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domingo, 2 de março de 2008

A Origem da Corrupção - Stephen Kanitz

Para não me alongar, este artigo do brilhante Stephen Kanitz é um dos mais bem articulados que conheço sobre a questão da corrupção (conheça a sua página oficial: http://www.kanitz.com). Pena que não dá para coloca-lo integralmente aqui no post, mas recomendo fortemente, a quem se interessar pelo tema, que clique no link, ao final do texto para conhece-lo.
Por ter exercido funções de direção no Governo Federal e na iniciativa privada posso dizer que vi e vivenciei muitas situações que poderiam ser apontadas como "de corrupção". Tinham todos os indícios e componentes. Todavia, como os atos de corrupção não deixam registros formais (salvo quando descobertos) é impossível tratar da questão abertamente.
Denunciar corrupção exige nomes, datas, documentos, gravações, provas cabais e concretas. E tudo isto é muito raro de se reunir, por óbvias razões. A expectativa de impunidade também é um fator primordial para a manutenção desse "status quo" perverso na administração pública (principalmente) e privada brasileiras. E é sempre bom registrar que corrupção é algo que remonta às origens das sociedades organizadas pela raça humana. Onde existir dinheiro público ou negócios sendo fechados (grande, médios ou pequenos) haverá sempre a sombra da corrupção. É inevitável.
Por isto o artigo do Stephen Kanitz, escrito em 1999 (nada mudou...), vai no âmago da questão. Leiam-no - os interessados - para abrir um pouco mais o leque de entendimento desta "doença endêmica" que aflige o nosso país.
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A Origem da Corrupção
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"O Brasil não é um país intrinsecamente corrupto. Não existe nos genes brasileiros nada que nos predisponha à corrupção, algo herdado, por exemplo, de desterrados portugueses.

A Austrália que foi colônia penal do império britânico, não possui índices de corrupção superiores aos de outras nações, pelo contrário. Nós brasileiros não somos nem mais nem menos corruptos que os japoneses, que a cada par de anos têm um ministro que renuncia diante de denúncias de corrupção.

Somos, sim, um país onde a corrupção, pública e privada, é detectada somente quando chega a milhões de dólares e porque um irmão, um genro, um jornalista ou alguém botou a boca no trombone, não por um processo sistemático de auditoria. As nações com menor índice de corrupção são as que têm o maior número de auditores e fiscais formados e treinados. A Dinamarca e a Holanda possuem 100 auditores por 100.000 habitantes. Nos países efetivamente auditados, a corrupção é detectada no nascedouro ou quando ainda é pequena. O Brasil, país com um dos mais elevados índices de corrupção, segundo o World Economic Forum, tem somente oito auditores por 100.000 habitantes, 12.800 auditores no total. Se quisermos os mesmos níveis de lisura da Dinamarca e da Holanda precisaremos formar e treinar 160.000 auditores."
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"Países avançados colocam seus auditores num pedestal de respeitabilidade e de reconhecimento público que garante a sua honestidade..."
"Uma mãe inglesa e americana sonha com um filho médico, advogado ou contador público. No Brasil, o contador público foi substituído pelo engenheiro..."
"Bons salários e valorização social são os requisitos básicos para todo sistema funcionar, mas no Brasil estamos pagando e falando mal de nossos fiscais e auditores existentes e nem ao menos treinamos nossos futuros auditores..."
"Como o custo da auditoria é muito grande para ser pago pelo cidadão individualmente, essa é uma das poucas funções próprias do estado moderno..."


"O capitalismo remunera quem trabalha e ganha, mas não consegue remunerar quem impede o outro de ganhar roubando. Há quem diga que não é papel do Estado produzir petróleo, mas ninguém discute que é sua função fiscalizar e punir quem mistura água ao álcool. Não serão intervenções cirúrgicas (leia-se CPIs), nem remédios potentes (leia-se códigos de ética), que irão resolver o problema da corrupção no Brasil. Precisamos da vigilância de um poderoso sistema imunológico que combata a infecção no nascedouro, como acontece nos países considerados honestos e auditados. Portanto, o Brasil não é um país corrupto. É apenas um país pouco auditado..." (continua)
(leia o artigo completo no link A Origem da Corrupção - Stephen Kanitz)*
* Este artigo foi publicado na Revista Veja, edição 1600, ano 32, nº 22, de 2 de junho de 1999, página 21.
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