Na Wikipédia, a definição é um pouco mais detalhada:
- “O perfeccionismo é caracterizado pela necessidade excessiva de ser ou parecer perfeito e, até mesmo, de acreditar que é possível alcançar a perfeição. Em geral, as pessoas caracterizam a perfeição de forma positiva, e não como um defeito.'”
- O perfeccionismo é definido como o estabelecimento de altos padrões de desempenho, acompanhados por avaliações muito críticas e por uma busca constante em evitar falhas e erros. Trata-se de uma predisposição de nossa personalidade, ou seja, tende a ser estável e permanecer ao longo da vida. O perfeccionismo possui características adaptativas e desadaptativas, podendo se associar tanto a desfechos positivos (como alcançar bons resultados na vida) quando a desfechos negativos (está associado a diversas psicopatologias, como transtornos depressivos, ansiosos, ideação suicida, transtornos de personalidade, entre outros).
- “O perfeccionismo é caracterizado pela necessidade excessiva de ser ou parecer perfeito e, até mesmo, de acreditar que é possível alcançar a perfeição. Em geral, as pessoas caracterizam a perfeição de forma positiva, e não como um defeito. Em razão disso, é comum o uso do termo “perfeccionismo saudável” para justificar o comportamento perfeccionista. Diferente do que muitos pensam, o perfeccionismo não é o ato de se esforçar para fazer o seu melhor, porque a perfeição não é baseada em conquistas ou em um crescimento saudável. Ademais, é comum que pessoas com personalidade perfeccionista tenham, também, transtornos como depressão e ansiedade. Pesquisas mostram que o perfeccionismo é a crença de que se viver de forma perfeita, agir perfeitamente e parecer perfeito, os sentimentos negativos, como culpa, julgamento e vergonha serão evitados. Portanto, o perfeccionismo é uma forma de escudo para evitar os julgamentos da sociedade.” (clique aqui para ler na íntegra).
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Yuxin Sun, psicóloga em Seattle, atende muitos
clientes que garantem que não são perfeccionistas. “Ah, eu não sou perfeito.
Estou longe de ser perfeito”, dizem a ela.
Mas o perfeccionismo não tem a ver com ser o melhor em determinada atividade, diz Sun, mas sim com “a sensação de nunca chegar a esse lugar, nunca se sentir bom o bastante, nunca se sentir suficiente”. E isso pode gerar uma voz interna que nos menospreza e nos machuca.
O perfeccionismo é tão difundido que existe um teste para medi-lo: a Escala Multidimensional de
Perfeccionismo (clique aqui)
Quando pesquisadores analisaram a forma como estudantes universitários
responderam às perguntas da escala ao longo do tempo, descobriram que as taxas
de perfeccionismo aumentaram nas últimas décadas, disparando entre 2006 e 2022.
Thomas Curran, professor associado de psicologia da London School of
Economics and Political Science, que liderou o estudo, diz que o tipo de
perfeccionismo com o aumento mais acentuado – perfeccionismo socialmente
prescrito – está enraizado na crença de que as outras pessoas esperam que você
seja perfeito. É mais provável que o jovem de hoje tenha uma pontuação muito
mais alta nessa medida do que alguém que tenha feito o teste décadas atrás.
Há várias causas para esse salto: aumento das expectativas da família,
pressões escolares e onipresença dos influenciadores de redes sociais e da
publicidade.
A sensação de não ser bom o bastante ou de que “minhas atuais
circunstâncias de vida são inadequadas ou insuficientes” cria uma “corrida
incessante”, analisa Curran, onde “não há alegria no sucesso e há muita
autocrítica”.
Quer você se considere perfeccionista ou não, os especialistas dizem que
há uma série de coisas que você pode tentar para manter as críticas daquela voz
interna sob controle.
Abra uma certa distância dos seus pensamentos
Ethan Kross, professor de psicologia da Universidade de Michigan e autor
de Chatter: The Voice in Our
Head, Why it Matters and How to Harness It [algo como “Falatório: A voz na
nossa cabeça, por que ela é importante e como aproveitá-la”, em tradução
livre], diz que um processo chamado distanciamento é sua “primeira linha de
defesa” contra os pensamentos negativos.
O distanciamento é uma forma de baixar o volume do nosso falatório
interno para interagir com essa voz de um jeito diferente. Sabe quando você
fica remoendo alguma coisa no meio da noite? Essa é uma boa hora para “entrar
na máquina de viagem no tempo mental”, orienta.
Comece imaginando: “Como você se vai sentir em relação a isso amanhã de
manhã?”. As ansiedades geralmente parecem menos graves à luz do dia .(o grifo é do blog)
O período de tempo também pode ir mais adiante no futuro. Será que os
tropeços que você deu na sua grande apresentação de hoje realmente vão ter
importância daqui a três meses?
Outra maneira de praticar o distanciamento é evitar a linguagem em
primeira pessoa quando você estiver pensando em algo que incomoda.
Em vez de dizer: “Não acredito que cometi esse erro. Foi uma coisa muito
estúpida”, você pode ganhar uma nova perspectiva dizendo, por exemplo:
“Christina, você cometeu um erro. E agora você está se sentindo mal com isso.
Mas você não vai se sentir assim para sempre. E seu erro é algo que já
aconteceu com muitas outras pessoas”.
Na pesquisa de Kross, ele descobriu que, quando as pessoas usavam a
palavra “você” ou seu próprio nome em vez de dizer “eu” e começavam a observar
seus sentimentos como se fossem um espectador imparcial, “era como mudar uma
chave na cabeça”
Isso resultou em um diálogo interno mais construtivo e positivo do que o
das pessoas que falavam consigo mesmas em primeira pessoa. Vários estudos
relataram benefícios semelhantes quando as pessoas adotaram pontos de vista
mais imparciais.
Aceite o que é bom o suficiente
Curran, que escreve sobre suas dificuldades no livro The Perfection Trap [”A armadilha da perfeição”], conta que trabalhou para abraçar o “bom o suficiente”, em vez do perfeccionismo e dos pensamentos negativos que vêm junto com ele.
Quando você é perfeccionista, às vezes parece que nada é “o bastante”. Aceitar o que é “bom o suficiente” exige desapego, informa Curran. Passar noites, fins de semana e feriados trabalhando tinha virado parte de sua identidade, mas, depois do nascimento do filho, ele reduziu os horários de trabalho, o que foi “libertador”.
Suas
decisões eram motivadas por uma necessidade ansiosa ser o melhor, acrescenta.
Agora, quando pensa em como passar seu tempo, ele tenta se concentrar nas
coisas que lhe trazem alegria, propósito e significado.
Essa filosofia é compartilhada por Gabor Maté, médico e especialista em
traumas canadense, que disse em um podcast que o sentimento de legitimidade e
dignidade precisa vir de dentro, para que as pessoas não “sacrifiquem a
diversão e a alegria” em sua busca por validação externa.
Pratique a autocompaixão
Em geral, o perfeccionismo costuma ser uma estratégia de sobrevivência:
é “uma armadura que você veste” para se sentir menos vulnerável, disse Sun.
Então, não se culpe por ter tendências perfeccionistas, acrescenta ela.
Mas se essa armadura estiver sobrecarregando você, talvez esteja na hora
de agradecer o perfeccionismo pelos serviços prestados e seguir em frente, como
faz a organizadora Marie Kondo ao se desfazer de seus pertences, disse Sun.
“Você pode começar pelas braçadeiras”, sugere ela, e depois trabalhar
para tirar o resto dessa proteção metafórica. Talvez valha a pena procurar um
profissional de saúde mental para ajudar no processo.
“Muitas vezes, trabalho com as pessoas na construção dessa segurança
interna”, que é a capacidade de se dar a validação necessária para ter calma e
se sentir em paz, diz Sun, para que um dia elas possam dizer a si mesmas: “Eu
aceito a maneira como sou hoje, em vez da maneira como eu ‘deveria’ ser”.
- Este artigo foi originalmente publicado no New York Times. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU
- Se desejar ler o artigo no texto original é só clicar aqui
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