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segunda-feira, 14 de abril de 2008

Bárbaros e incivilizados, com câmeras e microfones...

Hoje, quando o Jornal Nacional, da Rede Globo, iniciou sua inevitável reportagem sobre o caso da morte da garota Isabella, o meu filho, que estava na sala conosco, levantou-se e saiu. Disse que não aguentava mais ver, ouvir, falar e ler sobre o assunto.
Me dei conta, de repente, que a minha sensação e a de todos que estavam na sala e, certamente, a de muitos milhões que estavam, naquele instante, vendo o mesmo jornal foi a mesma. Apesar de tudo continuamos na sala. Como desligar a TV?
Assistir à TV, todavia, não nos impede de comentar e dizer que estamos presenciando "on line" a uma brutalização da notícia. Uma selvageria midiática. É repugnante, para dizer o mínimo, presenciar aquele "formigueiro" de câmeras, microfones e máquinas fotográficas e perguntas cretinas, afluindo como abutres sobre carniça à cata de qualquer pessoa ou "coisa", que se mexa ou pareça se mover, que eles suponham ter algo a ver com o caso. Repulsivo.
O que estamos vendo não é uma cobertura jornalística. É um show de horrores. O pior é que já vimos isso antes. Alguns de vocês ainda devem se lembrar do caso da "Escola Base" em São Paulo, também. E todos sabem o que aconteceu.
Não me alongarei mais, até por motivos óbvios. Todavia, sugiro a leitura do artigo abaixo escrito com o peso da assinatura de Fernando de Barros e Silva, que vem a ser o editor do caderno Brasil da Folha de São Paulo que transcrevi (inclusive imagem) da edição de hoje. Não encontrei nenhum texto que rivalizasse com o seu, na análise - perfeita - desta estupidez que grande parte da mídia comete contra a opinião pública esclarecida do pais.
Quem está administrando essa monstruosidade? Onde estão os chefes de redação, os diretores dos órgãos de imprensa e até seus presidentes? É isso que eles tem para oferecer a nós, leitores? Seus leitores?
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Invasões bárbaras

........ "Não houve, nas últimas duas semanas, assunto capaz de rivalizar com o "caso Isabella". Mesmo quem quis se preservar alheio ou distante acabou de alguma forma tragado pelo turbilhão do noticiário: onipresente nas TVs e nas rádios, freqüentou, na internet, os primeiros lugares de qualquer relação de notícias mais acessadas e recebeu, de jornais e revistas, páginas e mais páginas diárias.
....... Estamos diante de um episódio em que o interesse público tende a ser nulo, mas que mobiliza no grau máximo o interesse do público. E não é simples definir onde termina a demanda por informação e onde a mídia começa a engendrar necessidades psicológicas e/ou sociais.
........ É claro, no caso desses programas parajornalísticos sustentados horas a fio por locutores exaltados e imagens exaustivas, que não se trata mais de informar, mas de entreter o público a qualquer preço. Trata-se, em suma, de alimentar e eventualmente satisfazer curiosidades mórbidas ou taras socialmente toleradas, de estabelecer com o espectador, por meio de truques espetaculosos, uma interação de fundo lúdico, obviamente perversa, mantendo vivas nele a sede de vingança e a sensação de que amanhã sempre tem mais.
....... Mas seria fácil se pudéssemos contrapor com clareza os abusos dessa mídia apelativa e o nosso bom senso. Não é assim. Existem, sim, diferenças de procedimentos e talvez de propósitos, mas seria necessário que nos detivéssemos um pouco mais sobre as identidades. Ou sobre o que nos torna -nós, os "sensatos"- cúmplices ou protagonistas de ações bárbaras.
....... Crianças de quatro, cinco anos são capazes de relatar em detalhes a tragédia de Isabella. Com que recursos processam tamanha violência? Psicólogos nos dão conta de que explodiram os casos de filhos aterrorizados e pais atônitos ou apreensivos com seus próprios limites. E se o casal suspeito e linchado for inocente? São danos irreparáveis e reflexões condenadas diante de tanto som e tanta fúria."
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Um comentário:

  1. Nossos jornais são os jornais dos escândalos. A pobre menina foi brutalmente assassinada durante um período sem caos aéreo e sem casos amorosos do Presidente do Senado. Até existe uma CPI dos Cartões do Governo, mas essa aí nos já sabemos quem são os assassinos.
    Independente do final do caso Isabella, é imperativo que sejam definidos limites. Ou chegaremos ao ponto de matarmos uma Princesa Diana. Como o foco deste blog é gerência, faço uma pergunta. Qual o motivo do poder público no Brasil ser mais reativo que pró-ativo? Eu voto na incompetência dos nossos gestores

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