Houve ou houveram? Não estão ou Não está? É ou são? O que quiser ou o que quiserem?
Quando usar essa ou aquela concordância? Eu mesmo vivo me atrapalhando! Por isso disse no título do blog que ela (a concordância, coitada...) é uma "traíra".
São recorrentes os erros que cometemos - e os outros também - quando surge uma escolha entre que tipo de regra devemos usar para ajustar sujeitos e verbos na mesma frase.
Diz o axioma da concordância que "O verbo de uma oração deve concordar em número e pessoa com o sujeito,
para que a linguagem seja clara e a escrita esteja de acordo com as
normas vigentes da gramática". Até aí tudo certo.
A questão são as exceções; e parece que na gramática da nossa língua são as exceções que fazem as regras... Brincadeira.
O fato é que vivemos tropeçando nessa ardilosa soberana que é a Concordância Verbal. Por isto trouxe ao blog um excelente post do professor Sérgio Nogueira e "Dicas de Português" que é a fonte que mais consulto nessas questões.
Ele dá várias dicas e começa logo com aquela onde a gente vê mais tropeções em textos e discursos: Houve ou houveram?
Depois dessa leitura estamos proibidos de errar. Boa sorte.
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Eternas dúvidas de concordância
por Sérgio Nogueira |
1ª) Houve OU houveram erros?
Se “houveram erros” é porque HOUVE mais erros do que se imaginava.
O verbo HAVER, no sentido de “existir ou acontecer”, é impessoal (sem
sujeito), por isso deve ser usado somente no singular: “Há muitas
pessoas na reunião”; “Havia mais convidados que o esperado”; “Haverá
muitos candidatos no próximo concurso”; “Ainda haveria alguns problemas
para serem resolvidos”; “HOUVE erros”…
2ª) Nos nossos planos não estão OU não está o atacante?
A regra básica de concordância verbal manda o verbo concordar com o
sujeito. No caso, quem não está nos nossos planos é o atacante. Isso
significa que o sujeito (o atacante) está no singular. A concordância
correta, portanto, deve ser feita no singular: “Nos nossos planos não
ESTÁ o atacante”.
Esse tipo de erro acontece com muita frequência quando o sujeito está
invertido (depois do verbo): “ACONTECERAM (e não “aconteceu”) dois
acidentes nesta esquina”; “SURGIRAM (e não “surgiu”), após muitas
discussões, duas propostas para resolver o problema”; “SEGUEM ANEXAS (e
não “segue anexo”) as notas fiscais”; “ESTÃO FALTANDO (e não “está
faltando”) cinco minutos para acabar o jogo”.
3ª) O grande segredo é OU são as jogadas ensaiadas?
O verbo SER pode concordar com o sujeito ou com o predicativo. Assim
sendo, as duas possibilidades são corretas e aceitáveis. Há, porém, uma
visível preferência pelo plural: “O maior problema do Rio de Janeiro SÃO
as chuvas”; “A prioridade do governo SÃO os pobres”; “A última
esperança do Vasco SÃO os dois atacantes”; “O grande segredo SÃO as
jogadas ensaiadas”.
4ª) O ataque de hoje é OU são…?
É o mesmo caso anterior. Entre o singular e o plural, a concordância
preferencial para o verbo SER é no plural: “O ataque de hoje SÃO Leandro
Amaral, Dodô e Washington”.
5ª) Não é OU sou eu que vou dizer isso?
A locução enfática “é que”, a princípio, é invariável: “Eu é que disse
isso”; “Nós é que resolvemos o caso”; “Eles é que escolheram a data da
reunião”.
Quando o verbo SER é colocado antes do pronome pessoal, é correto e
aceitável que concorde com o pronome: “FUI eu que disse isso”; “FOMOS
nós que resolvemos o caso”; “FORAM eles que escolheram a data da
reunião”; “SÃO eles que vão assinar o contrato”; “Não SOU eu que vou
dizer isso”.
6ª) Eles já têm idade para fazer o que quiser OU quiserem?
Alguns autores consideram a concordância facultativa quando o sujeito do
infinitivo está oculto e é o mesmo da oração principal: “Eles já têm
idade para FAZER ou FAZEREM o que quiserem”.
A maioria dos estudiosos,
porém, afirma que, nesse caso, a concordância deve ser no singular (uso
do infinitivo não flexionado): “Eles já têm idade para FAZER o que
quiserem”; “Os advogados foram chamados para ANALISAR o contrato”; “Os
diretores estão aqui para ASSINAR o contrato”; “Eles foram convocados
para RESOLVER os problemas”.
No caso de QUISER ou QUISEREM, o problema é outro. Embora terminem em
“r”, QUISER, FIZER, DISSER, PUSER, FOR, TIVER… não são formas do
infinitivo. São do futuro do subjuntivo. Em razão disso, a concordância
com o sujeito (oculto ou não) é obrigatória: “ELES já têm idade para
fazer o que (eles) QUISEREM”.
As imagens que ilustram o post não estão no texto original. Foram colocadas pela produção da Oficina de Gerência.
Teste da semana
Assinale a opção que completa corretamente as lacunas das frases abaixo:
1) São questões _________________;
2) Pediu dois __________________.
a) técnico-científicas / cachorro-quentes;
b) técnico-científicas / cachorros-quentes;
c) técnicas-científicas / cachorros-quentes;
d) técnicas-científicas / cachorros-quente;
e) técnico-científicas / cachorros-quente.
Resposta do teste: letra (b). Em adjetivos compostos
(adjetivo + adjetivo), somente o segundo elemento se flexiona:
“questões técnico-científicas”; em compostos formados por substantivo
(cachorro) + adjetivo (quente), os dois elementos se flexionam:
cachorros-quentes.
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