pode ter. A escuta é uma disciplina que requer prática e paciência. E também uma habilidade que pode diferenciá-lo em um mundo cada vez mais ruidoso e distraído.
Em meio a tanto barulho, você está pronto para evoluir — e ouvir — junto com a sua empresa?
Partirei da premissa da Função de Liderança, representada pela equação L = f (s, g, l), "s"(situação ou circunstância que cerca o líder), “g" (pessoas) e l (próprio líder). Esse conceito já foi brilhantemente ensinado, aqui mesmo, no Oficina de Gerência. Dito isso, creio que devemos sintonizar nosso “Ditador Interno”, com a Função de Liderança e, igualmente, devemos ajustar nosso perfil “Ditador” de acordo com a situação e equipe envolvida.
ResponderExcluirMas para isso, o autoconhecimento é fundamental, especialmente para entender nosso estilo e atitude de liderança. Ademais, devemos aprender a aprender, começando pela singela ação de ouvir e focar no próximo. Nem sempre é simples, pois gostamos de “escutar nossa voz”, mas algumas ferramentas estão disponíveis para quebrar a Autocracia e transformá-la em liderança focada, comunicativa, inspiradora e assertiva.
Mas quais seriam tais ferramentas? A primeira seria o próprio Oficina de Gerência, que gera valor ao leitor, pois está repleto de ensinamentos gratuitos e de alto impacto. Segunda dica, exercite as pequenas ações do artigo e as adote como um “mantra”: mantenha contato visual, não interrompa, faça perguntas esclarecedoras, repita o que foi dito e elimine distrações. Terceira ferramenta: procure um mentor(a) de confiança, que vai instruir novos caminhos, compartilhar a experiência, orientar no desenvolvimento assertivo e inspirar no propósito da liderança.