A falta de liderança está por todos os lados, seja na política, nas empresas, nas escolas e até mesmo na vida pessoal Um verdadeiro apagão da liderança corrói as empresas, escolas, famílias, comunidades. Por toda a parte percebemos a escassez de líderes, não só no mundo político. Ou esbarramos com a proliferação de indivíduos em posição de liderança, cujos valores são no mínimo questionáveis. Basta olhar ao redor ou ler os jornais para nos surpreendermos cada dia com as peripécias de líderes oportunistas.
O frustrado Encontro de Copenhague é o símbolo mais recente desse Apagão a nível mundial. Foi bem mais profunda a origem da severa turbulência que abalou a estrutura financeira do mundo no final de 2008, causando enorme onda de desemprego e afetando a vida de milhões de pessoas. O desenrolar da crise revelou que não se tratava apenas de um problema de escassez de crédito, mas também de escassez de líderes responsáveis. Assistimos a uma crise de valores na qual interesses pessoais de curto prazo puseram em risco a sustentabilidade do sistema e levaram ao caos várias empresas consideradas ícones do mundo moderno, fazendo ruir as bases de economias antes tidas como sólidas. A crise é também de liderança!
Mas não é apenas nas esferas política e empresarial que sentimos a falta de líderes inspiradores. Seus sintomas também se manifestam nas escolas: professores que raramente conseguem despertar a atenção de alunos desmotivados e indisciplinados; educadores intimidados por crianças que sequer chegaram a adolescência; uso crescente da violência verbal e até mesmo física para resolver desavenças; jovens que muitas vezes têm mais informação que mestres despreparados. Em muitas comunidades, as adversidades de infraestrutura básica são tão severas que o ofício de ensinar transforma-se quase que diariamente em uma operação de guerra.
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Muitas vezes, o que ocorre nas salas de aula é reflexo do que acontece em casa. Pais que não sabem mais negociar limites e reagem com incrível submissão à hábitos e desejos absurdos e irrealísticos dos filhos. Infelizmente, nos lares, deixaram de ser exceção as histórias de filhos agredindo e, em casos mais extremos, até assassinando os próprios pais. Ficamos chocados com os casos de adultos mantendo filhas menores em cativeiros e com a prática de abuso sexual na própria família. Também aumenta o numero de divórcios, muitas vezes causados pela falta de compartilhamento da liderança, que tem levado um dos membros a buscar alternativas de vida à tirania do outro.
Nas ruas e em eventos públicos e esportivos, assistimos estarrecidos aos atos de vandalismo e violência que assustam os transeuntes que saem de casa para trabalhar ou em busca de diversão e lazer. Muitas vezes a competência para influenciar pessoas e para aglutinar interesses são utilizados para prejudicar inocentes como é o caso de torcidas organizadas cujos integrantes se cadastram formalmente, não apenas para torcer pelos seus clubes, mas para provocar, agredir e travar verdadeiras batalhas campais, como se estivessem em uma guerra.
Nas empresas, ainda predominam mais chefes que líderes. Faltam sucessores preparados e assistimos ao triste espetáculo de empresas sólidas se desmancharem quando o fundador desaparece. Ficamos surpresos ao tomar conhecimento da perda de verdadeiras fortunas destinadas a formar gerentes mais eficientes, mas que não conseguem formar líderes eficazes. Muitos empreendimentos potencialmente vitoriosos sucumbem diante da triste constatação: “a ideia é boa, mas infelizmente não temos quem possa liderar esse projeto!”.
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As causas são recorrentes: dificuldades para liderar equipes, falta de comprometimento das pessoas, desavenças entre sócios, ausência de reconhecimento, problemas de comunicação, sentimento de injustiça, resultados insatisfatórios, conflito de valores, sobrecarga e mau gerenciamento das prioridades e do tempo. Precisamos repensar os conceitos e a pratica da liderança, se desejamos de fato construir famílias mais felizes, empresas mais saudáveis e comunidades mais solidárias.
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As imagens que ilustram o texto de César Souza não estão no seu formato original. Foram colocadas pelo blog para ilustrar o tema do post. Outrossim, o artigo - que é um dos mais visitados no blog - foi publicado originalmente no dia 22/2/2010. Neste post ele foi repaginado com melhores recursos e volta a ser disponibilizado.
César Souza é consultor, palestrante e presidente da Empreenda.
Já foi apontado com um dos 10 palestrantes mais requisitados do Brasil (revista Exame e jornal o Globo). Autor dos bestsellers “Você é o Líder da Sua Vida?”, "Você é do Tamanho dos Seus Sonhos,“Superdicas para Conquistar Clientes e para um Atendimento 5 Estrelas” e últimos lançamentos “Cartas a um Jovem Líder – Descubra o Líder que existe em Você”.
Apontado pelo World Economic Fórum como um dos "200 Global Leaders for Tomorrow"
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24 de nov. de 2013
Falta de líderes provoca excesso de chefes. As empresas pagam caro por isto.
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Autonomia, responsabilidade, ética, capacidade de inovação... são alguns requisitos que a pessoa não aprenderá em sua formação acadêmica, ainda mais atualmente, quando pessoas mais jovens estão ocupando cargos que no passado haveria de cumprir uma herarquia - as empresas funcionavam no formato de uma pirâmide. As empresas não mais funcionam desse modo e por isso não existe mais apenas uma pessoa que comanda uma grande empresa - Já que agora ela funciona em um formato horizontal, os diretores trabalham conjuntamente numa linha de interação maior - mais de uma pessoa pensando é melhor que apenas uma (tome como exemplo um time de futebol). A venda de um modelo de liderança é ótima para palestrantes ou vendedores de livros, mas não funciona mais na prática.
ResponderExcluirVim lhe desejar boas festas!!
:)
Beijus,
Herbert Drummond22/12/13 20:45
ExcluirLuma, em primeiro lugar quero lhe estender o "tapete vermelho" por mais essa visita ao meu modesto blog. De verdade! Tê-la como leitora regular da Oficina de Gerência é muito significativo para mim haja vista a sua "audiência" e credibilidade na blogosfera e nas redes sociais.
Em segundo lugar agradeço e retribuo os desejos de boas festas. Acredito muito no "Espírito de Natal" e na energia positiva gerada no Universo a cada ano por conta dos planos e sonhos para os anos seguintes.
Em terceiro, permita-me discordar parcialmente do seu comentário. As empresas horizontalizadas, em regime de matriz gerencial estão sim, ocupando espaços importantes no mundo corporativo. No entanto só as grandes organizações conseguem eficácia com esse modelo, pois ele exige uma cultura que as empresas de porte médio ou pequeno não conseguem obter entre outras coisas porque exigem custo muito alto de treinamento e mudanças de atitudes e comportamentos que só são alcançados a médio e longo prazos.
Os modelos com exigência de líderes - no sentido clássico da figura - ainda são necessários seja para estas empresas a que me referi, seja em empresas médias e até grandes, mas com administração familiar ou seja em organizações com alto nível de burocratização como, por exemplo, as estruturas governamentais. Estou vivendo esse processo exatamente neste período. Tenho uma função de direção em um órgão federal e necessito de líderes, mas não os encontro. O resultado é uma estrutura verticalizada cheia de chefes e com poucos líderes. É um tormento, posso lhe assegurar. Um grande abraço e muitas alegrias para você neste próximo ano de 2014.