por Fabiano
Lopes
Boletins eletrônicos, murais, redes sociais, jornais, e-mails, campanha de marketing ou outras ferramentas voltadas para o público interno são interessantes e podem trazer resultados, mas uma comunicação interna bem-sucedida e eficiente não requer necessariamente investimentos pesados em tecnologia ou a criação de inúmeros meios de comunicação. O que fará mesmo diferença para os colaboradores é a comunicação “face a face”. “As pessoas querem ouvir o que lhes é importante e para isso é preciso investir na comunicação orgânica, aquela que acontece de pessoa para pessoa”, diz Viviane Mansi, professora de Gestão da Comunicação Interna da faculdade Cásper Líbero.
Nesse
contexto, o líder tem papel fundamental. Levantamento feito pelo consultor
norte-americano Thomas J. Larkin aponta que as
pessoas se lembram nove vezes mais daquilo que é dito pelo chefe do que aquilo
que veem ou ouvem nos meios de comunicação. Mais que isso, estudo do
pesquisador norte-americano John Kotter indica que 55% dos colaboradores
formam suas percepções sobre uma organização baseando-se na liderança, ou seja,
naquilo que os líderes falam e fazem; enquanto apenas 15% são influenciados
pela mídia formal (intranet, jornais, newsletters, e-mails, etc.). “Por isso, é
preciso que os líderes sejam treinados para serem bons comunicadores”, afirma
Viviane.
No
hospital Albert Einstein essa preocupação existe. “São os líderes que estão no
dia a dia com nossa base de colaboradores, sendo importante que estejam aptos
para comunicar a estratégia da instituição”, diz Luciana Raineri Munaro,
gerente de Ambiente Organizacional e Comunicação Interna. Neste ano, o hospital
está desenvolvendo um trabalho nesse sentido. “O assunto faz parte de nosso
programa de Desenvolvimento de Liderança, sendo discutido a partir da questão
do clima organizacional. Quisemos destacar isso para que nossos líderes
entendessem que uma boa comunicação serve para melhorar o engajamento da
equipe.”
A
executiva explica que, mesmo com essa preocupação para a comunicação entre
pessoas, a instituição possui meios de comunicação interna. Há, por
exemplo, boletim eletrônico mensal e mural dentro da intranet e em
formato físico (atualizado semanalmente). A preocupação com o conteúdo desses
veículos é constante. “Procuramos sempre ouvir o colaborador, por isso, a área
de comunicação interna, que está inserida dentro da diretoria de RH, possui um
escopo maior: o ambiente organizacional”, diz Luciana.
A
gerente destaca, entretanto, que os veículos usados formalmente na comunicação
interna são utilizados apenas para subsidiar a política da área. “Eles são
somente ferramentas.” Para Viviane, da Cásper Líbero, os veículos formais de
comunicação servem para uniformizar posicionamentos. “Eles alinham a visão da
empresa sobre pontos de interesse e ainda servem para contar a história da
companhia”, diz a especialista. Por essa razão, a professora defende a
proximidade da comunicação interna com o RH. “Os dois têm os funcionários como
foco.”
Luiz
Alberto de Farias, professor doutor titular do Departamento de Publicidade,
Relações Públicas e Turismo da Universidade de São Paulo (USP), acredita que o
ideal é que a área sempre seja vinculada estrategicamente ao RH, mas também a
uma área de comunicação independente. “Trabalhos sempre funcionam melhor se
feitos em parceria e por profissionais qualificados, vindos de preferência de
áreas como relações-públicas e comunicação organizacional”, afirma.
Para
especialistas, empresas que têm áreas que trabalham em sintonia obtêm
resultados melhores. “O RH pode conseguir melhor adesão, melhor compreensão de
seus projetos e melhoria de clima se puder se utilizar dos instrumentos e das
técnicas de comunicação. Devem ser áreas irmãs com planejamentos integrados”,
diz Farias.
As
novas tecnologias podem contribuir para essa parceria entre as duas áreas.
“Elas abrem um leque de oportunidades para o RH”, acredita André Ribas,
diretor da SocialBase, empresa de base tecnológica totalmente focada no
desenvolvimento de rede social corporativa. Apesar disso, para o executivo, o
uso de novas tecnologias tem sido um grande desafio para as empresas. “Não pela
dificuldade técnica na utilização, mas pela inércia e insegurança dos
responsáveis em experimentar novos meios.”
Ribas lembra que,
atualmente, os colaboradores das empresas têm acesso a todo tipo de tecnologia
e, mesmo sem o aval corporativo, as utilizam em suas vidas pessoal e
profissional. “Não é possível mais negar esse fenômeno. Pois, mesmo que ele nos
tire da zona de conforto, traz junto uma enorme oportunidade de engajar o
público interno da empresa na busca pela competitividade e sucesso
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