Agitação, correria, trânsito. Problemas no trabalho, contas a pagar e negócios para administrar. Rotina da maioria dos brasileiros e - por que não dizer? - da maioria das pessoas de todo o mundo. Com uma vida nesse ritmo, o que causa espanto é não ser estressado em pelo menos um dos 365 dias do ano. Assim, foi reservado um dia especial para eles: os estressados! Dia 3 de agosto, dia de aproximadamente 70% dos profissionais ativos no mercado de trabalho - um número muito alto e que merece ser discutido. Ana Maria Rossi, psicóloga especializada em estresse e presidente da ISMA Brasil (International Stress Management Association), afirma que, segundo pesquisa da entidade, cerca de 30% dos profissionais estressados sofrem do nível mais elevado de estresse, também chamado de
burn-out. Trata-se de um nível mais sério, que pode ser observado por três reações principais:
Ceticismo – falta de esperança, de crença em algo.
Exaustão física, mental e emocional – o profissional sai de férias, tem um feriado prolongado, mas não consegue se desligar e não descansa.
Ineficiência – o profissional tem uma produção marginal, ele se torna incapaz de produzir com qualidade.
Para Ana Maria, a sobrecarga no trabalho é uma das principais causas do estresse e o posicionamento do mercado vem colaborando muito para isso. "O mercado de trabalho está cada vez mais hostil, competitivo e, na maioria das vezes, a falta de segurança, que é cada vez mais freqüente, ajuda muito nesse acúmulo de estresse no profissional", explica.
A EMPRESA PERDE
Não é apenas o funcionário que perde e é prejudicado com o estresse. A empresa é uma das primeiras atingidas com esse problema. Profissional estressado é sinal de prejuízo, e não apenas em termos de queda na produtividade. O problema vai além e pode mexer no caixa da empresa. "Estudos indicam que, nos Estados Unidos, as empresas chegam a gastar US$ 300 bilhões [cerca de R$ 600 bilhões] anualmente com problemas relacionados ao estresse. Aqui no Brasil, o valor equivale a 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto) anual nacional", afirma Ana Maria. Apesar do grande prejuízo que as empresas têm, anualmente, por causa do estresse, a maioria delas não está focada no problema e ainda não tomou as providências necessárias. "Menos de 5% das empresas brasileiras têm um programa regular de qualidade de vida para seus funcionários", alerta a psicóloga.
SENTINDO NA PELE
Renata Agostine se considera uma pessoa estressada. Ela é estilista, trabalha de seis a oito horas diariamente e o seu dia-a-dia no ambiente de trabalho, às vezes, a estressa bastante. Apesar de enumerar diversas situações que a deixam irritada e que fazem seu nível de estresse subir, existe algo que ela considera como fator crítico de estresse: "O cumprimento de prazo! A falta de responsabilidade com prazo é uma coisa que me irrita bastante", enfatiza. Renata diz não ter a qualidade de seu trabalho afetada pelo estresse. Muito pelo contrário: ela se estressa quando coisas externas interferem nessa qualidade. "O que me irrita é atrasar o meu trabalho.Ter de fazer o trabalho de outra pessoa e interferir no meu, que poderia ter ficado muito melhor, se eu não tivesse parado para fazer outra coisa", conta Renata. Bem-humorada e comunicativa, ela faz cair todas as afirmações de que pessoas estressadas são mal-humoradas e bravas. Ela ri de seu próprio estresse e diz que a maioria das pessoas ao seu redor faz o mesmo: "As pessoas acham graça. Eu busco não passar isso para os outros, por esse motivo que eu me considero muito mais estressada do que a maioria das pessoas pensa que eu sou", brinca.
CONVERSANDO COM O ESPECIALISTA
Danielli Haddad, cardiologista e coordenadora do Centro de Acompanhamento da Saúde e Check-Up do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, é especialista quando o assunto é estresse. Ela listou as mais freqüentes e principais conseqüências do problema:
Infarto;
Alterações de sono;
Alterações de memória;
Acidentes no transito – devido à irritabilidade causada pelo estresse;
Distúrbios intestinais;
Queda de cabelo;
Alterações de peso – ou emagrece ou engorda demais;
Possibilidade de desencadear pânico.
LIDANDO COM O ESTRESSE
Para a cardiologista, ser maduro profissionalmente é fator de extrema importância para conseguir lidar melhor com o estresse no ambiente de trabalho. "O profissional precisa entender que as relações interpessoais acabam a partir do momento em que se começa um compromisso profissional", explica. Com o intuito de ajudar todos os profissionais, especialmente na semana do dia dos estressados, Danielli dá dicas de como conseguir lidar da melhor forma com um ambiente de trabalho estressante:
- Não seja agressivo: "Agressividade em momentos de conflitos não cai bem. Então, o melhor é sempre sentar e negociar."
- Organize-se: "Separe o que é urgente e o que é emergente. Tem coisas que podem ser delegadas para a equipe mas, se não tiver essa opção, enumere a ordem de necessidades."
- Almoce! "Tenha, pelo menos, uma hora de almoço. Essa história de comer sanduíche na frente do computador deve ser eliminada."
- Divida as coisas: "Divida a vida pessoal da vida profissional. Não leve problemas de casa para a empresa e nem da empresa para casa. Do contrário, você vai detonar as duas partes da sua vida."
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