Violeta Parra pode ser considerada a mãe da canção comprometida com a
luta dos oprimidos e explorados, tendo sido autora de páginas
inapagáveis, como a canção "Volver a los 17", que mereceu uma antológica
gravação de Milton Nascimento e Mercedes Sosa. Outra de suas canções,
"La Carta", cantada em momentos de enorme comoção revolucionária, nas
barricadas e nas ocupações, tem entre os seus versos o que diz "Os
famintos pedem pão; chumbo lhes dá a polícia".
Mas suas canções não apenas são marcadas por versos demolidores contra toda a injustiça social. O lirismo dos versos de canções como "Gracias a la vida" (gravada também por Elis Regina) embalou o ânimo de gerações de revolucionários latino-americanos em momentos em que a vida era questionada nos seus limites mais básicos, assim como a letra comovedora de "Rin de Angelito", quando descreve a morte de um bebê pobre: "No seu bercinho de terra um sino vai te embalar, enquanto a chuva te limpará a carinha na manhã". [texto extraído da Wikipédia na página dedicada a Violeta Parra].
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Confesso sem
constrangimento que simplesmente não consigo dominar a emoção ao ouvi-la cantando Gracias a
La Vida.
Coloquei dois vídeos no post. Ambos com ela cantando a mesma canção em dois períodos de sua vida. O primeiro vídeo foi gravado no melhor momento (1973) de La Negra ao interpretar essa canção que gravou em 1970 e popularizou a arte de Violeta Parra. Ali, como fica claro no vídeo, Mercedes Sosa estava no auge de sua energia e de seu prestígio e ainda longe dos últimos dias quando se apresentava - e cantou até a sua morte - já visivelmente consumida pela enfermidade que a atingiu duramente.
No segundo vídeo, já no final de sua trajetória, ela canta com Joan Baez. Ainda com a voz firme, mas naturalmente já sentindo o peso da idade e da precária saúde. Coloquei também logo abaixo dos vídeos as letras em espanhol e a tradução em português.
Ouçam e revivam a arte dessa cantante extraordinária que continua - mesmo após sua morte em 2009 - encantando e emocionando a todos com suas memoráveis interpretações.
Gracias a la vida,
Que me ha dado tanto,
Me dio dos luceros,
Que cuando los abro,
Perfecto distingo
Lo negro del blanco,
Y en el alto cielo,
Su fondo estrellado.
Y en las multitudes,
El hombre que amo.
Gracias a la vida,
Que me ha dado tanto,
Me ha dado el sonido,
Y el abecedario,
Con el las palabras,
Que pienso y declaro,
Madre, amigo, hermano,
Y luz alumbrando,
La ruta del alma,
De que estoy amando.
Gracias a la vida,
Que me ha dado tanto,
Me ha dado la marcha,
De mis pies cansados,
Con ellos anduve,
Ciudades y charcos,
Playas y desiertos,
Montañas y llanos,
Y la casa tuya,
Tu calle y tu patio.
Gracias a la vida,
Que me ha dado tanto,
Me dio el corazón,
Que agita su marco,
Cuando miro el fruto,
Del cerebro humano,
Cuando miro al bueno,
Tan lejos del malo,
Cuando miro el fondo,
De tus ojos claros.
Gracias a la vida,
Que me ha dado tanto,
Me ha dado la risa,
Y me ha dado el llanto,
Así yo distingo,
Dicha de quebranto,
Los dos materiales,
Que forman mi canto,
Y el canto de ustedes,
Que es el mismo canto.
Y el canto de todos,
Que es mi propio canto
Gracias a la vida,
Gracias a la vida.
Gracias a la vida,
Gracias a la vida.
@
Graças À Vida
Graças à vida que me deu tanto
Me deu dois olhos que quando os abro
Distingo perfeitamente o preto do branco
E no alto céu seu fundo estrelado
E nas multidões o homem que eu amo
Me deu dois olhos que quando os abro
Distingo perfeitamente o preto do branco
E no alto céu seu fundo estrelado
E nas multidões o homem que eu amo
Graças à vida que me deu tanto
Me deu o som do alfabeto
E com ele as palavras que eu penso e declaro
Mãe amigo irmão
E luz iluminando, o caminho da alma de quem estou amando
Me deu o som do alfabeto
E com ele as palavras que eu penso e declaro
Mãe amigo irmão
E luz iluminando, o caminho da alma de quem estou amando
Graças à vida que me deu tanto
Me deu a marcha de meus pés cansados
Com eles andei cidades e charcos
Praias e desertos, montanhas e planícies
E a casa sua, sua rua e seu pátio
Me deu a marcha de meus pés cansados
Com eles andei cidades e charcos
Praias e desertos, montanhas e planícies
E a casa sua, sua rua e seu pátio
Graças à vida que me deu tanto
Me deu o coração, que agita seu corpo
Quando olho o fruto do cérebro humano
Quando olho o bom tão longe do mal
Quando olho o fundo de seus olhos claros
Me deu o coração, que agita seu corpo
Quando olho o fruto do cérebro humano
Quando olho o bom tão longe do mal
Quando olho o fundo de seus olhos claros
Graças à vida que me deu tanto
Me deu o riso e me deu o pranto
Assim eu distingo fortuna de falência
Os dois materiais que formam meu canto
E o canto de vocês que é o mesmo canto
E o canto de todos que é meu próprio canto
Graças à vida, graças à vida
Graças à vida, graças à vida
Me deu o riso e me deu o pranto
Assim eu distingo fortuna de falência
Os dois materiais que formam meu canto
E o canto de vocês que é o mesmo canto
E o canto de todos que é meu próprio canto
Graças à vida, graças à vida
Graças à vida, graças à vida