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sábado, 28 de novembro de 2009

Como nasce uma vocação (Revista Veja)



Como nasce uma vocação

Rafael Moraes/CPDOC JB

Teatrinho com os amigos
A atriz Alessandra Negrini descobriu sua vocação
para os palcos nos jogos de infância: "Enquanto
as crianças brincam, vão descobrindo seus gostos
e vocações"

Gênios como o compositor Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) ou o físico Albert Einstein (1879-1955), que parecem ter sido modelados no útero materno para seguir o seu caminho profissional, não somam nem 5% da população. Para a esmagadora maioria das pessoas, a escolha da área em que se formar e trabalhar é um processo marcado por dúvidas e, consequentemente, angústia. Dá para evitá-las? Sejamos claros: não. Mas é possível atenuá-las e sair do impasse mais rapidamente, ao ter em mente que, para escolher sua carreira, você deve levar em conta não só suas habilidades, mas o interesse despertado pelas atividades a elas relacionadas e o sentimento de realização que a sua prática pode proporcionar. Um contraexemplo: por motivos neurológicos, quem tem inclinação para a música costuma apresentar facilidade com números. Daí a afirmar que músicos, portanto, gostam de resolver problemas de cálculo vai uma longa distância. Ou seja, vocação é expressão de uma aptidão, sim, mas desde que concretizada com prazer e criatividade. Como ela nasce? "Da combinação entre a genética, pois os genes determinam a propensão para atividades específicas, e o ambiente em que se cresceu", diz o médico Abram Topczewski, neuropediatra do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
É na infância, principalmente, que as bases biológicas das habilidades são estimuladas e esculpidas, afirma o neuropediatra Mauro Muszkat, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo. A família e a condição socioeconômica têm um peso enorme nesse processo. Quanto mais espaço a criança e o jovem tiverem para experimentar e expressar seus gostos, tanto melhor. A atriz Alessandra Negrini, de 39 anos, teve essa liberdade. Em sua família não há nenhum ator, mas, quando pequena, ela gostava de brincar de teatrinho com os amigos. Na juventude, Alessandra cursou jornalismo, logo abandonado, e fez dois anos de ciências sociais na Universidade de São Paulo. Lá, ao estudar as teorias do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), decidiu, como ela mesma diz, ouvir seu coração: "Quando li o texto de Weber sobre o desencantamento do mundo, imediatamente pensei: ‘O que eu quero é encantar!’". Ressurgiu, assim, a menina teatral. Alessandra largou a USP e passou a se dedicar integralmente à arte dramática. O período na universidade, contudo, não passou em branco. "Ainda uso muito do que aprendi na hora de compor os personagens que interpreto", afirma a atriz.
Sem ambiente favorável, não há como as aptidões genéticas florescerem – e, para ficar no lugar-comum, também nesse caso as exceções só confirmam a regra. Conforme a área, existem períodos na infância mais propícios para dar início ao desenvolvimento de determinadas habilidades (veja o quadro). Mas se há mais de uma aptidão, e com graus de interesse semelhantes, como reconhecer aquela a ser levada em conta no momento de cravar uma profissão? "Aí pode entrar em cena o orientador, que tenta aclarar o panorama para o jovem. Os resultados, em geral, são bons", diz Yvette Lehman, coordenadora do Laboratório de Orientação Profissional da Universidade de São Paulo (veja reportagem na pág. 158). Por último, mas não menos importante, a análise do potencial retorno financeiro da carreira a ser seguida. Trata-se de um item que deve figurar entre as preocupações do candidato a profissional de sucesso. Os especialistas advertem, contudo, que esse não deve ser o aspecto mais relevante. "Inclusive porque as profissões promissoras de hoje talvez não se concretizem como tais amanhã", lembra o pedagogo Silvio Duarte Bock, diretor do Nace Orientação Vocacional. Nas páginas seguintes, VEJA publica um teste vocacional a ser feito pelo jovem leitor que ainda não sabe que rumo tomar. Ele não deve, é claro, ser visto como único parâmetro. 
 
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