28 DE MARÇO DE 2024 – 5ª FEIRA



FRASE DO DIA

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FRASE COM AUTOR

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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"O futuro do emprego" - Gilberto Dimenstein (Folha de São Paulo)


É assim mesmo, com esta marca de "imperdível" que apresento o artigo abaixo de Gilberto Dimenstein que é um dos mais completos jornalistas brasileiros. Jornalista daqueles com "J".

Leio muito os textos de Dimenstein e o acompanho desde que foi o "ombudsman" da Folha de São Paulo.  Se eu tivesse escolhido a carreira de jornalista ele seria o meu modelo.

Não transcrevo muito dele aqui no blog porque seus temas não casam muito com "a linha editorial da Oficina de Gerencia" (como é chique escrever isso...). Neste caso ocorreu uma exceção. Exceção para mim e não para o Dimenstein que manteve seu estilo de sempre trazer pesquisas ao conhecimento de seus leitores e comentá-las.

Aproveitei imediatamente. Se Dimenstein escreveu sobre "o futuro do emprego" nem hesitei. "Peguei" o artigo e o reproduzi logo no blog.  É que está abaixo.

No texto ele informa sobre uma pesquisa recente com mais de 30.000 jovens universitários que chegou a resultados absolutamente inesperados e desconhecidos  digamos, oficialmente, do mundo corporativo atual. Leia abaixo um pequeno trecho que retirei do artigo:

  • {...} "A pesquisa indicou que entre as cinco razões para se deixar uma empresa, o salário está em quarto lugar. "A maior motivação não é o dinheiro", afirma Sofia. Em primeiro lugar, aparece a "falta de desenvolvimento profissional" como a maior razão para não ficar no emprego. Em segundo, praticamente empatado, "não ter ambiente de trabalho agradável" e, em terceiro, "não ter qualidade de vida". Detalhando-se as respostas, vemos que muitos imaginam a empresa como um espaço de lazer que proporciona bem-estar. Seria quase um clube, movido a criatividade." {...}
Não deixe de ler. Principalmente se você tem em sua equipe gente jovem, recem formada ou vivendo seu primeiro emprego. Depois de ler  o artigo aposto vai compreende-los melhor, mas ao mesmo tempo vai ficar preocupado... Muito preocupado como eu fiquei.


São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009





http://www.tribunaimpressa.com.br/imagembank/Conteudo/Image%20Bank/Jornal/Jornal_04_11_04/to2.JPG 
GILBERTO DIMENSTEIN

O futuro do emprego

O jovem terá de mudar de atitude para trabalhar e as empresas terão de mudar seu ambiente para atrair talentos



NO ANO passado, 730 mil universitários e recém-formados se candidataram a 2.334 vagas de estágios e trainees de algumas das mais cobiçadas empresas, entre as quais Microsoft, Sadia, Nestlé, Itaú-Unibanco, Braskem, Unilever. Apesar da abundante oferta de mão de obra -cerca de 3.100 candidatos por vaga- vinda das melhores faculdades do país, 10% dos postos não foram preenchidos.

Responsável pela seleção, a psicóloga Sofia Esteves, presidente da Cia. de Talentos, já sabe há muito tempo que a maioria dos jovens não passa na peneira por causa da baixa formação (não ter fluência em inglês, por exemplo) e até dificuldade de expressar com clareza uma ideia. Isso é, porém, parte do problema.

Uma pesquisa que ela conduziu, concluída no mês passado, com 31 mil universitários, mostra que o assunto é mais complexo e revela um conflito geracional -as empresas não estão entendendo os jovens, formados na chamada era da informação. E os jovens não entendem o que as empresas pedem. "Há um modo diferente de encarar o mundo", afirma a psicóloga.

A pesquisa mostrou que quase a totalidade dos universitários que disputaram as vagas de trainee e de estágio estão habituados a navegar em mais de uma rede social pela internet, como Orkut e Facebook. É uma geração que aprendeu a não reverenciar hierarquias, criada num ambiente interativo e colaborativo, com uma enorme variedade de opções. O que existe de habilidade para tarefas simultâneas e velozes, falta em foco e aprofundamento.

É uma atitude reforçada pelo clima familiar, com a mudança da relação de autoridade de pais e filhos. Imagina-se que a empresa possa refletir esse tipo de ambiente com baixa hierarquia e até, quem sabe, falta de limites. A pesquisa indicou que entre as cinco razões para se deixar uma empresa, o salário está em quarto lugar. "A maior motivação não é o dinheiro", afirma Sofia.

Em primeiro lugar, aparece a "falta de desenvolvimento profissional" como a maior razão para não ficar no emprego. Em segundo, praticamente empatado, "não ter ambiente de trabalho agradável" e, em terceiro, "não ter qualidade de vida". Detalhando-se as respostas, vemos que muitos imaginam a empresa como um espaço de lazer que proporciona bem-estar. Seria quase um clube, movido a criatividade.

Na seleção, essa visão dos candidatos transparece. Para o jovem, o que significa prazer é, na visão do empregador, incapacidade de lidar com a disciplina. Quando um fala em ambiente criativo, outro suspeita de falta de disposição em obedecer à hierarquia.

Em suma, essa geração quer ficar num lugar prazeroso, criativo, onde possa se sentir evoluindo. Daí se explica a crescente tendência entre os jovens de preferir abrir suas próprias empresas, onde talvez até ganhem menos e vivam com mais insegurança, mas consigam determinar seu horário de trabalho.

Tantos candidatos não preenchem tão poucas vagas porque há também uma carência de comprometimento. Uma parte deles é cortada simplesmente porque não vai às entrevistas. Isso depois de passarem nas duras provas, que exigem, entre outros requisitos, além de fluência em língua estrangeira, testes de raciocínio lógico. Lembremos que, nesse caso, eles estão disputando postos em algumas das mais reverenciadas marcas do mundo empresarial.

Sofia diz que, certa vez, marcou 18 entrevistas para um sábado. Apenas dois se apresentaram. "Liguei para eles. Muitos não foram porque não conseguiram acordar cedo no final de semana ou tinham marcado, naquela hora, outros compromissos."

O problema prossegue depois que eles passam nessa apertadíssima seleção. Cerca de 15% dos aprovados não suportaram a pressão e desistiram logo no primeiro ano de trabalho -o que, para empresa, é dinheiro jogado fora. O que se vê aqui é o problema da falta de resiliência, a dificuldade de suportar as adversidades. Ou, mais simples, a dificuldade de ouvir não. "Alguns saem porque seu projeto não é aprovado e ficaram aborrecidos", conta Sofia.

PS - A pesquisa revela que o jovem entra na empresa já vendo a porta de saída; 14% acham que deveriam ficar no máximo quatro anos; outros 51% até, no máximo, dez anos. O resumo, na visão de Sofia, é que o jovem terá de mudar de atitude para trabalhar e as empresas terão de mudar seu ambiente de trabalho para atrair talentos. Nem um lugar fechado que iniba a criatividade -nem tão aberto que parece a casa dos pais, onde não existe frustração. Nessa combinação, talvez esteja o futuro do emprego.


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domingo, 27 de setembro de 2009

Paulo Francis está fazendo falta...




    Costumo dizer que a geração dos meus filhos tem uma perda, digamos, "intelectual pop" (essa eu inventei agora!) nas suas formações por não ter convivido com as diatribes e a inteligência de Paulo Francis (clique também na imagem para conhecer o site oficial in memoriam do jornalista).   
    Recebi este vídeo sobre algumas de suas broncas e explosões de irritação quando alguma irregularidade ocorria quando estava gravando alguma reportagem. É de morrer de rir, mas ao mesmo enche-nos de saudades pela falta que sua personalidade, seu carisma, sua independencia e principalmente sua inteligencia fina e mordaz estão fazendo no universo de nossa imprensa, principalmente na televisão.
    Não existe hoje, no jornalismo brasileiro, ninguém que sequer se assemelhe ao personagem que Paulo Francis vivia no mundo da mídia. Sua importancia ainda não foi devidamente avaliada pelos pesquisadores. Era um cara genial e único. 
    Para quem o conheceu através dos jornais da Globo, dos seus artigos em jornais, entrevistas, livros e outras tantas formas de expressão o vídeo será uma alegre lembrança e para que não teve a oportunidade de assisti-lo, vai servir como uma breve mostra de sua passagem pelo mundo "intelectual pop" do Brasil em sua época.


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Os vincos do tempo sobre nós.



         Recebi o vídeo por e-mail e achei que merecia ser visto. Coloquei-o no YouTube para afinal posta-lo aqui no blog. Nem era necessário, pois ele está em varias páginas do YouTube (inclusive o original) e todas com muitos acessos.
         O que chama a atenção no vídeo é que ele involuntariamente nos remete à reflexão sobre as mudanças que sofremos com a inexorável passagem dos anos. Se pensarmos bem a velhice talvez seja o assunto mais evitado pelos seres humanos depois da morte e das doenças degenerativas e chamadas terminais (câncer e AIDS, por exemplo).
         Não conseguimos encarar o passar dos anos com a mesma naturalidade que conseguimos encarar outras mudanças importantes em nossas vidas tais como a fase adulta, o casamento, o nascimento dos filhos...
         Talvez por isso o vídeo deixa-nos curiosos e intrigados. Somos obrigados a defrontarmo-nos de uma forma muito direta com envelhecimento de um humano em questão de segundos. 
         O blog do jornalista Flávio Siqueira fez uma produção (dublagem) para as vozes do vídeo original (incompreensíveis para nossos ouvidos) e produziu o texto que está no YouTube. Ficou um belo trabalho que faz sucesso na internet. É esta versão que lhes apresento.







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Meu Pé de Laranja Lima... Quem lembra dele?

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       Meu pé de laranja lima é um romance juvenil, escrito por José Mauro de Vasconcellos e publicado 1968, sendo um dos campeões em adaptações para o cinema e a televisão. 
          Não me perguntem por que estou escrevendo este post e falando de um livro de 1968. 
         No entanto, havia planejado fazer isto há algum tempo e guardei a imagem da capa do livro, Aliás, uma das muitas capas, mas exatamente a capa do que eu li, na época. 
         "Meu Pé de Laranja Lima" foi uma febre no Brasil. Virou filme e novela de televisão. Como novela, a historia foi exibida em três diferentes épocas:
         É uma historia das mais singelas e, no entanto tocou fundo a alma brasileira naquele final da decada de 60 com as aventuras do Zeca. Um fenômeno de vendas que despertou o interesse de todas as camadas sociais do país. Quem viveu naqueles anos haverá de lembrar-se. 
         O que me deixou curioso e intrigado foi quando anos depois me lembrei do livro registrei o seu mais absoluto esquecimento nos tempos atuais.  Esquecimento do livro e do autor. Não falo de agora. Falo de alguns anos atrás.   
        Pensei comigo, se um autor como José Mauro de Vasconcelos, que seria hoje equivalente a um Paulo Coelho no inicio do seu sucesso com "O Alquimista" no Brasil foi esquecido o que será de outras grandes personalidades que tanto se esforçam para escrever e divulgar seus trabalhos no seio das comunidades? Não consegui respostas. Dirão os fatalistas que são "coisas da sorte" tal como os romanos antigos que atribuíam estas circunstâncias à Deusa Fortuna 
         Faço o registro como mera reflexão sobre a efemeridade da fama que tantos perseguem a qualquer custo. Não foi o caso do autor de Meu Pé de Laranja Lima, pois José Mauro de Vasconcelos foi um belíssimo autor de livros juvenis com mais de vinte titulos publicados e muito sucesso na suas carreira, enquanto viveu.












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sábado, 26 de setembro de 2009

Harrison Ford faz campanha em defesa dos animais

Certamente alguns de vocês devem ter visto este vídeo em canais de televisão. No YouTube ele está, inclusive, traduzido. Preferi posta-lo no original. Seja pela mensagem seja pela presença e a categoria de Mr. Indiana Jones.
A mensagem é claríssima mesmo em em inglês. Em resumo diz que se a humanidade continuar comprando coisas feitas com peles ou outras partes dos animais estará contribuindo para o fim de suas vidas no planeta.
No entanto acho que o forte do vídeo é a própria presença do ator. Mesmo em um vídeo de poucos segundos o cara mostra o carisma e a credibilidade que conquistou no mundo do cinema.

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Cuidado quando aceitar ajuda de... "estranhos"

No mundo corporativo pode acontecer a mesma coisa. que está no vídeo. Bem, diria que algo parecido... Algumas ajudas nos deixam constrangidos apesar de serem bem vindas.
Assista ao vídeo e veja uma bem humorada publicidade norueguesa sobre o tema.
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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Liderança. Leia as dicas de Ken O'Donnel.

"Senhores do Conselho", não deixem de ler este artigo que "capturei" do Canal RH.
Escrito pelo articulista do próprio site, Iuri Ribeiro, o texto faz um resumo de vários conceitos do afamado palestrante e escritor Ken O'Donnel sobre o tema do qual é especialista a liderança.
Para quem está em atividade no mundo corporativo é imprescindivel estar atualizado com o que dizem estes novos "xamãs" do negócio.  Afinal de contas um bom líder sempre tem algo de feiticeiro.
Vejam o que diz O'Donnel a respeito da capacidade do lider em colocar no mundo real aquilo que está apenas no papel:
  • “A execução tem o aspecto de arranjo com a equipe, mas também tem a questão de saber lidar com a realidade, de executar as ideias num mundo turbulento, num mercado imprevisível, numa confusão danada”




Como um líder é alçado a esse papel pelos liderados 
[Ken O'Donell, especialista em liderança]
por Iuri Ribeiro 

Um bom líder organizacional, hoje, já domina recursos da inteligência emocional. Sabe lidar com as pessoas e motivar seus liderados, criando uma atmosfera de cooperação na organização. Mas para se destacar no cenário que deve se formar após a atual crise econômica, o líder deve ter a capacidade de saber onde a concentração de seus esforços vai surtir maior impacto, mantendo em mente que há um interesse crescente na manutenção da saúde do meio-ambiente e da sociedade. Quem explica é o consultor em desenvolvimento organizacional, gestão avançada de qualidade e planejamento estratégico, Ken O'Donnel. “Hoje, o líder que não sabe criar, inovar, gerar algo para a sustentabilidade do todo, indiretamente está contribuindo para a insustentabilidade de sua própria empresa”, conta.
O consultor chama a atenção, ainda, para o fato de que o verdadeiro líder é eleito a esse papel pelos próprios liderados.
Autor de 12 livros em desenvolvimento pessoal e organizacional, O´Donnel lembra que ainda mais difícil do que saber onde alocar esforços é colocar em prática o que é idealizado. “A execução tem o aspecto de arranjo com a equipe, mas também tem a questão de saber lidar com a realidade, de executar as ideias num mundo turbulento, num mercado imprevisível, numa confusão danada”, explica o autor, que diz que estas são as principais questões que não ganhavam devida atenção na preparação de líderes até o momento. Veja a seguir os principais tópicos que O'Donnel considera imprescndíveis para um candidato a líder.

Líder eleito por liderados
Para ele, o simples fato de o profissional atender a um curso e ocupar um cargo de liderança não faz dele um verdadeiro líder. “Quem te dá esse título são os liderados”, afirma. “Criou-se uma ideia de que se poderia aprender liderança como se fosse um curso, mas na verdade não é assim”, continua O´Donnel, que deixa claro o valor da influência positiva sobre as pessoas. “O líder não é simplesmente alguém que ocupa o posto, mas alguém que é capaz de inspirar as pessoas, especialmente quando se tem que tomar decisões difíceis”, conclui.

Talento e aperfeiçoamento
Até que ponto um profissional pode aprender e adquirir, com estudo e prática, as qualidades essenciais a um bom líder? Para O´Donnel, metade das características necessárias a um líder são inatas, o restante pode ser desenvolvido. “Não se pode aprender carisma, por exemplo. Ou a pessoa tem ou não tem”, aclara. “Algumas pessoas com qualidades de estar à frente, de gerar confiança nos outros, de lidar bem com os holofotes, têm isso por natureza”, completa o consultor.
Ele também aponta um aspecto passível de desenvolvimento. “A habilidade de um líder que pode ser desenvolvida, se ele não tem carisma, é a inibição, pois as inibições são internas”, diz.

Líder de si mesmo
A autoliderança também ganha destaque entre os atributos convenientes a quem deseja liderar com eficiência. “Aquele que é um bom líder de outros, primeiramente tem que ser um bom líder de si mesmo”, assegura O´Donnel. Para avaliar a qualidade desta liderança interior, é preciso fazer uma breve auto-avaliação. “Se considerarmos os aspectos internos, nossos hábitos, valores, crenças, ideias, pensamentos e desejos como uma equipe, como é que eu lido com essa equipe? Como é que eu organizo meus pensamentos, minhas ideias, meu poder de decisão e discernimento”, propõe o autor.
A regra vale para todos. “Mesmo quem tem alguns aspectos inatos precisa aprender sobre autoliderança”, esclarece.

Líder sábio
A sabedoria é outra questão que recebe atenção especial de O´Donnel. Para ele, trata-se da aplicação prática do entendimento. “Se eu tivesse que definir em uma frase, a sabedoria seria o entendimento que eu preciso colocar rapidamente nas respostas às situações que estão acontecendo a minha volta”, conta. “Uma pessoa que avalia uma situação e prepara rapidamente uma resposta adequada é uma pessoa sábia”, prossegue o autor. “Uma pessoa pode dar um discurso sobre paciência, por exemplo, mas uma pessoa sábia avalia uma situação, vê que esta situação demanda paciência de sua parte e aplica isso”, exemplifica. “A distância entre um líder que tem conhecimento e o líder que tem sabedoria é a mesma distância entre o discurso e a prática”, conclui, sabiamente.
Na opinião de O´Donnel, grande parte da responsabilidade pela situação de desigualdade social em que o mundo se encontra recai sobre a falta de sabedoria entre os líderes organizacionais e políticos do planeta. “A via da sabedoria é uma via onde a experiência vivida da informação nos ajuda a entender a dosagem dela, e a partir das experiências vividas desenvolvemos valores, e os valores, então, são o respaldo das nossas habilidades técnicas”, explica.
 
Divórcio entre técnicas e valores humanos
Uma das razões de o mundo estar onde está é que houve um divórcio entre as habilidades técnicas e os valores humanos, explica O’Donnel. “A partir dos valores que levamos a sério, desenvolvemos princípios de vida. E aí temos outro problema identificado, o divórcio entre políticas e princípios, que é outra das razões de o mundo ter chegado onde está”, prolonga-se. “Hoje, 20% da população humana consome 86% dos bens produzidos e 250 empresas controlam 80% dos ativos do mundo. E aí 1,3 bilhão de pessoas não têm nem água”, completa, explicando a situação a que se refere.
O autor afirma que pode haver consequências e mudanças inclusive para os próprios líderes. “Acho que a situação atual é tão grave que vai tornar algumas pessoas bastante grandiosas, enquanto outras, que acham que são grandes, vão entrar em colapso”, diz. “Crises sempre produzem novos líderes”, declara.

Líder sustentável
Para mudar o rumo da sociedade, precisamos de líderes empenhados em realizar negócios que beneficiem o todo. O´Donnel explica que é possível, hoje em dia, ganhar dinheiro a curto prazo com práticas não sustentáveis. Mas deixa claro que as consequências deste tipo de atitude eventualmente se aplicarão à própria organização. “As estatísticas respaldam a ideia de que não convém ter líderes que não estejam engajados com uma visão de desenvolvimento sustentável”, afirma o autor. “A questão de sustentabilidade tem que ser a primeira na lista de um líder futuro”, assegura.
 
Criativos culturais
Australiano radicado no Brasil, O´Donnel encontra um bom motivo para isso longe dos dois países. “Hoje em dia há um grupo de pessoas, em torno de 25% da população dos EUA e da Europa, chamados criativos culturais, que compram e tomam suas decisões baseados em avaliações sistêmicas do todo, do impacto do produto no planeta”, conta. “E o líder que não estiver afinado com isso está ignorando 25% do mercado”, conclui. 
Além disso, antes de agradar às possíveis exigências de um público consumidor mais consciente, as medidas sustentáveis beneficiam a organização em si. “Porque a sustentabilidade é pra dentro da empresa, para o sustento econômico da empresas, mas inserido num contexto onde faz uma contribuição positiva à economia, à sociedade e ao meio-ambiente”, esclarece o autor.

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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Bebida no trabalho. Sua carreira em jogo... (Folha SP e New York Times)

http://www.intersomfm.com.br/internews/imgnoticias/bebida-2.jpg



Nem vou comentar este artigo que capturei do caderno do New York Times que a Folha de São Paulo publica todas as segundas feiras. O tema é atualíssimo. Bebida no trabalho.
Acho que é do interesse de todos que trabalham ou pretendem "habitar" este louco mundo corporativo. Já vi carreiras promissoras, familias e vidas pessoais desmoronarem por conta da bebida no ambiente de trabalho.
É muito mais comum do que se imagina. Empresas organizadas e atentas ao seu publico interno investem pesado para conter este flagelo das corporações.
Leia a materia que é na verdade é um jogo de perguntas - colocadas como dúvidas sobre a questão da bebida - e respostas. Por exemplo:
  • Dúvida.Quando você participa de eventos sociais ligados à empresa com colegas mais antigos, eles sempre parecem estar segurando um copo. Sua recusa poderia chamar a atenção para sua juventude e inexperiência?
 Qual é a resposta? Leia e conheça.





São Paulo, segunda-feira, 17 de agosto de 2009





newyorktimes


DÚVIDAS CORPORATIVAS: BEBIDA NO TRABALHO

Beba pouco e mantenha o profissionalismo  

Dúvida.Você é novo no mundo empresarial e não tem certeza do que fazer em reuniões oficiais ou depois do expediente, quando o álcool está presente. Se todo mundo está bebendo, incluindo seu chefe, você também deve beber?
Resposta. A separação entre um evento de trabalho e um evento social muitas vezes não fica clara. Você pode ver todas as atrações de uma festa -comida, música-, mas qualquer reunião onde colegas estejam presentes é de negócios, e você deve ficar sóbrio e evitar o álcool, sugeriu Jody Queen-Hubert, diretora-executiva de educação cooperativa e serviços profissionais na Universidade Pace, em Nova York.
"Não se engane", ela advertiu. "Você está sempre sendo analisado pelos colegas, por isso o profissionalismo é uma necessidade a todo momento."
Cy Wakeman, presidente de uma empresa de consultoria de recursos humanos que leva seu nome, diz que, quando se trata de beber com colegas, "há um risco alto de que surja algo negativo". Ela diz que é aceitável tomar um ou dois copos, mas é melhor parar por aí.

Dúvida.Como recusar a bebida de modo educado, especialmente se outros o incentivam a beber?
Resposta.Um simples "não, obrigado" deve bastar, disse Debra Benton, orientadora profissional e autora de "CEO Material: How to Be a Leader in Any Organization" (Potencial para chefia: como ser um líder em qualquer organização). Se todo o mundo no seu grupo está pedindo bebidas, pegue um refrigerante.
Você não precisa se desculpar, ela diz, ou dar um motivo pessoal, como "estou tomando remédio". Mas você pode dar uma desculpa como "vou dirigir".

Dúvida.Quando você participa de eventos sociais ligados à empresa com colegas mais antigos, eles sempre parecem estar segurando um copo. Sua recusa poderia chamar a atenção para sua juventude e inexperiência?
Resposta. Em algumas culturas corporativas, tomar um uísque é uma maneira de construir relações, disse a psicóloga empresarial Debra Condren. "Dito isso, você ainda pode beber muito pouco ou tomar uma bebida e depois mudar para água", ela disse. Mas é essencial conhecer seus limites. Se seus clientes ou chefes estão entornando Johnny Walker, você não pode seguir o exemplo, disse Condren. Se tentar acompanhar, provavelmente vai beber demais e agir de maneira não profissional -definitivamente chamando atenção para sua juventude e inexperiência.

Dúvida.Se você acabar bebendo demais, qual é a melhor maneira para tratar do assunto no dia seguinte no escritório?
Resposta. Fazer um pedido de desculpas a todo o escritório ou departamento é desnecessário e pode parecer autoindulgente, disse Wakeman. "Fale com as pessoas individualmente, dizendo que você bebeu demais e aprendeu uma lição valiosa e que isso nunca mais vai acontecer", ela disse. "E lembre-se de que se acontecer de novo você perderá sua credibilidade."


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Clique na tela "Os Bebados" de José Malhoa para conhecer sua historia

Dúvida. É aceitável não ir trabalhar se você tiver uma ressaca forte?
Resposta. Não. Mesmo que a cultura seja de "jogar duro", também há a expectativa de que você vai trabalhar duro no dia seguinte, disse Queen-Hubert.
Se você estiver doente demais para sair da cama, terá de se encontrar com seu chefe quando voltar, disse Dallas Teague Snider, fundadora de uma empresa de consultoria no Alabama. "Ofereça-se para trabalhar um dia extra ou tire sua licença médica na forma de férias não remuneradas", disse.

EILENE ZIMMERMAN

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domingo, 20 de setembro de 2009

Marcelo Gleiser traz cultura e erudição ao blog. "A festa dos quarks" (Folha de São Paulo)

         Alguns amigos já me questionaram sobre a reprodução dos artigos do Dr. Marcelo Gleiser no blog. O argumento deles - meus amigos e leitores, claro - é que não existe relação entre a atividade do grande fisico e astrônomo brasileiro e seus escritos com o conteudo da Oficina de Gerencia. Discordo deles frontalmente. 
         Os artigos de Marcelo Gleiser são antes de tudo e já o disse antes, pinceladas de erudição, saber e principalmente de cultura inteligente. Por que não trazer estes topicos e assuntos para a leitura e o conhecimento dos meus visitantes?
         Aliás, já questionei muitas vezes sobre esse negocio de "conteudo do blog". Acho uma forma de limitação sobre algo que é minha própria criação. Meu blog é minha criação, minha fantasia, minha ficção, minha invenção... É minha forma de expressão, minha circunstância...
         Como posso simplesmente limitar-me sobre mim mesmo? O que procuro manter são compromissos. Compromissos de não escrever tolices, de não "operar" em freqüências de baixo calão, não disseminar preconceitos e principalmente o compromisso de difundir, disseminar e divulgar, assuntos edificantes e instrutivos, matérias e temas esclarecedores e tópicos positivistas.
         Os focos do blog, como sabem os que o acompanham nestes dois anos (desde agosto de 2007), estão dirigidos para o que chamo de "mundo corporativo". Contudo, não posso me furtar em colocar, para as pessoas que vêm aqui visitar a Oficina de Gerencia de certa forma confiando no que me propus a publicar para entretê-las, aqueles assuntos que eu gosto de conhecer e conviver. Acho que estou falando de compartilhamento e comunhão de ideias e conceitos. É isto!  
         Portanto, ao publicar um artigo como este abaixo, do astrônomo, fisico, professor, escritor e Marcelo Gleiser estou compartilhando o meu prazer de conhecer idéias novas de inteligentes de pessoas como ele. Espero que aqueles amigos citados possam compreender... E aceitar.
         Vamos ao artigo porque já me estendi demais. Como sempre, uma aula de ciência e historia. Ah! Os hiperlinks colocados no texto são meus.
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São Paulo, domingo, 20 de setembro de 2009





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Marcelo Gleiser


A festa dos quarks

Partículas que formam os prótons e nêutrons podem ser indivisíveis



Neste mês, o legendário físico teórico americano Murray Gell-Mann completa 80 anos. Entre seus grandes feitos, o mais importante foi ter proposto uma ideia que revolucionou a nossa compreensão da composição da matéria.

Em 1963, Gell-Mann propôs que, ao contrário do que se pensava na época, os prótons e nêutrons, as partículas que compõem o núcleo de todos os átomos, não eram indivisíveis, e sim formadas por partículas ainda menores. Mostrando a sua fenomenal cultura geral (da qual se orgulha muito), Gell-Mann usou uma palavra de um texto do escritor irlandês James Joyce para batizar as partículas: "quarks". O nome fictício é bem apropriado: nem mesmo Gell-Mann poderia ter imaginado o quão estranhos são os quarks. 

Já na Grécia Antiga, em torno de 400 a.C., os filósofos Leucipo e Demócrito haviam sugerido que tudo o que existe no Universo é composto de partículas minúsculas e indivisíveis, que chamaram de átomos (em grego "o que não pode ser cortado".) Durante 2.400 anos, filósofos e (mais recentemente) físicos vêm procurando pelos tijolos fundamentais da matéria. Essa é a missão do reducionismo: tentar dividir entidades complexas em entidades simples e irredutíveis.

É claro que a pergunta mais imediata aqui é se existe mesmo algum limite: se cortarmos a matéria em pedaços cada vez menores, será que chegaremos mesmo até as entidades mais básicas? Essa é a crença que vem inspirando físicos por todo esse tempo. Até o final do século 19, achava-se que os átomos dos elementos químicos (do hidrogênio ao urânio e além, os integrantes da Tabela Periódica) eram indivisíveis. Essa crença foi derrubada em 1897 quando o inglês J. J. Thomson mostrou que todos os átomos continham uma partícula ainda menor, o elétron. Alguns anos depois, Ernest Rutherford mostrou que a maior parte da massa de um átomo está concentrada num volume mínimo no seu centro, o núcleo atômico. 

O integrante do núcleo com carga elétrica positiva, contrabalançando a carga negativa do elétron, ficou conhecido como próton. Em 1932, James Chadwick mostrou que outra partícula integrava o núcleo, de carga elétrica nula: o nêutron. Esse era o trio de partículas que, compondo todos os átomos da Tabela Periódica, deveria bastar para explicar a estrutura da matéria, um triunfo do reducionismo. Só que a festa durou pouco. 

Durante os anos 1940 e 1950, uma multidão de partículas foi encontrada, todas aparentemente elementares, isto é, indivisíveis. Essa avalanche de partículas, centenas delas, ia contra o espírito do reducionismo, e acabou gerando uma crise na comunidade. 

Será que o atomismo está errado? 

Quando Gell-Mann, e também George Zweig, propuseram que essas partículas eram, de forma análoga aos átomos, composta de outras menores, o alívio era palpável. Só que... esses quarks eram muito diferentes: tinham carga elétrica fracionária e não igual à do elétron e, para piorar, não podiam aparecer por si sós. Viviam trancadas, ou confinadas, dentro dos prótons, nêutrons e suas centenas de primos. 

Gell-Mann, sabendo que enfrentaria resistência, sugeriu que, se seu esquema estivesse correto, novas partículas existiriam, formadas de dois tipos de quarks, o "up" e o "down". 

Quando as partículas foram encontradas, as pessoas começaram a levar os quarks a sério. Prótons e nêutrons têm três quarks cada. Desde então, foram encontrados seis tipos de quarks. 

A teoria não prevê nenhum outro.
Mas será esse o fim do reducionismo? 

Ou os quarks são feitos de partículas ainda menores? Esse é o tipo de pergunta que, especulações à parte, só os experimentos poderão responder.

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo
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sábado, 19 de setembro de 2009

Quem engana o chefe se dá mal...

Vamos dar um toque de alegria no blog.

Estas são mais duas das excelentes publicidades em vídeo da empresa FedEx ironizando, com muito humor, o mundo corporativo e colocando seu produto de forma simpatica para quem as assiste. Estão em ingles, mas são autoexplicáveis.







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Fotos que abalaram o mundo (Obvious)

         Passo no Obvious - que é um dos blogs mais sensacionais da internet - e não resisto em publicar a histórica foto que ajudou a acelerar o fim da Guerra do Vietnã. O General sul-vietnamita Nguyen Ngoc Loan mata friamente um prisioneiro vietcong. A foto e um vídeo do assassinato abalaram as estruturas conservadoras do mundo inteiro. Provocou revolta e mobilizou a opinião publica dos EUA com mais força para o encerramento da guerra.
         Neste episodio, como em outros que cercam as guerras de forma geral, há um componente de hipocrisia que nunca é trazida à baila pelos órgãos da mídia.  Refiro-me às brutalidades que ocorrem em em todos os conflitos e que não aparecem nas primeiras páginas dos grandes jornais ou nos jornais das televisões. Então, de repente surge uma foto (normalmente receberá um premio) ou vídeo exibindo uma cena chocante e brutal. Ai o mundo inteiro se mobiliza para condenar "aquela" selvageria como se fosse uma exceção e não a regra de uma guerra ou de uma tragédia.

         É uma sindrome de hipocrisia (para não dizer cinismo) de uso coletivo. Vale o mesmo o mesmo principio para todas as mazelas que sofrem os povos dos países e regiões  pobres do planeta (Brasil incluido) que são ou estão permanentemente açoitadas, atormentadas, dilaceradas, flageladas, oprimidas, supliciadas e torturadas. São multidões  mundo afora.
         E o que fazemos nós, os protegidos, os favoritos da fortuna, os "barões"? Nada, exceto nos "mobilizarmos regularmente" levados pela emoção de uma imagem como aquela ou como outra daquela criança à beira da morte com um abutre esperando pelo seu fim para devorá-la, na África (se tiver coragem veja-a aqui e prepare-se para mais algumas outras do mesmo teor...).
         É isto! Nem ousamos ferir as nossas sensibilidades exibindo estas imagens. Eu mesmo não olho. Acho mórbido, mas reconheço que se tivessemos - como sentimento coletivo - a coragem, o destemor, e a resolução para enfrentar estas realidades poderiamos, com a força das multidões e das sociedades melhorar muito este mundo de brutalidades que atrasa nosso planeta do contexto espiritual do universo.
         Olha só no que deu passar pelo Obvious e ver a foto famosa da Guerra do Vietnã! Botei pra fora um pouquinho da minha (burguesa) indignação reprimida. Ou seja, cumpri o ritual...
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 [clique no logotipo]

[texto copiado do Obvious]
"Eddie Adams, fotógrafo de guerra da Associated Press, obteve esta foto em 1 de Fevereiro de 1968 nas ruas de Saigão. Com ela ganhou um Pulitzer Prize. A imagem mostra o assassinato a sangue frio de um guerrilheiro vietcong, presumivelmente o oficial vietcong Nguyen Van Lém, pelo chefe da polícia de Saigão, o General Nguyen Ngoc Loan.
Decorria a Ofensiva do Tet e presumivelmente Lém pertencia a um comando vietcong encarregue de abater oficiais sul-vietnamitas ou seus familiares. Eddie Adams, correspondente em 13 guerras, obteve por esta fotografia o Pulitzer Prize for Spot News Photography de 1969, mas anos mais tarde viria a lamentar publicamente o facto de imagens como a que obteve em Saigão poderem só contar meia verdade e a esse propósito escreveria na Time:
  • "The general killed the Viet Cong; I killed the general with my camera. Still photographs are the most powerful weapon in the world. People believe them, but photographs do lie, even without manipulation. They are only half-truths...What the photograph didn't say was, 'What would you do if you were the general at that time and place on that hot day, and you caught the so-called bad guy after he blew away one, two or three American soldiers?"
Para a história fica o ícone em que esta imagem se transformou e o contributo que deu para incendiar a opinião pública americana e mundial e acelerar o fim da Guerra do Vietname."


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Você está despedido! (Stephen Kanitz)


Quero registrar que o professor Kanitz escreveu este artigo em 2001. Depois que o ler você vai entender porque estou começando meu texto de apresentação com esta observação.
Outro dia fiz um post falando do mesmo assunto (sem, obviamente, o brilho da escrita de um profissional como Stephen Kanitz). Clique e releia-o no link Demissão. Não é necessario ser gerente para fazer isto...
Não estou sendo repetitivo ao trazer este texto para o blog, todavia mais uma vez venho falar sobre demissão de empregados. Seja pelo lado do empregador ou pelo do empregado acho que quanto mais conversarmos a respeito mais proximo chegaremos, todos nós, no ponto de equilibro para entendermos este fenomeno  - o das demissões - que, não por coincidência, aparece sempre nas franjas das crises economicas.
Kanitz tem muita experiencia nos assuntos da administração privada. Neste artigo ele nos passa um excelente visão sobre o ato e principalmente os efeitos da demissão. Recomendo fortemente que todos os leiam e principalmente quem esteja exercendo função de comando pois a circunstância da demissão de subordinados está sempre rondando, presente como uma sombra.


[clique sobre o logotipo e visite o site de Stephen Kanitz]


Você está despedido!

"Você é diretor de uma indústria de geladeiras. O mercado vai de vento em popa e a diretoria decidiu duplicar o tamanho da fábrica. No meio da construção, os economistas americanos prevêem uma recessão, com grande alarde na imprensa. A diretoria da empresa, já com um fluxo de caixa apertado, decide, pelo sim, pelo não, economizar 20 milhões de dólares. Sua missão é determinar onde e como realizar esse corte nas despesas.
Esse é o resumo de um dos muitos estudos de caso que tive para resolver no mestrado de administração, que me marcou e merece ser relatado. O professor chamou um colega ao lado para começar a discussão. O primeiro tem sempre a obrigação de trazer à tona as questões mais relevantes, apontar as variáveis críticas, separar o joio do trigo e apresentar um início de solução.
"Antes de mais nada, eu mandaria embora 620 funcionários não essenciais, economizando 12 200 000 dólares. Postergaria, por seis meses os gastos com propaganda, porque nossa marca é muito forte. Cancelaria nossos programas de treinamento por um ano, já que estaremos em compasso de espera. Finalmente, cortaria 95% de nossos projetos sociais, afinal nossa sobrevivência vem em primeiro lugar". É exatamente isso que as empresas brasileiras estão fazendo neste momento, muitas até premiadas por sua "responsabilidade social".
Terminada a exposição, o professor se dirigiu ao meu colega e disse:
-Levante-se e saia da sala.
-Desculpe, professor, eu não entendi - disse John, meio aflito.
-Eu disse para sair desta sala e nunca mais voltar. Eu disse: PARA FORA! Nunca mais ponha os pés aqui em Harvard.
Ficamos todos boquiabertos e com os cabelos em pé.
Nem um suspiro. Meu colega começou a soluçar e, cabisbaixo, se preparou para deixar a sala. O silêncio era sepulcral.
Quando estava prestes a sair, o professor fez seu último comentário:
-Agora vocês sabem o que é ser despedido. Ser despedido sem mostrar nenhuma deficiência ou incompetência, mas simplesmente porque um bando de prima-donas em Washington meteu medo em todo mundo. Nunca mais na vida despeçam funcionários como primeira opção. Despedir gente é sempre a última alternativa.
Aquela aula foi uma lição e tanto. É fácil despedir 620 funcionários como se fossem simples linhas de uma planilha eletrônica, sem ter de olhar cara a cara para as pessoas demitidas. É fácil sair nos jornais prevendo o fim da economia ou aumentar as taxas de juros para 25% quando não é você quem tem de despedir milhares de funcionários nem pagar pelas conseqüências. Economistas, pelo jeito, nunca chegam a estudar casos como esse nos cursos de política monetária.
Se você decidiu reduzir seus gastos familiares "só para se garantir", também estará despedindo pessoas e gerando uma recessão. Se todas as empresas e famílias cortarem seus gastos a cada previsão de crise, criaremos crises de fato, com mais desemprego e mais recessão. A solução para crises é reservas e poupança, poupança previamente acumulada.
O correto é poupar e fazer reservas públicas e privadas, nos anos de vacas gordas para não ter de despedir pessoas nem reduzir gastos nos anos de vacas magras, conselho milenar. Poupar e fazer caixa no meio da crise é dar um tiro no pé. Demitir funcionários contratados a dedo, talentos do presente e do futuro, é suicídio.
Se todos constituíssem reservas, inclusive o governo, ninguém precisaria ficar apavorado, e manteríamos o padrão de vida, sem cortar despesas. Se a crise for maior que as reservas, aí não terá jeito, a não ser apertar o cinto, sem esquecer aquela memorável lição: na hora de reduzir custos, os seres humanos vêm em último lugar."

 
Stephen Kanitz
Artigo Publicado na Revista Veja, edição 1726, ano 34, nº45, 14 de Novembro de 2001. 

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