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09 DE NOVEMBRO DE 2024 | SÁBADO | DIA MUNDIAL DA LIBERDADE
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domingo, 1 de setembro de 2024
Chefão... Fique longe dele ou será devorado
Eles têm medo do Lobo Mau
(Por Abraham Shapiro)
Se você pedir a opinião de um funcionário sobre uma situação qualquer, o que ele dirá? Depende do tipo de líder que você é. Um chefão jamais conseguirá obter a opinião sincera e confiável de qualquer membro de sua equipe se não na primeira vez. Da segunda em diante, as pessoas dirão somente o que ele deseja ouvir. É fácil entender por que. "Gato escaldado tem medo de água fria".
Da Revolução
Industrial até a Era da Informação, a liderança evoluiu desde o estado
autoritário absoluto ao democrático participativo. A pregação que os gurus mais
repetem é: "O líder autoritário morreu; hoje, só sobrevive o líder
carismático". Portanto, segundo este quase preceito, conhecer a opinião da
equipe é uma prerrogativa do verdadeiro líder, o líder inspirador. A esse
respeito, creio que estamos conversados.
Um dado não
aferido, mas percebido, mostra que os "chefões" continuam sendo o
tipo mais comum no comando da assustadora maioria de empresas deste país.
Como
identificá-los?
Eles nem sempre gritam, nem têm um bigodinho retangular colado
a um nariz fino, olhar penetrante e cabelo liso levemente caído em ângulo sobre
a testa. Parecem bonzinhos. Muitos são cultos, graduados e se mantêm bem
informados sobre negócios e temas afins. Mas no campo das pessoas são uma
verdadeira negação. Eles oprimem, mostram-se rancorosos e vingativos, assumem a
postura de "sabe-tudo" e acreditam ter razão em todas as
circunstâncias. São perseguidores e se orgulham assumidamente de sua
"experiência de vida" que, em quase todos os casos se resume no ganho
de algum dinheiro em circunstâncias não claras.
Um importante ponto
a ser destacado é o caráter "barraqueiro" dos chefões. Eles têm
facilidade em transformar as situações mais simplórias em lamentáveis e
vergonhosos escândalos envolvendo os que divergem de seu ponto de vista. Gostam
de alimentar competição entre as pessoas, de promover confrontos e de jogar um
contra o outro nas ocasiões menos necessárias. Eles têm um prazer que beira o
sadismo em chatear ou deixar marcas negativas profundas nas pessoas cujos
papéis poderiam ser desempenhados de modo proativo em processos com que estão
envolvidas na empresa.
Mas todos estes atributos são camuflados e nunca admitidos. O chefão jamais
assumirá uma fraqueza própria. Caso isso aconteça, ele estará negando sua
natureza ou dando passos na sua cura ou retificação. Ele é um camaleão. Deseja
e exige reconhecimento de todos - reconhecimento que não sabe dar a ninguém de
modo apropriado. Quer ser notado como o salvador messiânico da vida das
pessoas. Um de seus discursos mais acalorados e repetidos fala sobre as grandes
oportunidades que está "dando" aos que necessitam de emprego e de um
salário digno. Já ouvi um dizendo: "Na minha empresa eu sou o gestor dos
recursos humanos". Isso me lembra "L´état c'est moi"- " O
estado sou eu", dito pelo absolutista francês * Louis XIV, patriarca de
todos os chefões da história. Por tudo isso é possível imaginar do que um chefão
não é capaz.
Do lado dos colaboradores,
a experiência de conviver com um ser dessa categoria produz a percepção única
de que nunca existirão condições propícias para expressarem suas convicções,
opiniões ou impressões a respeito do que quer que seja. Falar o que se pensa só
produzirá desgastes. O risco de sinistro é garantido. Então, por que abrir a
boca? Todos se deixam passar por fantoches. Falam, mas não o que pensam; agem,
mas não com suas atitudes.
A pergunta que
emerge deste cenário é: num mundo cujo principal atributo é a comunicação e a
liberdade, o que se ganha com a dominação pela força? Mais fácil é listar o que
se perde: inovação, produtividade, desenvolvimento de habilidades e
competências e muito mais, no começo da lista de prejuízos. Tudo isso em função
de uma ilusão de ordem, disciplina e soberba.
Mas enquanto os
chefões rendem todo este sacrifício em favor de falsa disciplina, no outro
prato da balança estão o ódio, o permanente desejo de se "dar um
troco" na primeira oportunidade, além de uma ampla variedade de sentimentos
primitivos cuja insalubridade e periculosidade acaba punindo tão somente a
empresa. Conclusão, vida é vida - empresarial, social, familiar ou pessoal. E a
base de sua manutenção é uma só: colhem-se os frutos daquilo que se semeia!!!
* Louis XIV morreu em 1715. Deixou uma França empobrecida e cheia de
problemas. O povo o odiou e acabou se vingando em seu neto, Louis XVI,
morto na guilhotina na Revolução Francesa.
Este post foi originalmente publicado na Oficina de Gerência em 09/11/2021. Trago-o novamente ao compartilhamento dos leitores, pela sua atualidade, repaginado e melhorado
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Convido você, caro leitor, a se manifestar sobre os assuntos postados na Oficina de Gerência. Sua participação me incentiva e provoca. Obrigado.
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