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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Você diz que não sabe ou parte para o "embromation"?


 Saber dizer "Não Sei" é uma habilidade necessária.
(autor Herbert Drummond)

A questão que encerra uma das muitas verdades ocultas no mundo corporativo é a falta de coragem que os subordinados têm, quando perguntados sobre algo de seu trabalho que não sabem ou lembram, de simplesmente dizer ao chefe que... Não lembram ou não sabem. Parece um exagero não é mesmo? Porque é tão difícil simplesmente dizer "Não sei, vou procurar saber e lhe informar".  
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Esta situação tornou-se um tabu entre os empregados e empregadores, chefes e subordinados. Já vi situações vexatórias acontecerem por conta dessa incapacidade de um funcionário dizer que não sabe algo que na opinião do seu chefe ele deveria saber. Na verdade essa é a questão. Quando o chefão pergunta algo "significa" que o aflito subordinado "é obrigado" a saber a resposta.

No início da minha carreira já passei por isso algumas vezes e em todas que eu não sabia "chutei" as respostas. Não sabia mesmo e não querendo passar por desinformado acerca do "meu negócio" respondia algo que satisfizesse o patrão e pronto. Normalmente era um "chute" que ou passava perto do gol ou batia na trave. Na maioria das vezes, algum tempo depois, ele nem lembrava mais do fato. Em outras oportunidades - se a questão fosse importante - eu procurava a resposta correta e em seguida chegava junto do chefe e ao pé do ouvido lhe dava a informação correta.

Circunstâncias Especiais
Normalmente essas situações ocorrem em circunstâncias especiais. Lembro-me de uma delas. Eu era o engenheiro-chefe de uma determinada obra no interior da Bahia e o dono da construtora para quem eu trabalhava veio acompanhando a visita do presidente da empresa pública  que nos contratara. Imagine aquela comitiva de umas 30 pessoas e o dono da empresa (meu patrão) ao lado da obra, explicando ao presidente como ela funcionava, dando detalhes e montando aquele clima de "está tudo bem, não se preocupe que estamos cuidando bem do contrato. Somos de confiança". 

De repente o patrão não soube explicar algum detalhe da obra – era um enorme canal de concreto para transporte de água para irrigação - e me perguntou de chofre qual o volume e a velocidade da água naquele trecho. Eu tinha uma idéia, mas não sabia com exatidão a resposta. Já estava "treinado" para situações semelhantes e não hesitei um segundo. Respondi na bucha, com aquela convicção dos que não sabem, os números que, achei, fossem satisfatórios para dar continuidade ao "show" do meu chefe. E assim aconteceu. Usei a famosa "coragem da ignorância".

Graças a Deus ninguém me corrigiu porque a verdade - descobri depois - estava longe do que eu respondera. 

Durante muito tempo fiquei no trauma de saber se eu deveria ou não saber a resposta. Nunca mais ninguém se lembrou do fato e muito tempo depois eu relembrei ao meu empregador e nem ele se recordava mais do acontecido. Riu muito, me elogiou pela presença de espírito e ficou por isso mesmo.

Fiquei imaginando como teria sido se eu tivesse respondido com um "Não sei"... Na época (e ainda hoje, infelizmente, é assim também) o mandamento corporativo era (e ainda é) "nunca deixe uma pergunta do chefe sem resposta". 

Naquela circunstância tenho certeza de que seria uma ducha de água fria na empolgada exposição do meu chefe e eu teria sido mal avaliado ali, no momento, por um episódio sem nenhuma importância. Hoje, mais experiente e traquejado, eu certamente diria que não lembrava e vejo que não teria as consequências que eu imaginara. 

Há muitos anos livrei-me daquele "mandamento". Contou a meu favor a experiência de vida, a maturidade, o meu currículo e todo o cabedal de conhecimentos que fui adquirindo ao longo da minha carreira. Por isso é que o Antônio Ermírio diz com razão, no artigo abaixo, que é muito difícil dizer "não sei". É mesmo! Todavia não se permitam considerar que essa dificuldade seja intransponível. 

Credibilidade é o foco
Podem crer que a diferença entre os técnicos que têm conceito alto com suas chefias e os outros, passa por esses "aparentes" pequenos detalhes. Na verdade o grande personagem sobre o qual estamos discutindo chama-se credibilidade. Ao se dar um "chute", uma resposta evasiva ou promover uma embromação o profissional estará colocando em jogo sua capacidade de decidir e de assumir riscos. Ao longo da carreira isto será parte de sua "grife" e muitas oportunidades deixarão de lhe ser oferecidas e ele nem saberá quais foram.

Não posso também, ao encerrar esse meu comentário, deixar de alertar àqueles que exerçam funções de comando para que não coloquem seus subordinados em situações constrangedoras com questionamentos que não são obrigados a saber para responder na hora. Os chefes também, serão mal avaliados pelos seus subordinados e por seus superiores por essas práticas. E posso afiançar que também já tive muitos chefes assim.

O artigo abaixo, que transcrevo aqui, como ilustração, foi escrito pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes para a revista Exame e é antigo. Eu já o tinha lido em algum lugar e nem lembrava mais dele. Dei uma nova olhada e resolvi que poderia produzir um post com ele. É um texto inteligente, bem humorado, criativo e direto. 



http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/foto/0,,16068280,00.jpg
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A ARTE DE DIZER "NÃO SEI

“Se você ainda não sabe qual é a sua verdadeira vocação, imagine a seguinte cena:

Você está olhando pela janela, não há nada de especial no céu, somente algumas nuvens aqui e ali. Aí chega alguém que também não tem nada para fazer e pergunta:

- Será que vai chover hoje?

Se você responder “com certeza”… a sua área é Vendas:

O pessoal de Vendas é o único que sempre tem certeza de tudo.

Se a resposta for “sei lá, estou pensando em outra coisa”… então a sua aérea é Marketing:
O pessoal de Marketing está sempre pensando no que os outros não estão pensando.

Se você responder “sim, há uma boa probabilidade”… você é da área de Engenharia:
O pessoal da Engenharia está sempre disposto a transformar o universo em números.

Se a resposta for “depende”… você nasceu para Recursos Humanos:
Uma área em que qualquer fato sempre estará na dependência de outros fatos.

Se você responder “ah, a meteorologia diz que não”… você é da área de Contabilidade:
O pessoal da Contabilidade sempre confia mais nos dados do que nos próprios olhos.

Se a resposta for “sei lá, mas por via das dúvidas eu trouxe um guarda-chuvas”:
Então seu lugar é na área Financeira que deve estar sempre bem preparada para qualquer virada de tempo.

Agora, se você responder “não sei”…há uma boa chance de que você tenha uma carreira de sucesso e acabe chegando à diretoria da empresa.

De cada 100 pessoas, só uma tem a coragem de responder “não sei” quando não sabe.
Os outros 99 sempre acham que precisam ter uma resposta pronta, seja ela qual for, para qualquer situação.

“Não sei” é sempre uma resposta que economiza o tempo de todo mundo,e pré-dispõe os envolvidos a conseguir dados mais concretos antes de tomar uma decisão.

Parece simples,mas responder “não sei” é uma das coisas mais difíceis de se aprender na vida corporativa.

Por quê?

Eu sinceramente “não sei”.

(Antonio Ermírio de Moraes)



2 comentários:

  1. O que não sei completa o que sei.
    E o que sei existe porque acumulei conhecimento.
    Tive contato com a informação.
    Processei a informação.
    Compreendi a informação.
    A informação virou conhecimento.
    Aí diminui o setor do "não sei" e aumenta o do "sei".
    E isso é uma vergonha?
    Só é quando o ciclo não é realizado.
    Por preguiça ou relaxo, é o fim da picada.
    Afinal, ninguém nasce sabendo.

    SDS

    JB
    Meio preguiçoso em escrever mas sempre lendo...

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    Respostas
    1. Olá Brain! Estava sentindo tua falta. Pensei que tinha "perdido" um dos meus leitores qualificados. Agradeço muito as visitas e os comentários sempre inteligentes e certeiros. Deixe essa preguiça de lado e compareça mais vezes por aqui. É uma enorme alegria saber que você acompanha o modesto esforço desse velho blogueiro. Grande abraço.

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Convido você, caro leitor, a se manifestar sobre os assuntos postados na Oficina de Gerência. Sua participação me incentiva e provoca. Obrigado.