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domingo, 28 de dezembro de 2014

Papa Francisco jogou duro com os Cardeais da Cúria Romana.


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O Papa Francisco está provocando verdadeiros tsunamis na Cúria Romana. Além das muitas mudanças que está levando a efeito nas relações do Vaticano com o seu próprio público interno, o Papa está alterando a face da Igreja para o resto do mundo com iniciativas e ações que eram impensáveis sob o comando dos dois papas anteriores. Vide, por exemplo, a reaproximação da Igreja com outras religiões, a intervenção transparente no Banco do Vaticano e recentemente o trabalho diplomático feito na reaproximação dos Estados Unidos e Cuba.
No último dia 22 o Papa deu uma nova e vigorosa sacudidela na Cúria. Ao receber em audiência os cardeais, bispos e altos funcionários da Cúria Romana para os tradicionais votos de Boas Festas o Santo Padre, no seu discurso surpreendeu a todos ao se referir às quinze doenças da Cúria. Ao apontar estas quinze doenças ou tentações o Papa Francisco esclarece que não dizem respeito apenas à Cúria Romana mas são um perigo para qualquer cristão, diocese, comunidade, congregação, paróquia e movimento eclesial.

Com uma lucidez dos mais tarimbados executivos o Papa listou os pontos que poluem não só a Cúria do Vaticano, mas todas as comunidades e organizações corporativas que existam na face da terra. E criou algumas expressões que certamente serão muito utilizados pelos palestrantes e autores de assuntos motivacionais e corporativos. Vejamos alguns da lista que está detalhada no artigo abaixo que transcrevi do site da Rádio Vaticano: "Martalismo" - "Alzheimer espiritual" - "Esquizofrenia existencial" e "Cara fúnebre".
Além dessa novidade o Papa citou entre seus quinze pontos alguns já conhecidos que quem vive o universo corporativo como, por exemplo, "excessiva planificação" - "Má Coordenação" - "Mexericos" - "Círculos fechados" e "Cortejar os chefes". Não é notável?
Francisco foi duríssimo com seus cardeais. Não poupou palavras e deu um verdadeiro esporro nos seus próprios eleitores. Leiam como ele diagnosticou aqueles que têm a doença da "Esquizofrenia Existencial: “vivem uma vida dupla fruto da hipocrisia típica do medíocre e do progressivo vazio espiritual que licenciaturas e títulos acadêmicos não podem preencher”.  E dos Mexericos (nossa tradicional fofoca) o que ele disse? "Nunca é demais falar desta doença. Podem ser homicidas a sangue frio. É a doença dos velhacos que não tendo a coragem de falar diretamente falam pelas costas. Defendamo-nos do terrorismo dos mexericos";

Dá para imaginar ódio que o Papa Francisco despertou nos poderosos cardeais da Cúria Romana! As reações ainda estão por vir. Como tudo que acontece (ou acontecia...) naquela corporação as oposições e resistências serão veladas e silentes. É a fama do Vaticano. Tomara que não aconteça!
Mas vamos ao que nos interessa. Recomendo a todos os "habitantes" dos mundos corporativos que leiam com atenção os quinze pontos elencados. Raramente se verá novamente uma autoridade do porte do Papa e um Chefe de Estado que ele também o é, divulgar para o mundo as mazelas ou “doenças” (como ele mesmo definiu) com tanta abertura. Que sirva de exemplo para todos quantos exercem posição de comando, conhecem as “doenças” de suas corporações e não têm coragem de enfrentá-las.



(22/12/2014) 
O Papa Francisco recebeu em audiência na Sala Clementina os membros da Cúria Romana para os tradicionais votos de Boas Festas. No seu discurso o Santo Padre referiu as quinze doenças da Cúria convidando todos a pedirem perdão a Deus que “nasce na pobreza da gruta de Belém para nos ensinar a potência da humildade”. O Papa pede um verdadeiro exame de consciência na preparação do Natal.

Ao apontar estas quinze doenças ou tentações o Papa Francisco esclarece que não dizem respeito apenas à Cúria Romana mas são um perigo para qualquer cristão, diocese, comunidade, congregação, paróquia e movimento eclesial.

O Papa Francisco observou que “seria belo pensar na Cúria Romana como um pequeno modelo de Igreja, ou seja, como um corpo que tenta seriamente e quotidianamente de ser mais vivo, mais são, mais harmonioso e mais unido em si próprio e com Cristo.”

O Santo Padre afirmou ainda a Igreja não pode viver sem ter uma relação vital, pessoal e autêntico com Cristo. “Vai nos ajudar o catálogo das doenças, na esteira dos padres do deserto” – afirmou o Papa Francisco que passou a apresentar as quinze doenças ou tentações:
  1. Sentir-se imortal ou indispensável – “Uma Curia que não faz auto-crítica, que não se atualiza é um corpo enfermo”. É o “complexo dos eleitos, do narcisismo”;   
  2. Martalismo – provêm de Marta – é a doença do excesso de trabalho – os que trabalham sem usufruírem do melhor. A falta de repouso leva ao stress e à agitação;
  3. A mentalidade dura – ou seja, quando se perde a serenidade interior, a vivacidade e a audácia e nos escondemos atrás de papeis, deixando de ser “homens de Deus”;
  4. A excessiva planificação – “quando o Apóstolo planifica tudo minuciosamente e pensa que assim as coisas progridem torna-se num contabilista”. É a tentação de querer pilotar o Espírito Santo;
  5. Má coordenação – quando se perde a comunhão e o “corpo perde a sua harmoniosa funcionalidade”;
  6. O Alzheimer espiritual – esquecer a história do encontro com Deus. Perda da memória com o Senhor. Criam muros e são escravos de ídolos.
  7. Rivalidade e vã glória – quando o objetivo da vida são as honorificiências. Leva-nos a ser falsos e a viver um falso misticismo.
  8. Esquizofrenia existencial – “vivem uma vida dupla fruto da hipocrisia típica do medíocre e do progressivo vazio espiritual que licenciaturas e títulos acadêmicos não podem preencher”. Burocratismo e distância da realidade. Uma vida paralela.
  9. Mexericos – nunca é demais falar desta doença. Podem ser homicidas a sangue frio. “É a doença dos velhacos que não tendo a coragem de falar diretamente falam pelas costas”. Defendamo-nos do terrorismo dos mexericos;
  10. Cortejar os chefes – Carreirismo e oportunismo. “Vivem o serviço pensando unicamente àquilo que devem obter e não ao que devem dar”. Pode acontecer também aos superiores;
  11. Indiferença perante os outros – quando se esconde o que se sabe. Quando por ciúme sente-se alegria em ver a queda dos outros em vez de o ajudar a levantar”;
  12.  Cara fúnebre – para ser sérios é preciso ser duros e arrogantes. “A severidade teatral e o pessimismo estéril são muitas vezes sintomas de medo e insegurança”. “O apóstolo deve esforçar-se por ser uma pessoa cortês, serena, entusiasta e alegre e que transmite alegria...”. “Como faz bem uma boa dose de são humorismo”;
  13. Acumular bens materiais – “Quando o apóstolo tentar preencher uma vazio existencial no seu coração acumulando bens materiais, não por necessidade, mas só para sentir-se seguro”;
  14. Círculos fechados – viver em grupinhos. Inicia com boas intenções mas faz cair em escândalos;
  15. O lucro mundano e exibicionismo – “quando o apóstolo transforma o seu serviço em poder e o seu poder em mercadoria para obter lucros mundanos ou mais poder.
O Papa Francisco concluiu o seu discurso recordando de ter lido uma vez que “os sacerdotes são como os aviões, fazem notícia só quando caiem...”. “Esta frase” – observou o Papa – “é muito verdadeira porque delineia a importância e a delicadeza do nosso serviço sacerdotal e quanto mal poderia causar um só sacerdote que cai a todo o Corpo da Igreja” 

http://pt.radiovaticana.va/news/2014/12/22/papa_%C3%A0_c%C3%BAria_doen%C3%A7as_e_tenta%C3%A7%C3%B5es_para_exame_de_consci%C3%AAncia/1115679