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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Corrupção e a Lei da Reciprocidade


N
ão é fácil escrever sobre corrupção. Nem os jornalistas profissionais se atrevem - com as exceções da regra - a abordar o tema de peito aberto. São poucos e de raríssimo espaço nas mídias os estudos acadêmicos sobre a corrupção no Brasil e me atrevo a dizer no resto do mundo. Pelo menos não se vê com regularidade, nos grandes veículos de comunicação, pesquisas, estudos ou ensaios que tratem cientificamente das causas e efeitos da corrupção sobre as sociedades.
E não deve ser fácil mesmo, porquanto os agentes da corrupção - corruptos e corruptores - obviamente não se dispõem a serem objetos de investigações ou pesquisas para os estudiosos. Sabe-se que a corrupção existe desde que o mundo é mundo. O exemplo de Judas Iscariotes é um caso de corrupção narrado nos evangelhos. Entretanto não se consegue erradicá-la das estruturas organizacionais sejam elas de qualquer espécie.
Pela importância e pelos raros textos que se conhece sobre o assunto é que me interessei por este artigo - original em espanhol - que vi e li no site do Blog do Grupo Finsi.  Desde maio de 2011 que publico aqui no blog material que transcrevo (e traduzo) do Blog Finsi. É um conteúdo riquíssimo que existe por lá. Só lamento não ter tempo de publicar mais posts deles, mas leio (quase) todos.
O artigo que está abaixo é desses imperdíveis. O autor - José Luiz Bueno Blanco - é um dos sócios do Grupo Finsi e autor de livros na Espanha sobre formação e motivação de grupos. Ele conseguiu enfocar a questão da corrupção sob um ângulo diferente e com a maestria de que tem a experiência com pessoas e agrupamentos. 
Por ser um assunto de interesse geral, recomendo a todos que colocarem as vistas por aqui que conheçam o artigo abaixo. Principalmente os jovens executivos que estejam iniciando suas carreiras em cargos de confiança. Leiam e percebam os perigos que todos correm se não estiverem atentos às ciladas e estratagemas da corrupção.

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A Lei da Reciprocidade e a Corrupção

Existe alguém que não é corrupto? Existe alguém que não é corruptível? É claro que, conhecendo a realidade atual, chega-se a duvidar que não exista. Para preservar a saúde mental e fisiológica vou assumir a posição de que nem todo mundo é corrupto. Por outro lado e por prevenção vou também partir do principio que todos somos  corruptíveis.

E se somos todos corruptíveis supostamente,  potencialmente, sob certas circunstâncias, como se dá esse salto entre o certo e o errado? Como cruzar a linha? Certamente há muitas hipóteses para responder a essas perguntas. Eu vou comentar uma que considero seja a mais plausível.

É certo que existem pessoas buscando posições de poder e ascendência para aproveitar-se de determinada situação em benefício próprio e obter ganhos pessoais além das fronteiras éticas e legais. Dessas pessoas não quero falar. Quero me referir àquelas que já cultivaram seus valores morais elevados, seus princípios, seus padrões éticos e em um determinado ponto se encontraram com as mãos sujas, inclusive perguntando-se: Como eu cheguei aqui?

A corrupção é uma longa escadaria em que se vai subindo, passo a passo,  pouco a pouco. No início da escada praticando ações corruptas de pouca importância, mas que crescem cada vez mais ferindo as leis, quebrando os valores morais e recebendo mais valores materiais. Em que degrau dessa escada se começa a ser corrupto? No primeiro. Uma vez em que se pise no primeiro degrau a fronteira entre as duas regiões foi ultrapassada.  Há um antes e um depois. A partir deste ponto o número degraus que se suba dependerá de circunstâncias que vão acelerar ou não essa “ascensão”, mas isso é irrelevante para os efeitos conceituais.

O problema é que a subida de um degrau para outro é imperceptível.  Não se é santo  um dia e no dia seguinte se aparece com um milhão de euros no bolso. Também não se dá um salto do primeiro ao terceiro degrau. A “energia e o esforço” necessários para subir de um salto só ao terceiro degrau chamariam muito a atenção. Entretanto quando sobe a escada de degrau em degrau quem percebe a... “perda de energia”? Isto só será notado caso ocorra uma subida com muita pressa, mas do primeiro ao segundo degraus não se observa quase nada de... “esforço”. Todavia, do solo ao primeiro degrau da escadaria se existe uma real diferença de esforço é porque esse primeiro degrau marca um estado moral totalmente diferente do anterior e isto ocorre  porque se está iniciando a "subida da escada”, é o início do processo de corrupção.

E como se começa a subir? Uma das teorias que está por trás disso tem a ver com a Lei da Reciprocidade. Esta lei, manejada no campo da psicologia social nos diz que quando uma pessoa nos dá "alguma coisa"  em troca de nada, intimamente nos sentimos obrigados a retribuir essa pessoa. Sentimo-nos em dívida.

Pois bem, uma pessoa que esteja ocupando uma posição de influência em qualquer corporação é seguro que se fica recebendo  constantemente convites, favores, presentes, etc. Nada sério. Coisas inofensivas. Finalmente, cede e concorda. E mais cedo ou mais tarde se achará em uma posição onde terá de corresponder à "dívida" que adquiriu. E sem dar-se conta, terá subido o primeiro degrau da escada.

Acredito que o primeiro passo para não se deixar corromper é não subir  jamais nesse primeiro degrau, não se dar permissão para cruzar a raia, não aceitar quasquer presentes ou favores que se tornarão em dívida  e que se verá obrigado a retribuir mais à frente. Evite cair no poder da Lei da Reciprocidade.

2 de fev. de 2013

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Se tiver interesse em conhecer o texto em espanhol clique no banner ao lado e será redirecionado ao site do Nuestro Blog direto no artigo.
 
José Luis Bueno Blanco é o autor do artigo acima. Clique na imagem ao lado e conheça-o pelo seu perfil no Linkedin. Blanco é um dos membros do Grupo Finsi e tem diversos artigo publicados no "Nuestro Blog". É também autor de livros na Espanha que tratam do tema "Formação de Pessoas"; Clique aqui e conheça outros textos do autor no site do blog.

http://www.grupofinsi.com/blog.asp?vcblog=794

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